quinta-feira, 26 de maio de 2011

Cristianismo 12

Livro de Isaías 7,10-14.

O SENHOR mandou dizer de novo a Acaz:
«Pede ao SENHOR teu Deus um sinal quer no fundo dos abismos, quer lá no alto dos céus.»
Acaz respondeu: «Não pedirei tal coisa, não tentarei o SENHOR.»
Isaías respondeu: «Escuta, pois, casa de David: Não vos basta já ser molestos para os homens, senão que também ousais sê-lo para o meu Deus?
Por isso o Senhor, por sua conta e risco, vos dará um sinal. Olhai: a jovem está grávida e vai dar à luz um filho e há-de pôr-lhe o nome de Emanuel.
Livro de Salmos 40(39),7-8.9.10.11.
Não quiseste sacrifícios nem oblações, mas abriste me os ouvidos para escutar; não pediste holocaustos nem vítimas.
Então eu disse: "Aqui estou! No Livro da Lei está escrito aquilo que devo fazer."
Esse é o meu desejo, ó meu Deus; a tua Lei está dentro do meu coração.
Anunciei a Tua justiça na grande assembleia; Tu bem sabes, SENHOR, que não fechei os meus lábios.
Não escondi a Tua justiça no fundo do coração; proclamei a Tua fidelidade e a Tua salvação. Não ocultei à grande assembleia a Tua bondade e a Tua verdade.
Carta aos Hebreus 10,4-10.
(...) uma vez que é impossível que o sangue dos touros e dos bodes apague os pecados.
Por isso, ao entrar no mundo, Jesus Cristo diz:
Tu não quiseste sacrifício nem oferenda, mas preparaste-me um corpo.
Não te agradaram holocaustos nem sacrifícios pelos pecados
.
Então Eu disse: Eis que venho – como está escrito no livro a meu respeito – para fazer, ó Deus, a Tua vontade.
Disse primeiro: “Não quiseste nem te agradaram sacrifícios, oferendas e holocaustos pelos pecados” e, no entanto, eram oferecidos segundo a Lei.
Disse em seguida: Eis que venho para fazer a tua vontade.
Suprime assim o primeiro culto para instaurar o segundo.
E foi por essa vontade que nós fomos santificados, pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre.

Evangelho segundo S. Lucas 1,26-38.
Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré,
a uma virgem desposada com um homem chamado José da casa de David e o nome da virgem era Maria.
Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.»
Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação.
Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus.
Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.
Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David,
reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim.»
Maria disse ao anjo: «Como será isso se eu não conheço homem?»
O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a Sua sombra.
Por isso aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus.
Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril
porque
nada é impossível a Deus
Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.
Tertuliano (c. 155-v. 220), teólogo A Carne de Jesus Cristo, 17; PL 2, 781 (cf. SC 126, p. 281)

«Faça-se em mim segundo a tua palavra»
Porque é que o Filho de Deus nasceu de uma Virgem? [...] Era necessário um modo totalmente novo de nascer para Aquele que ia consagrar uma nova ordem de nascimento. Isaías tinha profetizado que o Senhor anunciaria esta maravilha através de um sinal. Que sinal? «Eis que uma virgem vai conceber e dará à luz um filho.» Sim, a Virgem concebeu e deu à luz o Emanuel, Deus connosco (Is 7, 14; Mt 1, 23). Eis a nova ordem de nascimento: o homem nasce em Deus porque Deus nasce no homem; Deus faz-Se carne para regenerar a carne pela semente nova do Espírito e lavar todas as manchas passadas.
Toda esta nova ordem foi prefigurada no Antigo Testamento porque na intenção divina o primeiro homem nasceu para Deus através de uma virgem. Com efeito, a terra era ainda virgem, o trabalho do homem não a tinha tocado, a semente não tinha sido ainda lançada, quando Deus a tomou para dar forma ao homem e torná-lo «um ser vivo» (Gn 2, 5.7). Por conseguinte, se o primeiro Adão foi moldado de terra, é justo que o segundo, a quem o apóstolo Paulo chama «o novo Adão», seja retirado por Deus de uma terra virgem, ou seja, de uma carne cuja virgindade permanecia inviolada para se tornar «Espírito que vivifica» (1Cor 15, 45). [...]
Quando quis recuperar «a Sua imagem e a Sua semelhança» (Gn 1, 26) caída sob o poder do demónio, Deus agiu de forma igual à do momento em que o criou. Eva era ainda virgem quando acolheu a palavra que originaria a morte; por conseguinte, seria também de uma virgem que devia descer a Palavra de Deus que ergueria o edifício da Vida. [...] Eva confiou na serpente; Maria teve fé em Gabriel. O pecado que Eva, crendo, cometeu; foi Maria, crendo, que o apagou. [...] A palavra do diabo foi para Eva a semente da sua humilhação e das suas dores de parto (Gn 3, 16) e ela trouxe ao mundo o assassino do seu irmão (4, 8). Pelo contrário, Maria trouxe ao mundo um Filho que haveria de salvar Israel, Seu irmão.

