sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cristianismo 15

Livro de Êxodo 12,1-8.11-14.
O Senhor disse a Moisés e a Aarão na terra do Egipto:
«Este mês será para vós o primeiro dos meses; ele será para vós o primeiro dos meses do ano.
Falai a toda a comunidade de Israel, dizendo que, aos dez deste mês, tomará cada um deles um animal do rebanho para a família, um animal do rebanho por casa.
Se a família for pouco numerosa para um animal do rebanho, tomar-se-á com o vizinho mais próximo da casa, segundo o número das pessoas; calculareis o animal do rebanho conforme o que cada um puder comer.
O animal do rebanho para vós será sem defeito, um macho, filho de um ano, e tomá-lo-eis de entre os cordeiros ou de entre os cabritos.
Vós o tereis sob guarda até ao dia catorze deste mês e toda a assembleia da comunidade de Israel o imolará ao crepúsculo.
Tomar-se-á do sangue e colocar-se-á sobre as duas ombreiras e sobre o dintel da porta das casas em que ele se comerá.
Comer-se-á a carne naquela noite; comer-se-á assada no fogo com pães sem fermento e ervas amargas.
Comê-la-eis desta maneira: os rins cingidos, as sandálias nos pés e o cajado na mão. Comê-la-eis à pressa. É a Páscoa em honra do Senhor.
E Eu atravessarei a terra do Egipto naquela noite e ferirei todos os primogénitos na terra do Egipto, desde os homens até aos animais e contra todos os deuses do Egipto farei justiça, Eu, o Senhor.
E o sangue será para vós um sinal nas casas em que vós estais. Eu verei o sangue e passarei ao largo e não haverá contra vós nenhuma praga de extermínio quando Eu ferir a terra do Egipto.
Aquele dia será para vós um memorial e vós festejá-lo-eis como uma festa em honra do Senhor. Ao longo das vossas gerações, a deveis festejar como uma lei perpétua.
Livro de Salmos 116(115),12-13.15-16bc.17-18.
Como retribuirei ao SENHOR todos os Seus benefícios para comigo?
Elevarei o cálice da salvação, invocando o nome do SENHOR.
preciosa aos olhos do SENHOR a morte dos Seus fiéis.
SENHOR, sou Teu servo, filho da Tua serva; quebraste as minhas cadeias.

Hei-de oferecer-te sacrifícios de louvor, invocando, SENHOR, o Teu nome.
Cumprirei as minhas promessas feitas ao SENHOR na presença de todo o Seu povo.
1ª Carta aos Coríntios 11,23-26.
Com efeito, eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus Cristo na noite em que era entregue, tomou pão
e, tendo dado graças, partiu-o e disse: «
Isto é o meu corpo que é para vós; fazei isto em memória de mim».
Do mesmo modo, depois da ceia, tomou o cálice e disse: «
Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; fazei isto sempre que o beberdes, em memória de mim.»
Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha.
Evangelho segundo S. João 13,1-15.
Antes da festa da Páscoa, Jesus Cristo, sabendo bem que tinha chegado a sua hora da passagem deste mundo para o Pai; Ele, que amara os seus que estavam no mundo, levou o seu amor por eles até ao extremo.
O diabo já tinha metido no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, a decisão de O entregar.
Enquanto celebravam a ceia, Jesus Cristo, sabendo perfeitamente que o Pai tudo lhe pusera nas mãos e que saíra de Deus e para Deus voltava,
levantou-se da mesa, tirou o manto, tomou uma toalha e atou-a à cintura.
Depois deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que atara à cintura.
Chegou, pois a Simão Pedro. Este disse-lhe: «Senhor, Tu é que me lavas os pés?»
Jesus Cristo respondeu-lhe: «
O que Eu estou a fazer tu não o entendes por agora, mas hás-de compreendê-lo depois
Disse-lhe Pedro: «Não! Tu nunca me hás-de lavar os pés!» Replicou-lhe Jesus Cristo: «
Se Eu não te lavar, nada terás a haver comigo
Disse-lhe então Simão Pedro: «Ó Senhor! Não só os pés, mas também as mãos e a cabeça!»
Respondeu-lhe Jesus Cristo: «
Quem tomou banho não precisa de lavar senão os pés, pois está todo limpo e vós estais limpos, mas não todos
Ele bem sabia quem o ia entregar; por isso é que lhe disse: 'Nem todos estais limpos'.
Depois de lhes ter lavado os pés e de ter posto o manto, voltou a sentar-se à mesa e disse-lhes:
«
Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-me 'Mestre' e 'Senhor' e dizeis bem porque o sou.
Ora, se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros
(isto é, praticar o serviço e não o poder na relação de uns com os outros).
Na verdade, dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também
. João Paulo II, Papa entre 1978 e 2005 Homilia (a partir da trad. L'Osservatore romano)

