domingo, 1 de maio de 2011

Cristianismo 10

Livro de Jonas 3,1-10.

A palavra do Senhor foi dirigida pela segunda vez a Jonas, nestes termos:
«Levanta-te e vai a Nínive, à grande cidade e apregoa nela o que Eu te ordenar.»
Jonas levantou-se e foi a Nínive, segundo a ordem do Senhor. Nínive era uma cidade imensamente grande e eram precisos três dias para a percorrer.
Jonas entrou na cidade e andou um dia inteiro a apregoar: «Dentro de quarenta dias Nínive será destruída.»
Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, ordenaram um jejum e vestiram-se de saco, do maior ao menor.
A notícia chegou ao conhecimento do rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou o seu manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza.
Em seguida, foi publicado na cidade, por ordem do rei e dos príncipes, este decreto: «Os homens e os animais, os bois e as ovelhas não comam nada, não sejam levados a pastar nem bebam água.
Os homens e animais cubram-se de roupas grosseiras e clamem a Deus com força; converta-se cada um do seu mau caminho e da violência que há nas suas mãos.
Quem sabe se Deus não se arrependerá e acalmará o ardor da sua ira de modo que não pereçamos?»
Deus viu as suas obras, como se convertiam do seu mau caminho e, arrependendo-se do mal que tinha resolvido fazer-lhes, não lho fez.
Livro de Salmos 51(50),3-4.12-13.18-19.
Tem compaixão de mim, ó Deus, pela Tua bondade; pela Tua grande misericórdia, apaga o meu pecado.
Lava-me de toda a iniquidade; purifica-me dos meus delitos.
Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova e dá firmeza ao meu espírito.
Não me afastes da Tua presença, nem me prives do Teu santo espírito!

Não Te comprazes nos sacrifícios nem Te agrada qualquer holocausto que eu Te ofereça.
O sacrifício agradável a Deus é o espírito contrito; ó Deus, não desprezes um coração contrito e arrependido.
Evangelho segundo S. Lucas 11,29-32.
Como as multidões afluíssem em massa, começou a dizer: «Esta geração é uma geração perversa; pede um sinal, mas não lhe será dado sinal algum a não ser o de Jonas.
Pois assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim o será também o Filho do Homem para esta geração.
A rainha do Sul há-de levantar-se, na altura do juízo, contra os homens desta geração e há-de condená-los porque veio dos confins da Terra para ouvir a sabedoria de Salomão; ora aqui está quem é maior do que Salomão!
Os ninivitas hão-de levantar-se, na altura do juízo, contra esta geração e hão-de condená-la porque fizeram penitência ao ouvir a pregação de Jonas; ora aqui está quem é maior do que Jonas.»
São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia depois Bispo de Constantinopla, Doutor da Igreja
Homilias sobre a conversão pronunciadas no seu regresso do campo, nº1 (a partir da trad. DDB 1978, p. 27)

«Eles converteram-se em resposta à proclamação feita por Jonas»
Evitemos perder toda a esperança, mas evitemos igualmente ceder facilmente à indolência. [...] O desespero impede quem cai de se voltar a levantar e a indolência faz cair quem está de pé. [...] Se a presunção nos faz cair do alto dos céus, o desespero lança-nos no abismo infinito do mal, enquanto que basta um pouco de esperança para nos arrancar a ele. [...]
Foi assim que Ninive foi salva. Contudo, a sentença divina pronunciada contra os Ninivitas era de natureza a mergulhá-los no desalento porque ela não dizia: «Se vos arrependerdes, sereis salvos», mas simplesmente: «Dentro de três dias, Ninive será destruída» (Jon, 3, 4). Mas nem as ameaças do Senhor, nem as imposições do profeta, nem a própria severidade da sentença [...] fizeram dobrar a sua confiança. Deus quer que tiremos uma lição desta sentença imposta sem condições a fim de que, instruídos por este exemplo, resistamos tanto ao desespero como à passividade. [...] Por outro lado, a benevolência divina não Se manifesta apenas pelo perdão concedido aos Ninivitas arrependidos [...]: o prazo concedido atesta igualmente a Sua bondade inexprimível. Parece-vos que três dias seriam suficientes para apagar tanta iniquidade? A benevolência de Deus brilha por detrás destas palavras; de resto, não é ela o artífice principal da salvação de toda a cidade?
Que este exemplo nos preserve de todo o desespero porque o diabo considera esta fraqueza como a sua arma mais eficaz e, depois de termos pecado, não saberíamos dar-lhe maior prazer do que perdendo a esperança.