Livro de Êxodo 1,3-7.
Ali o povo teve sede de água e murmurou contra Moisés, dizendo: «Porque nos fizeste subir do Egipto para nos fazer morrer à sede, a nós, aos nossos filhos e ao nosso gado?»
Moisés clamou ao Senhor, dizendo: «Que farei a este povo? Mais um pouco e vão apedrejar-me.»
O Senhor disse a Moisés: «Passa diante do povo e toma contigo alguns anciãos de Israel e leva na tua mão a vara com que feriste o rio e vai.
Eis que estarei diante de ti, lá, sobre a rocha no Horeb. Tu ferirás a rocha e dela sairá água e o povo beberá.» Assim fez Moisés diante dos anciãos de Israel.
Ele deu àquele lugar o nome de Massá e Meribá por causa do litígio dos filhos de Israel e por terem posto o Senhor à prova, dizendo: «Está o Senhor no meio de nós ou não?»

Livro de Salmos 95(94),1-2.6-7.8-9.
Vinde, exultemos de alegria no SENHOR, aclamemos o rochedo da nossa salvação.
Vamos à Sua presença com hinos de louvor, saudemo-lo com cânticos jubilosos.
Vinde, prostremo-nos por terra, ajoelhemos diante do SENHOR, que nos criou.
Ele é o nosso Deus e nós somos o Seu povo, as ovelhas por Ele conduzidas. Oxalá ouvísseis hoje a Sua voz:
"Não endureçais os vossos corações como em Meribá, como no dia de Massá, no deserto
quando os vossos pais me provocaram e me puseram à prova, apesar de terem visto as minhas obras.

Carta aos Romanos 5,1-2.5-8.
Portanto, uma vez que fomos justificados pela fé, estamos em paz com Deus por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Por Ele tivemos acesso, na fé, a esta graça na qual nos encontramos firmemente e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus.
Ora a esperança não engana porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
De facto, quando ainda éramos fracos é que Jesus Cristo morreu pelos ímpios.
Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa boa talvez alguém se atreva a morrer,
mas é assim que Deus demonstra o Seu amor para connosco: quando ainda éramos pecadores é que Jesus Cristo morreu por nós.

Evangelho segundo S. João 4,5-42.
Chegou, pois, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto do terreno que Jacob tinha dado ao seu filho José. Ficava ali o poço de Jacob.
Então Jesus Cristo, cansado da caminhada, sentou-se, sem mais, na borda do poço. Era por volta do meio-dia.
Entretanto, chegou certa mulher samaritana para tirar água. Disse-lhe Jesus Cristo: «
Dá-me de beber.»
Os Seus discípulos tinham ido à cidade comprar alimentos (
excepto o João Evangelista).
Disse-lhe então a samaritana: «Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber a mim que sou samaritana?» É que os judeus não se dão bem com os samaritanos.
Respondeu-lhe Jesus Cristo: «
Se conhecesses o dom que Deus tem para dar e quem é que te diz: 'dá-me de beber'; tu é que lhe pedirias e Ele havia de dar-te água viva!»
Disse-lhe a mulher: «Senhor, não tens sequer um balde e o poço é fundo...
Onde consegues, então, a água viva? Porventura és mais do que o nosso patriarca Jacob que nos deu este poço donde beberam ele, os seus filhos e os seus rebanhos?»
Replicou-lhe Jesus Cristo: «
Todo aquele que bebe desta água, voltará a ter sede;
mas quem beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der, há-de tornar-se nele em fonte de água que dá a vida eterna