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«Sempre que comerdes este pão e beberdes este vinho proclamareis a morte do Senhor, até que Ele venha»
«Jesus Cristo, sabendo bem que tinha chegado a Sua hora da passagem deste mundo para o Pai; Ele que amara os Seus que estavam no mundo, levou o Seu amor por eles até ao extremo». E eis que, durante a refeição pascal, a última antes da Sua partida para o Pai, se revela um sinal novo: o sinal da Nova Aliança. «Até ao extremo» quer dizer: até Se dar a Si próprio por eles. Por nós. Por todos. «Até ao extremo» significa: até ao fim dos tempos. Até que Ele venha pela segunda vez.
Desde esta noite da Última Ceia, todos nós, filhos e filhas da Nova Aliança no sangue de Jesus Cristo, recordamos a Sua Páscoa, a Sua partida, graças à morte na cruz. Mas não se trata apenas de uma lembrança. O sacramento do Corpo e do Sangue tornam o Seu sacrifício presente, fazendo com que nele participemos sempre de novo. Neste sacramento, Jesus Cristo crucificado e ressuscitado está constantemente connosco, Ele vem constantemente até nós sob a forma do pão e do vinho até vir de novo a fim de que o sinal dê lugar à realidade última e definitiva. Que darei eu em troca deste amor «até ao extremo»?
Livro de Isaías 52,13-15.53,1-12.
Olhai, o meu servo terá êxito, será muito engrandecido e exaltado.
Assim como muitos ficaram espantados diante dele ao verem o seu rosto desfigurado e o seu aspecto disforme,
agora fará com que muitos povos fiquem bem impressionados. Os reis ficarão boqueabertos, ao verem coisas inenarráveis e ao contemplarem coisas inauditas.
Quem acreditou no nosso anúncio? A quem foi revelado o braço do SENHOR?
O servo cresceu diante do SENHOR como um rebento, como raiz em terra árida, sem figura nem beleza. Vimo-lo sem aspecto atraente,
desprezado e abandonado pelos homens como alguém cheio de dores, habituado ao sofrimento, diante do qual se tapa o rosto, menosprezado e desconsiderado.
Na verdade, ele tomou sobre si as nossas doenças, carregou as nossas dores. Nós o reputávamos como um leproso, ferido por Deus e humilhado.
Mas foi ferido por causa dos nossos crimes, esmagado por causa das nossas iniquidades. O castigo que nos salva caiu sobre ele, fomos curados pelas suas chagas.
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas perdidas, cada um seguindo o seu caminho. Mas o SENHOR carregou sobre ele todos os nossos crimes.
Foi maltratado, mas humilhou-se e não abriu a boca como um cordeiro que é levado ao matadouro ou como uma ovelha emudecida nas mãos do tosquiador.
Sem defesa, nem justiça, levaram-no à força. Quem é que se preocupou com o seu destino? Foi suprimido da terra dos vivos, mas por causa dos pecados do meu povo é que foi ferido.
Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios e uma tumba entre os malfeitores, embora não tenha cometido crime algum nem praticado qualquer fraude.
Mas aprouve ao SENHOR esmagá-lo com sofrimento para que a sua vida fosse um sacrifício de reparação. Terá uma posteridade duradoura e viverá longos dias e o desígnio do SENHOR realizar-se-á por meio dele.
Por causa dos trabalhos da sua vida verá a luz. O meu servo ficará satisfeito com a experiência que teve. Ele, o justo, justificará a muitos
porque carregou com o crime deles.
Por isso, ser-lhe-á dada uma multidão como herança, há-de receber muita gente como despojos porque ele próprio entregou a sua vida à morte e foi contado entre os pecadores, tomando sobre si os pecados de muitos e sofreu pelos culpados.
Livro de Salmos 31(30),2.6.12-13.15-16.17.25.
Em Ti, SENHOR, me refugio; que eu nunca seja confundido. Salva-me pela Tua justiça.
Nas Tuas mãos entrego o meu espírito; SENHOR, Deus fiel, salva-me.
Tornei-me objecto de escárnio para os meus inimigos, de desprezo para os meus vizinhos e de terror para os meus conhecidos. Os que me vêem na rua fogem de mim.
Votaram-me ao esquecimento como se tivesse morrido; sou como um vaso desfeito.