Livro de Ester 14,1.3-5.12-14.
Naqueles dias, a rainha Ester, tomada de angústia mortal, procurou refúgio no Senhor
e fez esta súplica ao Senhor, Deus de Israel: «Meu Senhor, nosso único Rei, vinde socorrer-me porque estou só e não tenho outro auxílio senão Vós
e corre perigo a minha vida.
Desde criança, ouvi dizer na minha tribo paterna que Vós, Senhor, escolhestes Israel entre todos os povos e os nossos pais entre os seus antepassados para serem a vossa herança perpétua e cumpristes tudo o que lhes tínheis prometido.
Lembrai-Vos de nós, Senhor, e manifestai-Vos no dia da nossa tribulação. Fortalecei-me, Rei e Senhor dos poderosos.
Ponde em meus lábios palavras harmoniosas quando estiver na presença do leão e mudai o seu coração para que deteste o nosso inimigo e o arruíne com todos os seus cúmplices.
Livrai-nos com a vossa mão; vinde socorrer-me no meu abandono porque não tenho ninguém senão Vós, Senhor».

Livro de Salmos 138(137),1-2.3.7-8.
Agradeço-Te, SENHOR, de todo o coração, na presença dos poderosos Te hei-de louvar.
Inclino-me voltado para o Teu santo templo e louvarei o Teu nome, pela Tua bondade e pela Tua fidelidade porque foste mais além das Tuas promessas.
Quando Te invoquei, atendeste-me e aumentaste as forças da minha alma.
Quando estou em angústia, conservas-me a vida; estendes a mão contra a ira dos meus inimigos e a Tua mão direita me salva.

O SENHOR tudo fará por mim! Ó SENHOR, o Teu amor é eterno! Não abandones a obra das Tuas mãos!

Evangelho segundo S. Mateus 7,7-12.
«Pedi e ser-vos-á dado; procurai e encontrareis; batei e hão-de abrir-vos.
Pois quem pede, recebe e quem procura, encontra e ao que bate, hão-de abrir.
Qual de vós, se o seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?
Ou se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente?
Ora bem, se vós, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está no Céu dará coisas boas àqueles que lhas pedirem.»
«Portanto, o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles porque isto é a Lei e os Profetas.»
Guilherme de Saint-Thierry (c. 1085-1148), monge beneditino, mais tarde cisterciense A Contemplação de Deus, 5 (a partir da trad. Pain de Cîteaux n.º 23, p. 55 rev.)
«Pedi, procurai, batei»
Apressa-Te, Senhor, não Te demores mais; com efeito, a graça da Tua sabedoria tem os seus atalhos: aonde nenhum edifício de argumentação ou de discussão racional pode dar acesso (e refiro-me à completa fruição do Teu amor), ali se encontra de repente aquele que de Ti recebeu toda a graça, aquele que procura com afinco, aquele que bate com insistência. E se me acontece experimentar qualquer laivo dessa alegria, Senhor ― o que é raro ―, dou por mim a gritar: «Mestre, como é bom estar aqui! Levantemos três tendas (Mt 17, 4): uma para a Fé, outra para a Esperança e outra para a Caridade!»
Saberei eu o que digo quando me ponho a gritar «Senhor, como é bom estar aqui!»? Porque, de repente, caio por terra como morto; olho em volta sem ver nada e volto a dar por mim onde estava dantes: na dor do coração e na aflição da alma. «Até quando, Senhor, até quando?» (Sl 13 (12), 2). Durante quanto tempo ainda guardarei estas ideias no meu íntimo, esta dor no coração todo o santo dia? Durante quanto tempo poderá o Teu Espírito prolongar a Sua morada no homem que é carne, Ele que vem, que vai e que sopra onde quer (Jo 3, 8)? E apesar disso quando o Senhor resgatar Sião do cativeiro, chegará a nossa consolação e a nossa boca se encherá de júbilo (Sl 126 (125), 2). E a verdade da Tua consolação e a consolação da Tua verdade responderá bem lá no fundo do meu ser: «Há o amor pelo desejo e o amor pela posse; por vezes, o amor pelo desejo merece alcançar a visão, a visão a posse e a posse, a perfeição da caridade».