Disse-lhe a mulher: «Senhor, dá-me dessa água para eu não ter sede nem ter de vir cá tirá-la.»
Respondeu-lhe Jesus Cristo: «
Vai, chama o teu marido e volta cá.»
A mulher retorquiu-lhe: «Eu não tenho marido.» Declarou-lhe Jesus Cristo: «
Disseste bem: 'não tenho marido',
pois tiveste cinco e o que tens agora não é teu marido. Nisto falaste verdade
Disse-lhe a mulher: «Senhor, vejo que és um profeta!
Os nossos antepassados adoraram a Deus neste monte e vós dizeis que o lugar onde se deve adorar está em Jerusalém.»
Jesus Cristo declarou-lhe: «
Mulher, acredita em mim: chegou a hora em que, nem neste monte nem em Jerusalém, haveis de adorar o Pai.
Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus.
Mas chega a hora e é já em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai
em espírito e verdade, pois são assim os adoradores que o Pai pretende.
Deus é espírito; por isso, os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade.
»
Disse-lhe a mulher: «Eu sei que o Messias, que é chamado Cristo, está para vir. Quando vier, há-de fazer-nos saber todas as coisas.»
Jesus Cristo respondeu-lhe: «
Sou Eu que estou a falar contigo
Nisto chegaram os seus discípulos e ficaram admirados de Ele estar a falar com uma mulher, mas nenhum perguntou: 'Que procuras?' ou: 'De que estás a falar com ela?'
Então a mulher deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àquela gente:
«Eia! Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz! Não será Ele o Messias?»
Eles saíram da cidade e foram ter com Jesus Cristo.
Entretanto, os discípulos insistiam com Ele, dizendo: «Rabi, come.»
Mas Ele disse-lhes: «
Eu tenho um alimento para comer que vós não conheceis
Então os discípulos começaram a dizer entre si: «Será que alguém lhe trouxe de comer?»
Declarou-lhes Jesus Cristo: «O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e consumar a Sua obra.
Não dizeis vós: 'Mais quatro meses e vem a ceifa'? Pois Eu digo-vos: Levantai os olhos e
vede os campos que estão doirados para a ceifa (metáfora).
Já o ceifeiro recebe o seu salário e recolhe o fruto em ordem à vida eterna de modo que se alegram ao mesmo tempo aquele que semeia e o que ceifa.
Nisto, porém, é verdadeiro o ditado: 'um é o que semeia e outro o que ceifa'
porque Eu enviei-vos a ceifar o que não trabalhastes; outros se cansaram a trabalhar e vós ficastes com o proveito da sua fadiga.»
Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram n'Ele devido às palavras da mulher que testemunhava: «Ele disse-me tudo o que eu fiz.»
Por isso quando os samaritanos foram ter com Jesus Cristo, começaram a pedir-lhe que ficasse com eles.
E ficou lá dois dias. Então muitos mais acreditaram n'Ele por causa da sua pregação e diziam à mulher:
«Já não é pelas tuas palavras que acreditamos; nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é verdadeiramente o Salvador do mundo.»
São Tiago de Sarug (c. 449-521), monge e bispo sírio Homilia sobre Nosso Senhor Jesus Cristo e Jacob, sobre a Igreja e Raquel
(a partir da trad. de Ir. Isabelle de la Source, Lire la Bible, t. 1, p. 98 rev.)

«Porventura és mais do que o nosso patriarca Jacob?»
A vista da beleza de Raquel tornou Jacob, de certo modo, mais forte: ele conseguiu levantar a enorme pedra de cima do poço e assim dar de beber ao rebanho (Gn 29, 10). [...] Em Raquel, com quem casou, viu o símbolo da Igreja. Foi por isso que, ao beijá-la, teve de chorar e de sofrer (v. 11) a fim de prefigurar, pelo seu casamento, os sofrimentos do Filho. [...] Quão mais belas são as núpcias do Esposo real do que as dos Seus embaixadores! Jacob chorou por Raquel, ao desposá-la; Nosso Senhor Jesus Cristo cobriu a Igreja com o Seu sangue, ao salvá-la. As lágrimas são o símbolo do sangue porque não é sem dor que elas jorram dos olhos. O choro do justo Jacob é o símbolo do grande sofrimento do Filho, pelo qual a Igreja das nações foi salva.
Vem, contempla o nosso Mestre: Ele veio do Seu Pai para o mundo, aniquilou-Se para fazer o Seu caminho na humildade (Fil 2, 7). [...] Ele viu as nações como rebanhos sedentos e a fonte da vida fechada pelo pecado como que por uma pedra. Ele viu a Igreja semelhante a Raquel, então avançou e derrubou o pecado que era pesado como uma rocha. Ele abriu o baptistério para a sua Esposa, para que ela se banhasse nele; e foi aí buscar água para dar de beber às nações da terra como aos Seus rebanhos. Com toda a Sua omnipotência, levantou o pesado fardo dos pecados; pôs a descoberto a fonte de água doce para o mundo inteiro. [...]
Sim, pela Igreja, Nosso Senhor deu-Se a grandes trabalhos. Por amor, o Filho de Deus vendeu os Seus sofrimentos para poder desposar, à custa das Suas chagas, a Igreja abandonada. Por ela, que adorava os ídolos, sofreu sobre a cruz. Por ela, quis entregar-Se para que ela fosse para Ele completamente imaculada (Ef 5, 25-27). Ele consentiu em levar às pastagens o rebanho inteiro dos homens, com o grande cajado da cruz; Ele não rejeitou o sofrimento. Ele aceitou conduzir raças, nações, tribos, multidões e povos para poder reaver a Igreja, sua única Esposa (Ct 6, 9).