Mas eu confio em ti, SENHOR; e digo: "Tu és o meu Deus.
O meu destino está nas Tuas mãos; livra-me dos meus inimigos e perseguidores.
Brilhe sobre o Teu servo a Tua luz; salva-me pela Tua misericórdia."
Tende coragem e fortalecei o vosso coração, todos vós que esperais no SENHOR!
Carta aos Hebreus 4,14-16.5,7-9.
Uma vez que temos um grande Sumo Sacerdote que atravessou os céus, Jesus Cristo, o Filho de Deus, conservemos firme a fé que professamos.
De facto, não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, pois Ele foi provado em tudo como nós, excepto no pecado.
Aproximemo-nos então com grande confiança do trono da Graça a fim de alcançar misericórdia e encontrar Graça para uma ajuda oportuna.
Nos dias da sua vida terrena, apresentou orações e súplicas àquele que o podia salvar da morte com grande clamor e lágrimas e foi atendido por causa da sua piedade.
Apesar de ser Filho de Deus, aprendeu a obediência por aquilo que sofreu
e, tornado perfeito, tornou-se para todos os que lhe obedecem fonte de salvação eterna.
Evangelho segundo S. João 18,1-40.19,1-42.
Tendo dito estas coisas, Jesus Cristo saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cédron onde havia um horto e ali entrou com os seus discípulos.
Judas, aquele que o ia entregar, conhecia bem o sítio porque Jesus Cristo se reunia ali frequentemente com os discípulos.
Judas então, guiando o destacamento romano e os guardas ao serviço dos sumos sacerdotes e dos fariseus, munidos de lanternas, archotes e armas, entrou lá.
Jesus Cristo, sabendo tudo o que lhe ia acontecer, adiantou-se e disse-lhes: «
Quem buscais?»
Responderam-lhe: «Jesus, o Nazareno.» Disse-lhes Ele: «
Sou Eu!» E Judas, aquele que o ia entregar, também estava junto deles.
Logo que Jesus Cristo lhes disse: 'Sou Eu!', recuaram e caíram por terra.
E perguntou-lhes segunda vez: «
Quem buscais?» Repetiram-lhe: «Jesus, o Nazareno!»
Jesus Cristo replicou-lhes: «
Já vos disse que sou Eu. Se é a mim que buscais, então deixai estes ir embora
Assim se cumpria o que dissera antes: 'Dos que me deste, não perdi nenhum.'
Nessa altura, Simão Pedro, que trazia uma espada, desembainhou-a e arremeteu contra um servo do Sumo Sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O servo chamava-se Malco.
Mas Jesus Cristo disse a Pedro: «
Mete a espada na bainha. Não hei-de beber o cálice de amargura que o Pai me ofereceu?»
Então o destacamento, o comandante e os guardas das autoridades judaicas prenderam Jesus Cristo e manietaram-no.
E levaram-no primeiro a Anás porque era sogro de Caifás, o Sumo Sacerdote naquele ano.
Caifás era quem tinha dado aos judeus este conselho: 'Convém que morra um só homem pelo povo'.
Entretanto, Simão Pedro e outro discípulo (João Evangelista) foram seguindo Jesus Cristo. Esse outro discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote e pôde entrar no seu palácio ao mesmo tempo que Jesus Cristo.
Mas Pedro ficou à porta, de fora. Saiu, então, o outro discípulo que era conhecido do Sumo Sacerdote, falou com a porteira e levou Pedro para dentro.
Disse-lhe a porteira: «Tu não és um dos discípulos desse homem?» Ele respondeu: «Não sou.»
Lá dentro estavam os servos e os guardas, de pé, aquecendo-se à volta de um braseiro que tinham acendido porque fazia frio. Pedro ficou no meio deles, aquecendo-se também.
Então o Sumo Sacerdote interrogou Jesus Cristo acerca dos Seus discípulos e da Sua doutrina.
Jesus Cristo respondeu-lhe: «
Eu tenho falado abertamente ao mundo; sempre ensinei na sinagoga e no templo onde todos os judeus se reúnem e não disse nada em segredo.
Porque me interrogas? Interroga os que ouviram o que Eu lhes disse. Eles bem sabem do que Eu lhes falei.
»
Quando Jesus Cristo disse isto, um dos guardas ali presente deu-lhe uma bofetada, dizendo: «É assim que respondes ao Sumo Sacerdote?»
Jesus Cristo replicou: «
Se falei mal, mostra onde está o mal; mas, se falei bem porque me bates?»
Então, Anás mandou-o manietado ao Sumo Sacerdote Caifás.
Entretanto, Simão Pedro estava de pé a aquecer-se. Disseram-lhe, então: «Não és tu também um dos seus discípulos?» Ele negou, dizendo: «Não sou.»
Mas um dos servos do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse-lhe: «Não te vi eu no horto com Ele?»
Pedro negou Jesus Cristo de novo e nesse instante cantou um galo.
De Caifás, levaram Jesus Cristo à sede do governador romano. Era de manhã cedo e eles não entraram no edifício para não se contaminarem e poderem celebrar a Páscoa.
Pilatos veio ter com eles cá fora e perguntou-lhes: «Que acusações apresentais contra este homem?»
Responderam-lhe: «Se Ele não fosse um malfeitor, não to entregaríamos.»
Retorquiu-lhes Pilatos: «Tomai-o vós e julgai-o segundo a vossa Lei.» «Não nos é permitido dar a morte a ninguém», disseram-lhe os judeus
em cumprimento do que Jesus Cristo tinha dito quando explicou de que espécie de morte havia de morrer.
Pilatos entrou de novo no edifício da sede, chamou Jesus Cristo e perguntou-lhe: «Tu és rei dos judeus?»
Respondeu-lhe Jesus Cristo: «
Tu perguntas isso por ti mesmo ou porque outros to disseram de mim?»
Pilatos replicou: «Serei eu, porventura, judeu? A tua gente e os sumos sacerdotes é que te entregaram a mim! Que fizeste?»
Jesus Cristo respondeu: «
A minha realeza não é deste mundo; se a minha realeza fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que Eu não fosse entregue às autoridades judaicas; portanto, o meu reino não é de cá.»
Disse-lhe Pilatos: «Logo, Tu és rei!» Respondeu-lhe Jesus Cristo: «
É como dizes: Eu sou rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que vive da Verdade, escuta a minha voz.»
Pilatos replicou-lhe: «Que é a verdade?» Dito isto, foi ter de novo com os judeus e disse-lhes: «Não vejo nele nenhum crime.
Mas é costume eu libertar-vos um preso na Páscoa. Quereis que vos solte o rei dos judeus?»
Eles puseram-se de novo a gritar, dizendo: «Esse não, mas sim Barrabás!» Ora Barrabás era um salteador (e assassino).
Então, Pilatos mandou levar Jesus Cristo e flagelá-lo.
Depois os soldados entrelaçaram uma coroa de espinhos, cravaram-lha na cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura;
e, aproximando-se dele, diziam-lhe: «Salve! Ó Rei dos judeus!» E davam-lhe bofetadas.
Pilatos saiu de novo e disse-lhes: «Vou trazê-lo cá fora para saberdes que eu não vejo nele nenhuma causa de condenação.»
Então saiu Jesus Cristo com a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: «Eis o Homem!»
Assim que viram Jesus Cristo, os sumos sacerdotes e os seus servidores gritaram: «Crucifica-o! Crucifica-o!» Disse-lhes Pilatos: «Levai-o vós e crucificai-o. Eu não descubro nele nenhum crime.»
Os judeus replicaram-lhe: «Nós temos uma Lei e, segundo essa Lei, deve morrer porque disse ser Filho de Deus.»
Quando Pilatos ouviu estas palavras, mais assustado ficou.
Voltou a entrar no edifício da sede e perguntou a Jesus Cristo: «Donde és Tu?» Mas Jesus Cristo não lhe deu resposta.
Pilatos disse-lhe então: «Não me dizes nada? Não sabes que tenho o poder de te libertar e o poder de te crucificar?»
Respondeu-lhe Jesus Cristo: «Não terias nenhum poder sobre mim, se não te fosse dado do Alto. Por isso, quem me entregou a ti tem maior pecado.»
A partir daí, Pilatos procurava libertá-lo, mas os judeus clamavam: «Se libertas este homem, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César.»
Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus Cristo para fora e fê-lo sentar numa tribuna, no lugar chamado Lajedo, ou Gabatá em hebraico.
Era o dia da Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Disse então aos judeus: «Aqui está o vosso Rei!»
E eles bradaram: «Fora! Fora! Crucifica-o!» Disse-lhes Pilatos: «Então, hei-de crucificar o vosso Rei?» Replicaram os sumos sacerdotes: «Não temos outro rei senão César.»
Então entregou-o para ser crucificado e eles tomaram conta de Jesus Cristo.
Jesus Cristo, levando a cruz às costas, saiu para o chamado Lugar da Caveira, que em hebraico se diz Gólgota,
onde o crucificaram e com Ele outros dois, um de cada lado, ficando Jesus Cristo no meio.
Pilatos redigiu um letreiro e mandou pô-lo sobre a cruz. Dizia: «Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.»
Este letreiro foi lido por muitos judeus porque o lugar onde Jesus Cristo tinha sido crucificado era perto da cidade e o letreiro estava escrito em hebraico, em latim e em grego.
Então, os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: «Não escrevas 'Rei dos Judeus', mas sim: 'Este homem afirmou: Eu sou Rei dos Judeus.'»
Pilatos respondeu: «O que escrevi, escrevi.»
Os soldados, depois de terem crucificado Jesus Cristo, pegaram na roupa dele e fizeram quatro partes, uma para cada soldado, excepto a túnica. A túnica, toda tecida de uma só peça de alto a baixo, não tinha costuras.
Então os soldados disseram uns aos outros: «Não a rasguemos; tiremo-la à sorte para ver a quem tocará.» Assim se cumpriu a Escritura que diz: Repartiram entre eles as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes. E foi isto o que fizeram os soldados.
Junto à cruz de Jesus Cristo estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena.
Então Jesus Cristo, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava (João Evangelista), disse à mãe: «
Mulher, eis o teu filho!»
Depois disse ao discípulo: «
Eis a tua mãe!» E desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua (mãe).
Depois disso, Jesus Cristo, sabendo que tudo se consumara, para se cumprir totalmente a Escritura, disse: «
Tenho sede!»
Havia ali uma vasilha cheia de vinagre. Então ensopando no vinagre uma esponja fixada num ramo de hissopo, chegaram-lha à boca.
Quando tomou o vinagre, Jesus Cristo disse: «
Tudo está consumado.» E inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Como era o dia da Preparação da Páscoa, para evitar que no sábado ficassem os corpos na cruz porque aquele sábado era um dia muito solene, os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.
Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e também ao outro que tinha sido crucificado juntamente.
Mas ao chegarem a Jesus Cristo, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas.
Porém, um dos soldados
trespassou-lhe o peito com uma lança e logo brotou sangue e água. Aquele que viu estas coisas é que dá testemunho delas e o seu testemunho é verdadeiro. E ele bem sabe que diz a verdade para vós crerdes também.
É que
isto aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: Não se lhe quebrará nenhum osso.
E também outro passo da Escritura diz: Hão-de olhar para aquele que trespassaram.
Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus Cristo, mas secretamente por medo das autoridades judaicas, pediu a Pilatos que lhe deixasse levar o corpo de Jesus Cristo. E Pilatos permitiu-lho. Veio, pois, e retirou o corpo.
Nicodemos, aquele que antes tinha ido ter com Jesus Cristo de noite, apareceu também trazendo uma mistura de perto de cem libras de mirra e aloés.
Tomaram então o corpo de Jesus Cristo e envolveram-no em panos de linho com os perfumes, segundo o costume dos judeus.
No sítio em que Ele tinha sido crucificado havia um horto e, no horto, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado.
Como para os judeus era o dia da Preparação da Páscoa e o túmulo estava perto, foi ali que puseram Jesus Cristo.
Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301), religiosa beneditina Exercícios, VII nono (a partir da trad. SC 127, pp. 281ss., rev.)

«Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos Seus amigos» (Jo 15, 13)
Amor, tu que reténs o meu Jesus, o meu doce Salvador, tão preso e pregado à cruz que, ao expirar por tua mão, Ele morre cheio de ti, Amor, que fazes? Não te poupas nem descansas para vir em auxílio dos infelizes, Amor, nem te impões a ti próprio limites. A tua perícia tocou com tanta força o coração do meu Jesus que, despedaçado por amor, o Seu coração foi chamuscado. E eis-te contente e doravante satisfeito, agora que o meu Jesus foi suspenso e morto diante dos teus olhos — morto, morto de verdade, para que eu tenha vida em abundância; morto para que eu seja uma criança adoptada pelo Pai com ainda mais ternura; morto para que eu viva mais feliz. [...]
Ó Morte que nos trouxeste tantos frutos por graça, que a minha morte seja tranquila e sem medo debaixo da tua protecção. Morte de Jesus Cristo que trazes a vida por pura graça, deixa-me desaparecer debaixo das tuas asas (Sl 36 (35), 8). Morte donde sai a vida, faz arder em mim para sempre uma só centelha da tua acção vivificante. Morte gloriosa, morte frutuosa, súmula de toda a salvação, amoroso contrato do meu resgate, pacto inviolável da minha reconciliação, morte triunfal, doce e cheia de vida, em ti brilha para mim tão grande caridade que nada há de comparável no céu e na Terra.
Morte de Jesus Cristo que amo com todo o coração, és a confiança espiritual da minha alma. Morte amantíssima, em ti estão contidos para mim todos os bens. Só te peço que me guardes sob a tua benevolente protecção para que na minha morte eu repouse com suavidade à tua sombra (Ct 2, 3). Morte cheia de misericórdia, és a minha vida felicíssima, a melhor porção da minha herança (Sl 16 (15), 5), abundante redenção, preciosíssimo legado.
Livro de Êxodo 14,15-31.15,1.
O Senhor disse a Moisés: «Porque clamas por mim? Fala aos filhos de Israel e manda-os partir.
E tu, levanta a tua vara e estende a mão sobre o mar e divide-o e que os filhos de Israel entrem pelo meio do mar, por terra seca.
E eis que Eu vou endurecer o coração dos egípcios para que venham atrás deles e serei glorificado por meio do faraó e de todo o seu exército, dos seus carros de guerra e dos seus cavaleiros
e os egípcios saberão que Eu sou o Senhor, quando for glorificado por meio do faraó, dos seus carros de guerra e dos seus cavaleiros.»
O anjo de Deus, que caminhava à frente do acampamento de Israel, levantou-se, partiu e passou a caminhar atrás deles. E
a coluna de nuvem levantou-se de diante deles e colocou-se atrás deles.
Veio colocar-se entre o acampamento do Egipto e o acampamento de Israel. E houve nuvens e trevas e iluminou-se a noite e não se aproximaram um do outro toda a noite.
Moisés estendeu a sua mão sobre o mar e o Senhor fez recuar o mar com um vento forte de oriente toda a noite e pôs o mar a seco. As águas dividiram-se
e os filhos de Israel entraram pelo meio do mar, por terra seca e as águas eram para eles um muro à sua direita e à sua esquerda.
Os egípcios perseguiram-nos e todos os cavalos do faraó, os seus carros de guerra e os seus cavaleiros, entraram atrás deles para o meio do mar.
E aconteceu que, na vigília da manhã, o Senhor olhou da coluna de
fogo e de nuvem, para o acampamento dos egípcios e lançou a confusão no acampamento dos egípcios.
Ele desviou as rodas dos seus carros de guerra e eles conduziam com dificuldade. Os egípcios disseram: «Fujamos diante de Israel porque o Senhor combate por eles contra o Egipto.»
O Senhor disse a Moisés: «Estende a tua mão sobre o mar e que as águas voltem sobre os egípcios, sobre os seus carros de guerra e sobre os seus cavaleiros.»
Moisés estendeu a sua mão sobre o mar e o mar voltou ao seu leito normal, ao raiar da manhã e os egípcios a fugir foram ao seu encontro. E o Senhor desfez-se dos egípcios no meio do mar.
As águas voltaram e cobriram os carros de guerra e os cavaleiros; de todo o exército do faraó que entrou atrás deles no mar, não ficou nenhum.
Os filhos de Israel caminharam em terra seca, pelo meio do mar e as águas eram para eles um muro à sua direita e à sua esquerda.
O Senhor salvou, naquele dia, Israel da mão do Egipto e Israel viu os egípcios mortos à beira do mar.
Israel viu a mão poderosa com que o Senhor actuou contra o Egipto, o povo temeu o Senhor e acreditou nele e em Moisés, Seu servo.
Então Moisés cantou e os filhos de Israel também, este cântico ao Senhor. Eles disseram: «Cantarei ao Senhor que é verdadeiramente grande: cavalo e cavaleiro lançou no mar.
Livro de Êxodo 15,1b-2.3-4.5-6.17-18.
Então Moisés cantou e os filhos de Israel também, este cântico ao Senhor. Eles disseram: «Cantarei ao Senhor que é verdadeiramente grande: cavalo e cavaleiro lançou no mar.
Minha força e meu canto é o Senhor: Ele foi para mim a salvação. É este o meu Deus: glorificá-lo-ei; o Deus de meu pai: exaltá-lo-ei.
O Senhor é um guerreiro: Senhor é o Seu nome.
Os carros de guerra do faraó e o seu exército Ele atirou ao mar e os seus combatentes escolhidos foram afundados no Mar dos Juncos.
Cobrem-nos os abismos: desceram às profundezas como uma pedra.
A tua direita, Senhor, resplandeceu de força; a tua direita, Senhor, apanhou o inimigo.
Fá-lo-ás entrar e plantá-lo-ás na montanha que é a tua herança, lugar que fizeste para Tu habitares, Senhor, santuário que as Tuas mãos, Senhor, estabeleceram.
O Senhor reinará eternamente e para sempre.»
Carta aos Romanos 6,3-11.
Ou ignorais que todos nós, que fomos baptizados em Cristo Jesus, fomos baptizados na Sua morte?
Pelo Baptismo fomos, pois, sepultados com Ele na morte para que, tal como Jesus Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova.
De facto, se estamos integrados nele por uma morte idêntica à sua, também o estaremos pela Sua ressurreição.
É isto o que devemos saber:
o homem velho que havia em nós foi crucificado com Ele, para que fosse destruído o corpo pertencente ao pecado e assim não somos mais escravos do pecado.
É que quem está morto está justificado do pecado.
Mas, se morremos com Jesus Cristo, acreditamos que também com Ele viveremos.
Sabemos que Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos, já não morrerá; a morte não tem mais domínio sobre Ele.
Pois, na morte que teve, morreu para o pecado de uma vez para sempre e, na vida que tem, vive para Deus.
Assim vós também: considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.
Evangelho segundo S. Mateus 28,1-10.
Terminado o sábado, ao romper do primeiro dia da semana, Maria de Magdala e a outra Maria foram visitar o sepulcro.
Nisto,
houve um grande terramoto: o anjo do Senhor, descendo do Céu, aproximou-se e removeu a pedra, sentando-se sobre ela.
O seu aspecto era como o de um relâmpago e a sua túnica, branca como a neve.
Os guardas, com medo dele, puseram-se a tremer e ficaram como mortos.
Mas o anjo tomou a palavra e disse às mulheres: «Não tenhais medo. Sei que buscais Jesus, o crucificado;
não está aqui, pois ressuscitou como tinha dito. Vinde, vede o lugar onde jazia
e ide depressa dizer aos seus discípulos: 'Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis.’ Eis o que tinha para vos dizer.»
Afastando-se rapidamente do sepulcro, cheias de temor e de grande alegria, as mulheres correram a dar a notícia aos discípulos.
Jesus Cristo saiu ao seu encontro e disse-lhes: «
Salve!» Elas aproximaram-se, estreitaram-lhe os pés e prostraram-se diante d'Ele.
Jesus Cristo disse-lhes: «
Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verãoSão Cromácio de Aquileia (?-407), bispo 1º Sermão para a Grande Noite Pascal (a partir da trad. SC 154, pp. 260ss. rev.)