Livro de Ezequiel 18,21-28.
"Mas se o pecador renuncia a todos os pecados que cometeu, se observa todas as minhas leis e pratica o direito e a justiça, ele deve viver, não morrerá.
Não serão lembradas as faltas que cometeu, viverá por causa da justiça que praticou. Porventura me hei-de comprazer com a morte do pecador - oráculo do Senhor DEUS - e não com o facto de ele se converter e viver?
Mas se o justo se desvia da sua justiça e pratica o mal, imitando os crimes abomináveis a que se entrega o pecador, porventura viverá? A justiça que praticou não será recordada; por causa da infidelidade a que se entregou e do pecado que cometeu, morrerá. (
quem pratica o mal e o bem; colherá na altura própria o mal e o bem. Não é por praticar também o bem que o mal fica anulado. Em ambos os casos será usada a medida usada em cada um deles.)
Porém, vós dizeis: 'O modo de proceder do Senhor não é justo.' Escutai, pois, casa de Israel: Então é o meu modo de agir que não é justo? Ou é o vosso que o não é ?
Se o justo se afasta da sua justiça para praticar o mal e morre por causa disto, é por causa do mal que praticou que ele morrerá.
Se o pecador se afasta do pecado que cometeu para praticar o direito e a justiça, ele merece viver.
Se ele se afasta dos pecados que cometeu, viverá certamente, não morrerá.

Livro de Salmos 130(129),1-2.3-4.5-6.7-8.
Do fundo do abismo clamo a ti, SENHOR!
Senhor, ouve a minha prece! Estejam Teus ouvidos atentos à voz da minha súplica!
Se tiveres em conta os nossos pecados, Senhor, quem poderá resistir?
Mas em Ti encontramos o perdão; por isso Te fazes respeitar.

Eu espero no SENHOR! Sim, espero! A minha alma confia na Sua palavra.
A minha alma volta-se para o Senhor mais do que a sentinela para a aurora. Mais do que a sentinela espera pela aurora,
Israel espera pelo SENHOR porque n'Ele há misericórdia e com Ele é abundante a redenção.
Ele há-de livrar Israel de todos os seus pecados.

Evangelho segundo S. Mateus 5,20-26.
Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino do Céu.»
«Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás. Aquele que matar terá de responder em juízo.
Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal; quem lhe chamar 'imbecil’ será réu diante do Conselho e quem lhe chamar 'louco’ será réu da Geena do fogo.
Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti,
deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para apresentar a tua oferta.
Com o teu adversário mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos para não acontecer que ele te entregue ao juiz e este à guarda e te mandem para a prisão (celeste).
Em verdade te digo: Não sairás de lá até que pagues o último centavo.»

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia, depois Bispo de Constantinopla, Doutor da Igreja Homilia sobre a traição de Judas, 6; PG 49, 390
(a partir da trad. Delhougne, Les Pères commentent, p. 96)

«Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão»
Escuta o que diz o Senhor: «Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para apresentar a tua oferta.» Perguntarás : «Deixarei a oferta e o sacrifício diante do altar?» E Ele responde : «Com certeza porque o sacrifício é oferecido precisamente para viveres em paz com o teu irmão.» Assim, pois, se o objectivo do sacrifício é a paz com o teu próximo e tu não salvaguardas a paz, de nada serve participares no sacrifício nem sequer com a tua presença. A primeira coisa que tens a fazer é restabelecer a paz, essa paz pela qual, repito, é oferecido o sacrifício. Então tirarás bom proveito deste.
Porque o Filho do Homem veio ao mundo reconciliar a humanidade com Seu Pai. Como diz Paulo, «Agora Deus reconciliou todas as coisas Consigo» (Col 1, 22), «levando em Si próprio a morte à inimizade» (Ef 2, 16). É por isso que Aquele que veio trazer a paz nos proclama bem-aventurados se seguirmos o Seu exemplo e nos dá o Seu nome como herança: «Bem-aventurados os obreiros da paz porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 9). Portanto, realiza tu, na medida das possibilidades da natureza humana, aquilo que fez Jesus Cristo, o Filho de Deus. Faz reinar a paz entre os outros como ela reina em tua casa. Não é verdade que Jesus Cristo dá o nome de filhos de Deus aos amigos da paz? É por isso que a única disposição que quer de nós quando vamos apresentar um sacrifício é que estejamos reconciliados com os nossos irmãos, mostrando-nos assim que a caridade é a maior de todas as virtudes.

Livro de 2º Samuel 7,4-5.12-14.16.
Mas, naquela mesma noite, o Senhor falou a Natã, dizendo-lhe:
«Vai dizer ao meu servo David: Diz o Senhor: "És tu que me vais construir uma casa para Eu habitar?
Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, manterei depois de ti a descendência que nascerá de ti e consolidarei o seu reino.
Ele construirá um templo ao meu nome e Eu firmarei para sempre o seu trono régio.
Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Se ele cometer alguma falta, hei-de corrigi-lo com varas e com açoites como fazem os homens.
A tua casa e o teu reino permanecerão para sempre diante de mim e o teu trono estará firme para sempre".»

Livro de Salmos 89(88),2-3.4-5.27.29.
Hei de cantar para sempre o amor do SENHOR; a todas as gerações anunciarei a Sua fidelidade.
Proclamarei que o Teu amor é para sempre e que a Tua fidelidade é eterna como o céu.
"Fiz uma aliança com o meu eleito, jurei a David, meu servo:
'Estabelecerei a tua descendência para sempre e o teu trono há-de manter-se eternamente'."

Ele me invocará, dizendo: 'Tu és meu Pai, és o meu Deus e o rochedo da minha salvação!'
Hei-de assegurar-lhe para sempre o meu favor e a minha aliança com ele há-de manter-se firme.

Carta aos Romanos 4,13.16-18.22.
Não foi em virtude da Lei, mas da justiça obtida pela fé que a Abraão ou à sua descendência foi feita a promessa de que havia de receber o mundo em herança.
Por isso, é da fé que depende a herança. Só assim é que esta é gratuita, de tal modo que a promessa se mantém válida para todos os descendentes: não apenas para aqueles que o são em virtude da Lei, mas também para os que o são em virtude da fé de Abraão, pai de todos nós,
conforme o que está escrito: Fiz de ti o pai de muitos povos. Pai diante daquele em quem acreditou, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência o que não existe.
Foi com uma esperança, para além do que se podia esperar, que ele acreditou e assim se tornou pai de muitos povos, conforme o que tinha sido dito: Assim será a tua descendência.
Esta foi exactamente a razão pela qual isso lhe foi atribuído à conta de justiça.

Evangelho segundo S. Mateus 1,16.18-21.24.
Jacob gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus que se chama Cristo.
Ora o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo.
José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente.
Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo.
Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus porque Ele salvará o povo dos seus pecados.»
Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa.

São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador
Homilia de 19/03/63 in «Cristo que passa», §§ 54-56