Livro de Daniel 3,25.34-43.
Azarias, de pé no meio das chamas, fez esta prece:
Pelo teu nome, não nos abandones para sempre, não anules a aliança.
Não nos retires a tua misericórdia,em atenção a Abraão, teu amigo,a Isaac, teu servo,
aos quais prometeste multiplicar a sua descendência como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar.
Senhor, estamos reduzidos a nada diante das nações, estamos hoje humilhados em face de toda a Terra por causa dos nossos pecados.
Agora não há nem príncipe, nem profeta, nem chefe,nem holocausto, nem sacrifício, nem oblação, nem incenso, nem um local para te oferecer as primícias e encontrar misericórdia.
Que pela contrição de coração e humilhação de espírito,sejamos acolhidos como se trouxéssemos holocaustos de carneiros e de touros e de milhares de cordeiros gordos.
Que este seja hoje diante de Ti o nosso sacrifício; possa ele reconciliar-nos contigo, pois não têm que envergonhar-se aqueles que em Ti confiam.
É de todo o coração que agora Te seguimos, Te veneramos e Te procuramos; não nos confundas.
Trata-nos com a Tua doçura habitual e com todas as riquezas da Tua misericórdia.
Livra-nos pelos Teus prodígios e cobre de glória o Teu nome, Senhor.

Livro de Salmos 25(24),4-5.6-7.8-9.
Mostra-me, SENHOR, os Teus caminhos e ensina-me as Tuas veredas.
Dirige-me na Tua verdade e ensina-me porque Tu és o Deus, meu salvador. Em Ti confio sempre.
Lembra-te, SENHOR, da Tua compaixão e do Teu amor, pois eles existem desde sempre.
Não recordes os meus pecados de juventude e os meus delitos. Lembra-te de mim, SENHOR, pelo Teu amor e pela Tua bondade.
O SENHOR é bom e justo; por isso ensina o caminho aos pecadores,
guia os humildes na justiça e dá-lhes a conhecer o Seu caminho.

Evangelho segundo S. Mateus 18,21-35.
Então, Pedro aproximou-se e perguntou-lhe: «Senhor, se o meu irmão me ofender, quantas vezes lhe deverei perdoar? Até sete vezes?»
Jesus Cristo respondeu: «
Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
Por isso, o Reino do Céu é comparável a um rei que quis ajustar contas com os seus servos.
Logo ao princípio, trouxeram-lhe um
que lhe devia dez mil talentos.
Não tendo com que pagar, o senhor ordenou que fosse vendido com a mulher, os filhos e todos os seus bens a fim de pagar a dívida.
O servo lançou-se, então, aos seus pés, dizendo: 'Concede-me um prazo e tudo te pagarei.’
Levado pela compaixão, o senhor daquele servo
mandou-o em liberdade e perdoou-lhe a dívida.
Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros
que lhe devia cem denários. Segurando-o, apertou-lhe o pescoço e sufocava-o, dizendo: 'Paga o que me deves!’
O seu companheiro caiu a seus pés, suplicando: 'Concede-me um prazo que eu te pagarei.’
Mas
ele não concordou e mandou-o prender até que pagasse tudo quanto lhe devia.
Ao verem o que tinha acontecido, os outros companheiros, contristados, foram contá-lo ao seu senhor.
O senhor mandou-o, então, chamar e disse-lhe: 'Servo mau, perdoei-te tudo o que me devias porque assim mo suplicaste;
não devias também ter piedade do teu companheiro como eu tive de ti?
E o senhor, indignado,
entregou-o aos verdugos até que pagasse tudo o que devia.
Assim procederá convosco meu Pai celeste,
se cada um de vós não perdoar ao seu irmão do íntimo do coração

Das liturgias bizantinas e orientais da Grande Quaresma
Oração de Santo Efrém, o Sírio

Ter piedade do próximo, como Deus teve de nós
Senhor e Mestre da minha vida,
não me abandones ao espírito de preguiça, de desencorajamento
de dominação e de vã tagarelice.

(Prostramo-nos)

Concede-me a graça de um espírito de castidade, de humildade,
de paciência e de caridade, a mim, Teu servo.

(Prostramo-nos)

Sim, meu Senhor e meu Rei, que eu veja as minhas faltas
e não condene o meu irmão.
Tu, que és bendito pelos séculos dos séculos. Amen.

(Prostramo-nos e, seguidamente, inclinamo-nos até ao chão e dizemos três vezes)

Ó Deus, tem piedade de mim, pecador.
Ó Deus, purifica-me que sou pecador.
Ó Deus, meu Criador, salva-me.
Perdoa-me os meus numerosos pecados!

Livro de Jeremias 7,23-28.
A única ordem que lhes dei foi esta: ‘Ouvi a minha voz e Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo; segui sempre a senda que vos indicar a fim de que sejais felizes.’
Eles, porém,
não me ouviram, não prestaram atenção, seguiram os maus conselhos dos seus corações empedernidos; viraram-me as costas em vez de se voltarem para mim.
Desde o dia em que os vossos pais deixaram o Egipto até hoje, Eu vos enviei todos os meus servos, os profetas, dia após dia.
Eles, porém, não me ouviram, não me prestaram atenção; endureceram a sua cerviz e agiram pior do que os seus pais.
Tudo isto lhes transmitirás, mas não te escutarão. Chamá-los-ás e não te responderão.
Então dir-lhes-ás: ‘Esta é a nação que não ouviu a voz do Senhor, seu Deus, não aceitou as suas advertências. A sua lealdade desapareceu, foi banida da sua boca.’