Aquela foi uma noite de vigília para o Senhor quando Ele os fez sair da terra do Egipto (Ex 12, 42)
Todas as vigílias que celebramos em honra do Senhor são agradáveis a Deus e aprovadas por Ele, mas esta vigília está acima de todas as outras. É por isso que esta noite tem, muito especialmente, o título de «Vigília do Senhor». Lemos com efeito: «Esta noite do Senhor será de vigília para todos os filhos de Israel» (Ex 12, 42). Esta noite merece bem o seu nome porque o Senhor acordou vivo para que nós não ficássemos adormecidos na morte. Com efeito, Ele sofreu por nós o sono da morte, pelo mistério da Sua Paixão; mas esse sono do Senhor tornou-se a vigília do mundo inteiro porque a morte de Jesus Cristo afastou para longe de nós o sono da morte eterna. Ele próprio o declara pelo profeta: «Então despertei e reparei quão doce tinha sido o meu sono!» (Sl 3, 6; Jr 31, 26). Esse sono de Jesus Cristo que nos chamou da amargura da morte para nos levar à doçura da vida, não pode ser senão doce.


Salomão escreveu: «Eu dormia, mas de coração desperto» (Ct 5, 2). Estas palavras manifestam com toda a evidência o mistério da divindade e da carne do Senhor. Ele dormiu segundo a carne mas a Sua divindade estava desperta, pois a divindade não podia dormir [...]: «Pois não há-de dormir nem dormitar Aquele que guarda Israel» (Sl 120, 4) [...] Dormia, segundo a carne, mas a Sua divindade visitava os infernos para tirar de lá o homem que ali se encontrava cativo; o nosso Senhor e Salvador quis visitar todos os lugares para ter misericórdia para com todos. Desceu do céu à Terra para visitar o mundo; desceu ainda da Terra aos infernos para levar a luz àqueles que lá estavam cativos, segundo a palavra do profeta: «habitavam numa terra de sombras,  mas uma luz brilhou sobre eles» (Is 9, 1).
É por isso que os anjos do céu, os homens na Terra e as almas dos fiéis, na morada dos mortos, celebram essa vigília do Senhor. [...] Se o arrependimento de um só pecador, como lemos no Evangelho, é causa de alegria para os anjos do céu (Lc 15, 7.10), quanto mais a redenção do mundo inteiro? [...] Esta vigília não é, portanto uma festa apenas para os homens e para os anjos, mas também para o Pai, o Filho e o Espírito Santo porque a salvação do mundo é a alegria da Trindade.
Livro dos Actos dos Apóstolos 10,34.37-43.
Então Pedro tomou a palavra e disse: «Reconheço, na verdade, que Deus não faz acepção de pessoas,
Sabeis o que ocorreu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou:
como Deus ungiu com o Espírito Santo e com o poder a Jesus de Nazaré, o qual andou de lugar em lugar,
fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo diabo porque Deus estava com Ele.
E nós somos testemunhas do que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém. A Ele, que mataram, suspendendo-o de um madeiro,
Deus ressuscitou-o ao terceiro dia e permitiu-lhe manifestar-se,
não a todo o povo, mas às testemunhas anteriormente designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois da sua ressurreição dos mortos.
E mandou-nos pregar ao povo e confirmar que
Ele é que foi constituído, por Deus, juiz dos vivos e dos mortos.
É dele que todos os profetas dão testemunho:
quem acredita nele recebe, pelo seu nome, a remissão dos pecadosLivro de Salmos 118(117),1-2.16ab-17.22-23.
Louvai o SENHOR porque Ele é bom, porque o seu amor é eterno.
Diga a casa de Israel: «O seu amor é eterno.»
A mão do SENHOR foi magnífica; a mão do SENHOR fez maravilhas.»
Não morrerei, antes viverei, para narrar as obras do SENHOR.