A vocação de José
Para São José, a vida de Jesus Cristo foi uma contínua descoberta da sua vocação. [...] Aqueles primeiros anos [foram] cheios de circunstâncias aparentemente contraditórias: glorificação e fuga, majestade dos magos e pobreza da gruta, canto dos Anjos e silêncio dos homens. Quando chega o momento de apresentar o Menino no Templo, José, que leva a modesta oferenda de um par de rolas, vê como Simeão e Ana proclamam que Jesus é o Messias. «Seu pai e Sua mãe ouviram com admiração», diz São Lucas (2, 33). Mais tarde, quando o Menino fica no templo sem que Maria e José o saibam, ao encontrá-Lo de novo depois de O procurarem três dias, o mesmo evangelista narra que «se maravilharam» (2, 48).
José surpreende-se, José admira-se. Deus vai-lhe revelando os Seus desígnios e ele esforça-se por compreendê-los. Como toda a alma que quer seguir de perto Jesus Cristo, rapidamente descobre que não é possível andar com passo ronceiro, que não pode viver da rotina porque Deus não Se conforma com a estabilidade num nível conseguido, com o descanso no que já se tem. Deus exige continuamente mais e os Seus caminhos não são os nossos caminhos humanos. São José, como nenhum outro homem antes ou depois dele, aprendeu de Jesus Cristo a estar atento para conhecer as maravilhas de Deus, a ter a alma e o coração abertos.
Mas, se José aprendeu de Jesus Cristo a viver de um modo divino, atrever-me-ia a dizer que, no aspecto humano, ensinou muitas coisas ao Filho de Deus. [...] José amou Jesus Cristo como um pai ama o seu filho, dando-Lhe tudo que de melhor tinha. José, cuidando daquele Menino como lhe tinha sido ordenado, fez de Jesus Cristo um artesão: transmitiu-Lhe o seu ofício. [...] José foi, no aspecto humano, mestre de Jesus Cristo; conviveu com Ele diariamente com carinho delicado e cuidou dele com abnegação alegre. Não será esta uma boa razão para considerarmos este varão justo (Mt 1, 19), este Santo Patriarca, no qual culmina a Fé da Antiga Aliança, Mestre de vida interior?

Livro de Génesis 12,1-4.
O Senhor disse a Abrão: «Deixa a tua terra, a tua família e a casa do teu pai e vai para a terra que Eu te indicar.
Farei de ti um grande povo, abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome e serás uma fonte de bênçãos.
Abençoarei aqueles que te abençoarem e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem e todas as famílias da Terra serão em ti abençoadas.»
Abrão partiu, como o Senhor lhe dissera, levando consigo Lot. Quando saiu de Harã, Abrão tinha setenta e cinco anos.

Livro de Salmos 33(32),4-5.18-19.20.22.
As palavras do SENHOR são verdadeiras, as Suas obras nascem da fidelidade.
Ele ama a rectidão e a justiça; a terra está cheia da Sua bondade.
Os olhos do SENHOR velam pelos Seus fiéis, por aqueles que esperam na Sua bondade,
para os libertar da morte e os manter vivos no tempo da fome.
A nossa alma espera no SENHOR; Ele é o nosso amparo e o nosso escudo.
Venha sobre nós, SENHOR, o Teu amor, pois depositamos em Ti a nossa confiança.

2ª Carta a Timóteo 1,8-10.
Portanto não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor nem de mim, seu prisioneiro, mas compartilha o meu sofrimento pelo Evangelho, apoiado na força de Deus.
Ele salvou-nos e chamou-nos, por santo chamamento, não em atenção às nossas obras, mas segundo o Seu próprio desígnio e a graça a nós concedida em Cristo Jesus, antes dos séculos eternos
e agora revelada na manifestação do nosso Salvador, Cristo Jesus, que destruiu a morte e irradiou vida e imortalidade, por meio do Evangelho.

Evangelho segundo S. Mateus 17,1-9.
Seis dias depois, Jesus Cristo tomou consigo Pedro, Tiago e seu irmão João e levou-os, só a eles, a um alto monte.
Transfigurou-se diante deles: o seu rosto resplandeceu como o Sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. (
isto é, a Sua identidade celeste sobrepôs-se ao seu corpo material e passou a ser vista pelos presentes.)
Nisto, apareceram Moisés e Elias a conversar com Ele.
Tomando a palavra, Pedro disse a Jesus Cristo: «Senhor, é bom estarmos aqui; se quiseres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias.»
Ainda ele estava a falar quando uma nuvem luminosa (nuvem – o Pai; luz – Deus) os cobriu com a sua sombra e uma voz dizia da nuvem (
Deus que é invisível): «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado (enlevo; amor). Escutai-o.»
Ao ouvirem isto, os discípulos caíram com a face por terra, muito assustados.
Aproximando-se deles, Jesus Cristo tocou-lhes, dizendo: «Levantai-vos e não tenhais medo.»
Erguendo os olhos, os discípulos apenas viram Jesus Cristo e mais ninguém.
Enquanto desciam do monte, Jesus Cristo ordenou-lhes: «Não conteis a ninguém o que acabastes de ver até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.»

Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria, Doutor da Igreja Opera Omnia, p. 41 (a partir da trad. Brésard, 2000 ans C, p. 292)

«Este é o Meu Filho muito amado»
Simão Pedro diz: «Senhor, é bom estarmos aqui». Que dizes, Pedro? Se ficarmos aqui, quem realizará então o que predisseram os profetas. Quem confirmará as palavras dos arautos? Quem levará a bom termo os mistérios dos justos? Se ficarmos aqui, a quem se referirão as palavras: «Trespassaram as Minhas mãos e os Meus pés»? A quem se aplicarão as afirmações: «Repartiram entre si as Minhas vestes e deitaram sortes sobre a Minha túnica»? (Sl 21, 17.19; Jo 19, 24). Quem realizará o anúncio do salmo: «Deram-Me fel, em vez de comida e vinagre quando tive sede»? (68, 22; Mt 27, 34; Jo 19, 29) Quem dará vida à expressão: «Estou abandonado entre os mortos»? (Sl 87,6) Como se consumarão as Minhas promessas, como construiremos a Igreja?
E Pedro diz mais: façamos «aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias». Enviado para erigir a Igreja no mundo, Pedro quer levantar três tendas na montanha. Ainda não vê Jesus Cristo senão como homem e classifica-O juntamente com Moisés e com Elias. Mas Jesus Cristo em breve lhe mostra que não precisa de tenda. Fora Ele que, durante quarenta anos, erguera para os Patriarcas uma tenda de nuvem enquanto eles permaneciam no deserto (Ex 40, 34).
«Ainda ele estava a falar quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra». Vês, Simão, esta tenda montada sem esforço? Ela afasta o calor sem comportar as trevas, é uma tenda brilhante e resplandecente! Enquanto os discípulos estão surpresos, uma voz vinda do Pai faz-Se ouvir da nuvem: «Este é o Meu Filho muito amado, no qual pus todo o Meu agrado. Escutai-o.» [...] O Pai ensinava aos discípulos que a missão de Moisés estava concluída: de então em diante é ao Filho que deverão escutar. O Pai, na montanha, revelava aos apóstolos aquilo que ainda lhes estava oculto: «Aquele que é» revelava «Aquele que é» (Ex 3, 14), o Pai dava a conhecer o Seu Filho.

Livro de Daniel 9,4-10.
Supliquei ao Senhor, meu Deus, e fiz-lhe a minha confissão nestes termos: «Ah! Senhor, Deus grande e poderoso, que és fiel à Aliança e que manténs o Teu favor para com os que Te amam e guardam os Teus mandamentos.
Todos nós pecámos, prevaricámos, praticámos a iniquidade, fomos revoltosos, afastámo-nos dos Teus mandamentos e das Tuas leis.
Não escutámos os Teus servos, os profetas, que falaram em Teu nome aos nossos reis, aos nossos chefes, aos nossos pais e a todo o povo da nação.
Para Ti, Senhor, a justiça; para nós, a infâmia, como é hoje para as gentes de Judá, para os habitantes de Jerusalém e para todo o Israel, para aqueles que estão perto e aqueles que estão longe, em todos os países por onde os espalhaste em consequência das iniquidades que cometeram contra Ti.
Sim, ó Senhor, para nós a vergonha, para os nossos reis, para os nossos chefes, para os nossos pais porque pecámos contra Ti.
No Senhor, nosso Deus, a misericórdia e o perdão, pois nos revoltámos contra Ele.
Recusámos escutar a voz do Senhor, nosso Deus; não seguimos as leis que nos propunha pela boca dos seus servos, os profetas.