Livro de Salmos 95(94),1-2.6-7.8-9.
Vinde, exultemos de alegria no SENHOR, aclamemos o rochedo da nossa salvação.
Vamos à sua presença com hinos de louvor, saudemo-l'O com cânticos jubilosos.
Vinde, prostremo-nos por terra, ajoelhemos diante do SENHOR que nos criou.
Ele é o nosso Deus e nós somos o seu povo, as ovelhas por Ele conduzidas. Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
"Não endureçais os vossos corações como em Meribá, como no dia de Massá, no deserto
quando os vossos pais me provocaram e me puseram à prova, apesar de terem visto as minhas obras.

Evangelho segundo S. Lucas 11,14-23.
Jesus Cristo estava a expulsar um demónio mudo. Quando o demónio saiu, o mudo falou e a multidão ficou admirada.
Mas alguns dentre eles disseram: «É por Belzebu, chefe dos demónios, que Ele expulsa os demónios.»
Outros, para O experimentarem, reclamavam um sinal do Céu.
Mas Jesus Cristo, que conhecia os seus pensamentos, disse-lhes: «Todo o reino, dividido contra si mesmo, será devastado e cairá casa sobre casa.
Se Satanás também está dividido contra si mesmo, como há-de manter-se o seu reino? Pois vós dizeis que é por Belzebu que Eu expulso os demónios.
Se é por Belzebu que Eu expulso os demónios, por quem os expulsam os vossos discípulos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes.
Mas se Eu expulso os demónios pela mão de Deus, então o Reino de Deus já chegou até vós.
Quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa, os seus bens estão em segurança;
mas se aparece um mais forte e o vence, tira-lhe as armas em que confiava e distribui os seus despojos.
Quem não está comigo está contra mim e quem não junta comigo, dispersa.»

Bento XVI
Encíclica « Spe Salvi » §§ 30-31 (trad. © Libreria Editrice Vaticana rev.)

«O  Reino de Deus já chegou até vós»
A época moderna desenvolveu a esperança da instauração de um mundo perfeito que, graças aos conhecimentos da ciência e a uma política cientificamente fundada, parecia tornar-se realizável. Assim, a esperança bíblica do reino de Deus foi substituída pela esperança do reino do homem, pela esperança de um mundo melhor que seria o verdadeiro «reino de Deus». Esta parecia finalmente a esperança grande e realista de que o homem necessita. Estava em condições de mobilizar – por um certo tempo – todas as energias do homem. [...] Mas com o passar do tempo tornou-se claro que esta esperança escapava sempre para mais longe. Primeiro, compreendemos que esta era talvez uma esperança para os homens de amanhã, mas não uma esperança para mim. E embora o elemento «para todos» faça parte da grande esperança – com efeito, não posso ser feliz contra e sem os demais – o certo é que uma esperança que não me diga respeito a mim pessoalmente não é sequer uma verdadeira esperança. E tornou-se evidente que esta era uma esperança contra a liberdade. [...]
Precisamos das esperanças – menores ou maiores – que, dia após dia, nos mantêm a caminho, mas sem a grande esperança que deve superar tudo o resto, aquelas não bastam. Esta grande esperança só pode ser Deus que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir. Precisamente o ser gratificado com um dom faz parte da esperança. Deus é o fundamento da esperança – não um deus qualquer, mas aquele Deus que possui um rosto humano (Jesus Cristo) e que nos amou até ao fim: a cada indivíduo e à humanidade no seu conjunto. O Seu reino não é um além imaginário, colocado num futuro que nunca mais chega; o Seu reino está presente onde Ele é amado e onde o Seu amor nos alcança.

Livro de Oseias 6,1-6.
«Vinde, voltemos para o SENHOR; Ele feriu-nos, Ele nos curará; Ele fez a ferida, Ele fará o penso.
Dar-nos-á de novo a vida em dois dias, ao terceiro dia nos levantará e viveremos na Sua presença.
Conheçamos, esforcemo-nos por conhecer o SENHOR; iminente, como a aurora, está a Sua vinda; Ele virá para nós como a chuva, como a chuva da Primavera que irriga a terra.»
Que posso fazer por ti, ó Efraim? Que posso fazer por ti, ó Judá? O vosso amor é como a nuvem da manhã, como o orvalho matutino que logo se dissipa.
Por isso os castiguei duramente pelos profetas e os matei pelas palavras da minha boca e o meu julgamento resplandece como a luz
porque
Eu quero a misericórdia e não os sacrifícios, o conhecimento de Deus mais que os holocaustos.
Livro de Salmos 51(50),3-4.18-19.20-21.
Tem compaixão de mim, ó Deus, pela Tua bondade; pela Tua grande misericórdia, apaga o meu pecado.
Lava-me de toda a iniquidade; purifica-me dos meus delitos.
Não Te comprazes nos sacrifícios nem Te agrada qualquer holocausto que eu Te ofereça.
O sacrifício agradável a Deus é o espírito contrito; ó Deus, não desprezes um coração contrito e arrependido.
Pela Tua bondade, trata bem a Sião; reconstrói os muros de Jerusalém.
Então aceitarás com agrado os sacrifícios devidos, os holocaustos e as ofertas.