A pedra que os construtores rejeitaram veio a tornar-se pedra angular.
Isto foi obra do SENHOR e é um prodígio aos nossos olhos.
Carta aos Colossenses 3,1-4.
Portanto, já que fostes ressuscitados com Jesus Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Jesus Cristo, sentado à direita de Deus.
Aspirai às coisas do alto e não às coisas da terra.
Vós morrestes e a vossa vida está escondida com Jesus Cristo em Deus.
Quando Jesus Cristo, a vossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória.
Evangelho segundo S. João 20,1-9.
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu retirada a pedra que o tapava.
Correndo, foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo (João Evangelista), o que Jesus amava, e disse-lhes: «O Senhor foi levado do túmulo e não sabemos onde o puseram.»
Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao túmulo.
Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo.
Inclinou-se para observar e reparou que os panos de linho estavam espalmados no chão, mas não entrou.
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no túmulo e ficou admirado ao ver os panos de linho espalmados no chão
ao passo que o lenço que tivera em volta da cabeça não estava espalmado no chão juntamente com os panos de linho, mas de outro modo, enrolado noutra posição.
Então entrou também o outro discípulo, o que tinha chegado primeiro ao túmulo. Viu e começou a crer,
pois ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus Cristo devia ressuscitar dos mortos.
São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo Sermão 36; PL 57, 605 (a partir da trad. coll. Icthus t. 10, p. 262)

«Eis o dia que o Senhor fez» (Sl 117, 24)
Deixemos irromper a nossa alegria, meus irmãos, hoje como ontem. Apesar de as sombras da noite terem interrompido o nosso regozijo, o dia santo não terminou [...]: a claridade que a alegria do Senhor espalha é eterna. Jesus Cristo iluminou-nos ontem; ainda hoje a Sua luz resplandece. «Jesus Cristo é o mesmo ontem e hoje» diz o bem-aventurado apóstolo Paulo (Heb 13, 8). Sim, para nós Jesus Cristo fez-Se dia. Para nós, Ele nasceu hoje, como o anuncia Deus Seu Pai pela voz de David: «Tu és Meu filho; Eu hoje Te gerei» (Sl 2, 7). Que significa isto? Que Ele não engendrou o Seu filho um dia, mas que Ele próprio O engendra dia e noite. [...]
Sim, Jesus Cristo é nosso hoje: esplendor vivo e sem declínio, Ele não cessa de inflamar o mundo que sustém (Heb 1, 3) e este clarão eterno parece ser apenas um dia. «A Teus olhos, mil anos são como um só dia», exclama o profeta (Sl 89, 4). Sim, Jesus Cristo é este dia único porque única é a eternidade de Deus. Ele é o nosso hoje: o passado, desaparecido, não Lhe escapa; o futuro, desconhecido, não tem segredos para Ele. Luz soberana, Ele tudo abraça, tudo conhece, está presente em todos os tempos e possui-os todos. Perante Ele, o passado não pode ruir nem o futuro esquivar-se. [...] Este hoje não é o tempo em que, segundo a carne, Ele nasceu da Virgem Maria, nem aquele em que, segundo a divindade, Ele sai da boca de Deus Seu Pai, mas sim o tempo em que ressuscitou dos mortos: «Ele ressuscitou Jesus Cristo, diz o apóstolo Paulo; conforme está escrito no salmo II: «Tu és Meu filho; Eu hoje Te gerei»» (Act 13, 33).
Na verdade, Ele é o nosso hoje quando, saído da noite densa dos infernos, incendeia os homens. Na verdade, Ele é o nosso dia, aquele que as negras conspirações dos Seus inimigos não puderam obscurecer. Nenhum dia soube melhor do que este acolher a Sua luz: a todos os mortos, Ele deu o dia e a vida. A velhice tinha atirado os homens para a morte; Ele ergueu-os no vigor do Seu hoje.
Livro dos Actos dos Apóstolos 2,14.22-33.
De pé, com os Onze, Pedro ergueu a voz e dirigiu-lhes então estas palavras: «Homens da Judeia e todos vós que residis em Jerusalém, ficai sabendo isto e prestai atenção às minhas palavras.
Homens de Israel, escutai estas palavras: Jesus de Nazaré, Homem acreditado por Deus junto de vós, com milagres, prodígios e sinais que Deus realizou no meio de vós por Seu intermédio, como vós próprios sabeis,
este, depois de entregue, conforme o desígnio imutável e a previsão de Deus, vós o matastes, cravando-o na cruz pela mão de gente perversa.
Mas Deus ressuscitou-o, libertando-o dos grilhões da morte, pois não era possível que ficasse sob o domínio da morte.
David diz a seu respeito: ‘Eu via constantemente o Senhor diante de mim porque Ele está à minha direita a fim de eu não vacilar.
Por isso o meu coração se alegrou e a minha língua exultou e até a minha carne repousará na esperança
porque Tu não abandonarás a minha vida na habitação dos mortos, nem permitirás que o teu Santo conheça a decomposição.
Deste-me a conhecer os caminhos da Vida, hás-de encher-me de alegria com a tua presença.’
Irmãos, seja-me permitido falar-vos sem rodeios: o patriarca David morreu e foi sepultado e o seu túmulo encontra-se, ainda hoje, entre nós.
Mas como era profeta e sabia que Deus lhe prometera, sob juramento, que um dos descendentes do seu sangue havia de sentar-se no seu trono,
viu e proclamou antecipadamente a ressurreição de Jesus Cristo por estas palavras: ‘Não foi abandonado na habitação dos mortos e a sua carne não conheceu a decomposição.’
Foi este Jesus que Deus ressuscitou e disto nós somos testemunhas.
Tendo sido elevado pelo poder de Deus, recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e derramou-o como vedes e ouvis.
Livro de Salmos 16(15),1-2a.5.7-8.9-10.11.
Defende-me, ó Deus, porque em ti me refugio.
Digo ao SENHOR: "Tu és o meu Deus, és o meu bem e nada existe acima de Ti."
SENHOR, minha herança e meu cálice, a minha sorte está nas Tuas mãos.
Bendirei o SENHOR porque Ele me aconselha; até durante a noite a minha consciência me adverte.

Tenho sempre o SENHOR diante dos meus olhos; com Ele a meu lado, jamais vacilarei.
Por isso, o meu coração se alegra e a minha alma exulta e o meu corpo repousará em segurança.
Pois Tu não me entregarás à morada dos mortos, nem deixarás o teu fiel conhecer a sepultura.
Hás-de ensinar-me o caminho da vida, saciar-me de alegria na Tua presença e de delícias eternas, à Tua direita.
Evangelho segundo S. Mateus 28,8-15.
Enquanto elas iam a caminho, alguns dos guardas foram à cidade participar aos sumos sacerdotes tudo o que tinha acontecido!
Eles reuniram-se com os anciãos e, depois de terem deliberado,
deram muito dinheiro aos soldados,
recomendando-lhes: «Dizei isto: 'De noite, enquanto dormíamos, os seus discípulos vieram e roubaram-no.’
E se o caso chegar aos ouvidos do governador, nós o convenceremos e faremos com que vos deixe tranquilos.»
Recebendo o dinheiro, eles fizeram como lhes tinham ensinado. E
esta mentira divulgou-se entre os judeus até ao dia de hoje. Santo Odilão de Cluny (961-1048), monge Segundo Sermão para a Ressurreição; PL 142, 1005
(a partir da trad. Brésard, 2000 ans C, p. 124 rev.)

«Ide anunciar aos Meus irmãos que partam para a Galileia: lá Me verão»
O Evangelho descreve-nos a alegre corrida dos discípulos: «Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo» (Jo 20, 4). Quem não desejaria procurar assim a Jesus Cristo, sentado à direita do Pai? E quem não correria em espírito para assim O encontrar no fim da sua busca, pensando na corrida a toda a brida dos apóstolos? Para que este desejo não enfraqueça, que cada um de nós relembre com afinco aquele versículo do Cântico dos Cânticos: «Conduz-me atrás de ti, nós corremos ao odor dos teus perfumes» (1, 4 [LXX]). Correr ao odor dos perfumes é caminhar sem parar, ao passo do Espírito, até ao nosso Criador, reconfortados pelo odor das Suas virtudes.
Esse foi também o trajecto, digno de todos os elogios, das mulheres santas que, segundo os Evangelhos, seguiram o Senhor desde a Galileia e Lhe foram fiéis na altura da Sua Paixão, enquanto os discípulos fugiram (Mt 27, 55). Também elas correram ao odor dos Seus perfumes, tanto em espírito como mesmo à letra, porquanto compraram substâncias odorosas para ungir o corpo do Senhor, conforme testemunha Marcos (16, 1).
Irmãos, a exemplo da prontidão dos cuidados dos discípulos, tanto homens como mulheres, para com a sepultura do seu Mestre, proclamemos à nossa maneira a alegria da Ressurreição do Senhor. Seria uma pena que uma só língua de carne verdadeira calasse os louvores devidos ao Salvador logo no mesmo dia em que a Sua carne verdadeira ressuscitou. Esta magnífica Ressurreição apenas nos incita a proclamar a grandeza do Autor de tamanha alegria e, ao mesmo tempo, a anunciar a vitória conseguida contra o nosso velho inimigo: a morte foi hoje banida assim como o seu fabricante. Hoje, com Jesus Cristo, a vida foi restituída aos mortais; hoje foram destruídas as correntes do demónio; hoje a liberdade do Senhor foi concedida a todos os cristãos.
Livro dos Actos dos Apóstolos 2,36-41.
Saiba toda a casa de Israel com absoluta certeza, que Deus estabeleceu como Senhor e Messias a esse Jesus por vós crucificado.»
Ouvindo estas palavras, ficaram emocionados até ao fundo do coração e perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos: «Que havemos de fazer, irmãos?»
Pedro respondeu-lhes: «Convertei-vos e peça cada um o baptismo em nome de Jesus Cristo para a remissão dos seus pecados; recebereis, então, o dom do Espírito Santo.
Na verdade, a promessa de Deus é para vós, para os vossos filhos assim como para todos os que estão longe: para todos os que o Senhor, nosso Deus, quiser chamar.»
Com estas e muitas outras palavras, Pedro exortava-os e dizia-lhes: «Afastai-vos desta geração perversa.»
Os que aceitaram a sua palavra receberam o baptismo e, naquele dia, juntaram-se a eles
cerca de três mil pessoas. Livro de Salmos 33(32),4-5.18-19.20.22.
As palavras do SENHOR são verdadeiras, as Suas obras nascem da fidelidade.
Ele ama a rectidão e a justiça; a Terra está cheia da Sua bondade.
Os olhos do SENHOR velam pelos Seus fiéis, por aqueles que esperam na Sua bondade,
para os libertar da morte e os manter vivos no tempo da fome.

A nossa alma espera no SENHOR; Ele é o nosso amparo e o nosso escudo.
Venha sobre nós, SENHOR, o Teu amor, pois depositamos em Ti a nossa confiança.
Evangelho segundo S. João 20,11-18.
Maria estava junto ao túmulo, da parte de fora, a chorar. Sem parar de chorar, debruçou-se para dentro do túmulo
e contemplou dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha estado o corpo de Jesus Cristo, um à cabeceira e o outro aos pés.
Perguntaram-lhe: «Mulher, porque choras?» E ela respondeu: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram.»
Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus Cristo, de pé, mas não se dava conta que era Ele (porque o sabia morto).
E Jesus Cristo disse-lhe: «
Mulher, porque choras? Quem procuras?» Ela, pensando que era o encarregado do horto, disse-lhe: «Senhor, se foste tu que o tiraste, diz-me onde o puseste, que eu vou buscá-lo.»
Disse-lhe Jesus Cristo: «
Maria!» Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: «Rabbuni!» que quer dizer: «Mestre!»
Jesus Cristo disse-lhe: «
Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os meus irmãos e diz-lhes: 'Subo para o meu Pai, que é vosso Pai; para o meu Deus, que é vosso Deus.' (duas entidades diferentes)»
Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: «Vi o Senhor!» E contou o que Ele lhe tinha dito.
Beato John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador de comunidade religiosa, teólogo Lectures on Justification, n° 9, § 8