Evangelho segundo S. Lucas 18,9-14.
Disse também a seguinte parábola a respeito de alguns que confiavam muito em si mesmos, tendo-se por justos e desprezando os demais:
«Dois homens subiram ao templo para orar: um era fariseu e o outro, cobrador de impostos.
O fariseu, de pé, fazia interiormente esta oração: 'Ó Deus, agradeço-Te por não ser como o resto dos homens que são ladrões, injustos, adúlteros; nem como este cobrador de impostos.
Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo.'
O cobrador de impostos, mantendo-se à distância, nem sequer ousava levantar os olhos ao céu; mas batia no peito, dizendo: 'Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador.'
Digo-vos:
Este voltou justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta, será humilhado e quem se humilha, será exaltado.»
Santo André de Creta (660-740), monge e bispo Grande Cânon da Liturgia Bizantina da Quaresma, 2.as Odes
(a partir da trad. de Clément, DDB, 1982, p. 119 ss. rev.)

«Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador»
Meu Deus, na Tua compaixão
derrama sobre mim o olhar do Teu amor
E recebe a minha ardente confissão.

Pequei mais do que todos os homens,
pequei só contra Ti, Senhor;
faz-me participar da Tua misericórdia,
meu Salvador, porque me criaste. [...]
Meu Redentor, manchei a Tua imagem e semelhança (Gn 1, 26), [...]
desfiz em farrapos o vestuário de perfeição
que o próprio Criador fabricou para mim e estou nu;
em seu lugar quis usar uma farpela rasgada,
obra da serpente que me seduziu (Gn 3, 1-5). [...]
Fiquei fascinado com a beleza
da árvore que traiu a minha inteligência:
agora estou nu e coberto de vergonha. [...]

O pecado me revestiu de túnicas de pele (Gn 3, 21),
agora que fui despojado
das vestes tecidas pelo próprio Deus. [...]
E como a prostituta, grito:
pequei contra Ti, só contra Ti.
Ó Salvador, acolhe as minhas lágrimas
como aceitaste o perfume da pecadora (Lc 7, 36 ss.)

E como o publicano, grito:
tem piedade de mim, ó Salvador.
Perdoa-me porque de toda a descendência de Adão
ninguém pecou como eu. [...]
Prostrado como David (2 Sm 12),
estou coberto de lama;
Mas assim como ele se lavou nas próprias lágrimas,
lava-me Tu também, Senhor!

Ouve os gemidos da minha alma
e os suspiros do meu coração;
acolhe as minhas lágrimas
e salva-me, meu Redentor.

Porque Tu amas os homens
e queres que todos se salvem.
Faz-me voltar à Tua bondade
e nela me recebe
porque estou arrependido.

Livro de Isaías 65,17-21.
Olhai, Eu vou criar um novo céu e uma nova terra; o passado não será mais lembrado e não voltará mais à memória.
Alegrem-se e rejubilem para sempre por aquilo que vou criar. Olhai, vou criar uma Jerusalém cheia de alegria e um povo cheio de entusiasmo.
Eu mesmo me alegrarei com esta Jerusalém e me entusiasmarei com o meu povo. Doravante não se ouvirão nela choros nem lamentos.
Não haverá ali criança que morra de tenra idade, nem adulto que não chegue à velhice, pois será ainda novo aquele que morrer aos cem anos e quem não chegar aos cem anos será como um amaldiçoado.
Construirão casas e habitarão nelas, plantarão vinhas e comerão o seu fruto.

Livro de Salmos 30(29),2.4.5-6.11-13.
SENHOR, eu Te enalteço porque me salvaste e não permitiste que os inimigos se rissem de mim.
SENHOR, livraste a minha alma da mansão dos mortos, poupaste-me a vida para eu não descer ao túmulo.
Cantai salmos ao SENHOR, vós que O amais, e agradecei-Lhe, lembrando a Sua santidade.
A Sua indignação dura apenas um instante, mas a Sua benevolência é para toda a vida. Ao cair da noite, vem o pranto e, ao amanhecer, volta a alegria.

Ouve-me, SENHOR, tem compaixão de mim; SENHOR, vem em meu auxílio.
Tu converteste o meu pranto em festa, tiraste-me o luto e vestiste-me de júbilo.
Por isso o meu coração Te cantará sem cessar. SENHOR, meu Deus, eu Te louvarei para sempre.