«Vi o Senhor!» E contou o que Ele lhe tinha dito.
«Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai.» Por que não podemos tocar em Nosso Senhor antes da Sua ascensão e como podemos tocar-Lhe depois? [...]? Não Me toques porque eis que, para vosso maior bem, subo da terra ao céu, da carne e do sangue à glória, de um corpo humano a um corpo espiritual (1Cor 15, 44). [...] Ascender daqui de baixo, em corpo e alma, até ao Meu Pai é descer em espírito do Meu Pai até junto de vós. Nessa altura, estarei presente junto de vós, embora esteja invisível, mais realmente presente do que hoje. Nessa altura, poderás tocar-Me e tomar-Me – sem um abraço visível, mas com outro mais real, pela fé e a devoção. [...]
Viste-Me, Maria, mas não podes reter-Me. Aproximaste-te de Mim, mas apenas o suficiente para Me beijares os pés e seres tocada pela Minha mão. Disseste-me: «Oh, pudesse eu chegar até ele, alcançar a sua morada! Pudesse eu tê-lo e nunca mais o perder!» (Jb 23, 3; cf Ct 5, 6). Ter-Me-ás por inteiro e por completo. Ficarei perto de ti, em ti; virei ao teu coração, inteiramente Salvador, inteiramente Jesus Cristo, Deus e homem em toda a Minha plenitude, pelo prodigioso poder do Meu corpo e do Meu sangue.
Livro dos Actos dos Apóstolos 3,1-10.
Pedro e João subiam ao templo para a oração das três horas da tarde.
Era para ali levado um homem, coxo desde o ventre materno, que todos os dias colocavam à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmola àqueles que entravam.
Ao ver Pedro e João entrarem no templo, pediu-lhes esmola.
Pedro, juntamente com João, olhando-o fixamente, disse-lhe: «Olha para nós.»
O coxo tinha os olhos nos dois, esperando receber alguma coisa deles.
Mas Pedro disse-lhe: «Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, isto te dou: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!»
E, segurando-o pela mão direita, ergueu-o. No mesmo instante, os pés e os artelhos se lhe tornaram firmes.
De um salto, pôs-se de pé, começou a andar e entrou com eles no templo, caminhando, saltando e louvando a Deus.
Todo o povo o viu caminhar e louvar a Deus.
Bem o conheciam como sendo aquele que costumava sentar-se à Porta Formosa do templo a mendigar; ficaram cheios de assombro e estupefactos com o que lhe acabava de suceder.
Livro de Salmos 105(104),1-2.3-4.6-7.8-9.
Louvai o SENHOR, aclamai o Seu nome, anunciai entre os povos as Suas obras.
Cantai-lhe hinos e salmos, proclamai as Suas maravilhas.
Orgulhai-vos do Seu nome santo; alegre-se o coração dos que procuram o SENHOR.
Recorrei ao SENHOR e ao Seu poder e buscai-O sempre.

vós, descendentes de Abraão, Seu servo, filhos de Jacob, Seu escolhido.
Ele é o SENHOR, nosso Deus, e governa sobre a Terra!
Ele recordará sempre a Sua aliança, a promessa que jurou manter por mil gerações,
pacto que fez com Abraão e aquele juramento que fez a Isaac.
Evangelho segundo S. Lucas 24,13-35.
Nesse mesmo dia, dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús, que ficava a cerca de duas léguas de Jerusalém
e conversavam entre si sobre tudo o que acontecera.
Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-se deles o próprio Jesus Cristo e pôs-se com eles a caminho;
os seus olhos, porém, estavam impedidos de O reconhecer (porque O viram morto).
Disse-lhes Ele: «
Que palavras são essas que trocais entre vós, enquanto caminhais?» Pararam entristecidos.
E um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único forasteiro em Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias!»
Perguntou-lhes Ele: «
Que foi?» Responderam-lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo;
como os sumos sacerdotes e os nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e crucificado.
Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel, mas, com tudo isto, já lá vai
o terceiro dia desde que se deram estas coisas.
É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram perturbados porque foram ao sepulcro de madrugada
e, não achando o seu corpo, vieram dizer que lhes apareceram uns anjos que afirmavam que Ele vivia.
Então alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas, a Ele, não O viram.»
Jesus Cristo disse-lhes, então: «
Ó homens sem inteligência e lentos de espírito para crer em tudo quanto os profetas anunciaram!
Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na Sua glória?
»
E, começando por Moisés e seguindo por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que lhe dizia respeito.
Ao chegarem perto da aldeia para onde iam, fez menção de seguir para diante.
Os outros, porém, insistiam com Ele, dizendo: «Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia já está no ocaso.» Entrou para ficar com eles.
E quando se pôs à mesa,
tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho.
Então os seus olhos abriram-se e reconheceram-no; mas
Ele desapareceu da Sua presença (era o corpo completo, mas preparado em três dias para o céu).
Disseram, então, um ao outro: «Não nos ardia o coração quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?»
Levantando-se, voltaram imediatamente para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros,
que lhes disseram: «Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!»
E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e
como Jesus Cristo se lhes dera a conhecer ao partir o pão. João Paulo II
Carta apostólica «Mane nobiscum Domine» §§ 2, 11, 12 (trad. DC 2323 7/11/04 © copyright Libreria Editrice Vaticana)

«Tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. Então, os seus olhos abriram-se»
O ícone dos discípulos de Emaús presta-se bem para nortear um ano que verá a Igreja particularmente empenhada na vivência do mistério da sagrada Eucaristia. Ao longo do caminho das nossas dúvidas, inquietações e às vezes amargas desilusões, o divino Viajante continua a fazer-Se nosso companheiro para nos introduzir, com a interpretação das Escrituras, na compreensão dos mistérios de Deus. Quando o encontro se torna pleno, à luz da Palavra segue-se a luz que brota do «Pão da vida», pelo qual Jesus Cristo cumpre de modo supremo a Sua promessa de «estar connosco todos os dias até ao fim do mundo» (cf. Mt 28, 20).
A narração da aparição de Jesus ressuscitado aos dois discípulos de Emaús ajuda-nos a pôr em destaque um primeiro aspecto do mistério eucarístico que deve estar sempre presente na devoção do povo de Deus: a Eucaristia, mistério de luz! [...] Jesus designou-Se a Si mesmo como «luz do mundo» (Jo 8, 12) e esta Sua propriedade aparece bem evidenciada em momentos da Sua vida como a Transfiguração e a Ressurreição onde refulge claramente a Sua glória divina. Diversamente, na Eucaristia a glória de Jesus Cristo está velada. O sacramento eucarístico é o «mysterium fidei» por excelência. E, todavia, precisamente através deste sacramento da sua total ocultação, Cristo torna-Se mistério de luz, mediante o qual o fiel é introduzido nas profundezas da vida divina. [...]
A Eucaristia é luz antes de mais nada porque, em cada Missa, a liturgia da Palavra de Deus precede a liturgia Eucarística, na unidade das duas «mesas» — a da Palavra e a do Pão. [...] Na narração dos discípulos de Emaús, o próprio Jesus Cristo intervém para mostrar, «começando por Moisés e seguindo por todos os profetas», como «todas as Escrituras» conduzem ao mistério da Sua Pessoa (cf. Lc 24, 27). As Suas palavras fazem «arder» os corações dos discípulos, tiram-nos da obscuridade da tristeza e do desânimo, suscitam neles o desejo de permanecer com Ele: «Fica connosco, Senhor» (cf. Lc 24, 29).


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