Evangelho segundo S. João 4,43-54.
Passados aqueles dois dias, Jesus Cristo partiu dali para a Galileia.
Ele mesmo tinha declarado que
um profeta não é estimado na sua própria terra.
No entanto, quando chegou à Galileia, os galileus receberam-no bem por terem visto o que fizera em Jerusalém durante a festa; pois eles também tinham ido à festa.
Veio, pois, novamente a Caná da Galileia, onde tinha convertido a água em vinho. Ora havia em Cafarnaúm um funcionário real que tinha o filho doente.
Quando ouviu dizer que Jesus Cristo vinha da Judeia para a Galileia, foi ter com Ele e pediu-lhe que descesse até lá para lhe curar o filho que estava a morrer.
Então Jesus Cristo disse-lhe: «
Se não virdes sinais extraordinários e prodígios, não acreditais
Respondeu-lhe o funcionário real: «Senhor, desce até lá antes que o meu filho morra.»
Disse-lhe Jesus Cristo: «
Vai, que o teu filho está salvo.» O homem acreditou nas palavras que Jesus Cristo lhe disse e pôs-se a caminho.
Enquanto ia descendo, os criados vieram ao seu encontro, dizendo: «O teu filho está salvo.»
Perguntou-lhes, então, a que horas ele se tinha sentido melhor. Responderam: «A febre deixou-o há pouco, depois do meio-dia.»
O pai viu, então, que tinha sido exactamente àquela hora que Jesus Cristo lhe dissera: «O teu filho está salvo». E acreditou ele e todos os da sua casa.
Jesus Cristo realizou este segundo sinal miraculoso ao ir da Judeia para a Galileia.
Balduino de Ford (?-c. 1190), abade cistercense Homilia sobre a carta aos Hebreus 4,12; PL 204, 451-453

O homem acreditou nas palavras que Jesus Cristo lhe disse
«A palavra de Deus é viva» (Heb 4, 12). Toda a grandeza, a força e a sabedoria da palavra de Deus, eis o que o Apóstolo demonstra com as suas palavras àqueles que procuram Jesus Cristo, Verbo, Força e Sabedoria de Deus. Este Verbo estava no início junto do Pai, é eterno com Ele (Jo 1, 1). E foi revelado a seu tempo aos Apóstolos, anunciado por eles e recebido humildemente pela população dos crentes. [...]
Ela está viva, esta Palavra a Quem o Pai deu o dom da vida em Si mesma, tal como Ele a possuía n'Ele mesmo (Jo 5, 26). Ela está, portanto, não só viva, mas é a própria vida como está escrito: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14, 6). E porque é a vida, está viva e dá vida, pois «como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem Ele quer» (Jo 5, 21). Ela dá vida quando chama Lázaro para fora do túmulo e lhe diz: «Lázaro, vem para fora !» (Jo 11, 43) Quando esta palavra é proclamada, a voz que a pronuncia ressoa no exterior com tal força que, percebida no interior, faz reviver os mortos e ao acordar a fé, suscita verdadeiros filhos de Abraão (Mt 3, 9). Sim, ela está viva, esta Palavra, viva no coração do Pai, na boca daquele que a proclama, no coração daquele que crê e que ama.
Livro de Ezequiel 47,1-9.12.
Conduziu-me para a entrada do templo e eis que saía água da sua parte subterrânea, em direcção ao oriente porque o templo estava voltado para oriente. A água brotava da parte de baixo do lado direito do templo, a sul do altar.
Fez-me sair pelo pórtico setentrional e contornar o templo por fora até ao pórtico exterior oriental; vi rebentar a água do lado direito.
O homem avançou para oriente com o cordel que tinha na mão e mediu mil côvados; depois fez-me atravessar a água; ela chegava-me até aos tornozelos.
Mediu ainda mil côvados e fez-me atravessar a água; ela chegava-me aos joelhos. Mediu ainda mil côvados e fez-me atravessar a água; chegava-me aos quadris.
Mediu ainda mil côvados; era uma torrente que eu não conseguia atravessar porque a água era tão profunda que era necessário nadar. Efectivamente, era uma torrente que não se podia atravessar.
E Ele disse-me: "Viste, filho de homem?" E levou-me até à beira da torrente.
Quando aí cheguei, eis que havia à beira da torrente grande quantidade de árvores em cada uma das margens.
Ele disse-me: "Esta água corre para o território oriental, desce para a Arabá e dirige-se para o mar; quando chegar ao mar, as suas águas tornar-se-ão salubres.
Por onde quer que a torrente passar, todo o ser vivo que se move, viverá. O peixe será muito abundante porque aonde quer que esta água chegar, tornar-se-á salubre e a vida desenvolver-se-á por toda a parte aonde ela chegar.
Ao longo da torrente, nas suas margens, crescerá toda a sorte de árvores frutíferas, cuja folhagem não murchará e cujos frutos nunca cessam: produzirão todos os meses frutos novos porque esta água vem do Santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas, de remédio."
Livro de Salmos 46(45),2-3.5-6.8-9.
Deus é o nosso refúgio e a nossa força, ajuda permanente nos momentos de angústia.
Por isso, não temos medo, mesmo que a terra trema, mesmo que as montanhas se afundem no mar;
Um rio, com os seus canais, alegra a cidade de Deus, a mais santa entre as moradas do Altíssimo.
Deus está no meio dela, não pode vacilar; Deus irá em seu auxílio ao romper do dia.

O SENHOR do universo está connosco! O Deus de Jacob é a nossa fortaleza!
Vinde e contemplai as obras do SENHOR, as maravilhas que Ele realizou na Terra.

Evangelho segundo S. João 5,1-16.
Depois disto, havia uma festa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém.
Em Jerusalém, junto à Porta das Ovelhas, há uma piscina, em hebraico chamada Betzatá. Tem cinco pórticos
e neles jaziam numerosos doentes, cegos, coxos e paralíticos.
Estava ali um homem que padecia da sua doença há trinta e oito anos.
Jesus Cristo, ao vê-lo prostrado e sabendo que já levava muito tempo assim, disse-lhe:«
Queres ficar são?»
Respondeu-lhe o doente: «Senhor, não tenho ninguém que me meta na piscina quando se agita a água, pois, enquanto eu vou, algum outro desce antes de mim».
Disse-lhe Jesus Cristo: «
Levanta-te, toma a tua enxerga e anda
E no mesmo instante, aquele homem ficou são, agarrou na enxerga e começou a andar. Ora, aquele dia era sábado.
Por isso os judeus diziam ao que tinha sido curado: «É sábado e não te é permitido transportar a enxerga.»
Ele respondeu-lhes: «Quem me curou é que me disse: 'Toma a tua enxerga e anda'.»
Perguntaram-lhe então: «Quem é esse homem que te disse: 'Toma a tua enxerga e anda'?»
Mas o que tinha sido curado não sabia quem era porque Jesus Cristo se tinha afastado da multidão ali reunida.
Mais tarde, Jesus Cristo encontrou-o no templo e disse-lhe: «Vê lá: ficaste curado.
Não peques mais para que não te suceda coisa ainda pior
O homem foi-se embora e comunicou aos judeus que fora Jesus Cristo quem o tinha curado.
E foi por isto, por Jesus Cristo realizar tais coisas em dia de sábado, que os judeus começaram a persegui-lo.
São Romano, o Melodista (c. 560), compositor de hinos Cântico «Os novos baptizados», str. 1-5,19
(a partir da trad. SC 283, pp. 343ss.)

A Quaresma, última preparação daqueles que serão baptizados na Páscoa
Nós, os novos baptizados, os filhos do baptistério que acabámos de receber a luz,agredecemos-Te, Cristo Jesus. Tu iluminaste-nos com a luz do Teu rosto, Tu revestiste-nos com a veste que convém às Tuas núpcias (Sl 4, 7; Mt 22, 11). Glória a Ti, glória a Ti porque tal foi do Teu agrado.
Quem dirá, quem mostrará ao primeiro homem criado, Adão, a beleza, o brilho, a dignidade dos seus filhos? Quem contará também à infeliz Eva que os seus descendentes se tornaram reis, revestidos de uma veste de glória e que com grande glória glorificam Aquele que os glorificou, brilhantes de corpo, de espírito e de veste? [...] E quem os exaltou? Foi, evidentemente, a Sua Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado. [...]
Tu és brilhante e radioso, Adão. [...] Ao ver-te, o teu adversário definha e exclama: Quem é este que vejo? Não sei. O pó foi renovado (Gn 2, 7), as cinzas foram divinizadas. O pobre doente foi convidado, foi refrescado, entrou e sentou-se à mesa, foi conduzido ao banquete e tem a audácia de comer e o desplante de beber Aquele que o criou. E quem Lho deu? Foi, evidentemente, a Sua Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado.
Esqueceu as suas culpas antigas, não ostenta a menor cicatriz dos primeiros ferimentos. Abandonou os seus longos anos de paralisia na piscina, como tinha feito o paralítico, e deixou de trazer o leito aos ombros, mas traz às costas a cruz d'Aquele que teve piedade dele [...]. Outrora, o Amigo dos homens (Sap 1, 6) lavou muitos homens nas águas, mas eles não brilharam assim; àqueles, porém, a Ressurreição tornou-os luminosos. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado. [...]
Eis-te recriado, novo baptizado, eis-te renovado; não curves as costas ao peso dos pecados. Possuis a cruz como cajado, apoia-te nela. Leva-a à tua oração, leva-a para a mesa, leva-a para o leito, leva-a para todo o lado como título de glória. [...] Grita aos demónios: Com a cruz na mão, ergo-me, louvando a Ressurreição. Glória a Ti, glória a Ti, porque tal foi do Teu agrado.


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