Livro de Salmos 79,8.9.11.13.
Não recordes contra nós as faltas dos nossos antepassados; venha depressa ao nosso encontro a Tua misericórdia
Socorre-nos, ó Deus, nosso salvador, para glória do Teu nome; livra-nos e perdoa-nos pelo amor do Teu nome
Chegue junto de Ti o gemido dos cativos e, pela grande força do Teu braço, salva da morte os que estão condenados
Nós, que somos o Teu povo e ovelhas do Teu rebanho, glorificar-Te-emos para sempre; de geração em geração.

Evangelho segundo S. Lucas 6,36-38.
Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso.»
«Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados.
Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço.
A medida que usardes com os outros, será usada convosco

Isaac, o Sírio (século VII), monge perto de Mossoul, santo das Igrejas ortodoxas Discursos, 1ª série, n°34 (a partir da trad. cf Touraille, DDB 1981, p. 215)

«Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso.»
Irmão, recomendo-te isto: que a compaixão tenha sempre a supremacia na tua balança até que sintas em ti a compaixão que Deus demonstra para com o mundo. Que este estado se torne o espelho no qual vemos em nós a verdadeira «imagem e semelhança» da natureza e do ser de Deus (Gn 1,26). É por estas coisas e por outras idênticas que recebemos a luz e que uma clara resolução nos leva a imitar Deus. Um coração duro e sem piedade não será nunca puro (Mt 5, 8). Mas o homem compassivo é o médico da sua alma; como que por um vento violento, ele afasta para fora de si as trevas da sua mágoa.

Livro de Isaías 1,10.16-20.
Ouvi a palavra do SENHOR, ó príncipes de Sodoma; escutai a lição do nosso Deus, povo de Gomorra:
Lavai-vos, purificai-vos, tirai da frente dos meus olhos
a malícia das vossas acções. Cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem; procurai o que é justo, socorrei os oprimidos, fazei justiça aos órfãos, defendei as viúvas.
Vinde agora, entendamo-nos, diz o SENHOR. Mesmo que os vossos pecados sejam como escarlate, tornar-se-ão brancos como a neve. Mesmo que sejam vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã.
Se fordes dóceis e obedientes, comereis os bens da terra;
se recusardes, se vos revoltardes, sereis devorados pela espada. É o SENHOR quem o declara.»

Livro de Salmos 50(49),8-9.16-17.21.23.
Não te repreendo por causa dos teus sacrifícios; os teus holocaustos estão sempre na minha presença.
Não reivindico os novilhos da tua casa nem os cabritos dos teus currais;
Ao pecador, Deus declara: "
Porque andas sempre a falar da minha lei e trazes na boca a minha aliança,
tu que detestas os meus ensinamentos e rejeitas as minhas palavras
?
Tens feito tudo isto. Poderei Eu calar-me? Pensavas que Eu era igual a ti? Vou chamar-te a julgamento.Honra-me quem oferece o sacrifício de louvor; a quem anda por este caminho farei participar da salvação de Deus.

Evangelho segundo S. Mateus 23,1-12.
Então, Jesus Cristo falou assim à multidão e aos seus discípulos:
«Os doutores da Lei e os fariseus instalaram-se na cátedra de Moisés.
Fazei, pois, e observai tudo o que eles disserem, mas não imiteis as suas obras, pois
eles dizem e não fazem.
Atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar.
Tudo o que fazem é com o fim de se tornarem notados pelos homens. Por isso, alargam as filactérias e alongam as orlas dos seus mantos.
Gostam de ocupar o primeiro lugar nos banquetes e os primeiros assentos nas sinagogas.
Gostam das saudações nas praças públicas e de serem chamados 'mestres’ pelos homens.
Quanto a vós, não vos deixeis tratar por 'mestres’, pois um só é o vosso Mestre (Jesus Cristo) e
vós sois todos irmãos.
E, na Terra, a ninguém chameis 'Pai’ porque um só é o vosso 'Pai’: aquele que está no Céu.
Nem permitais que vos tratem por 'doutores’, porque um só é o vosso Doutor
(médico).
O maior de entre vós será o vosso servo.
Quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será exaltado.

Imitação de Jesus Cristo, tratado espiritual do século XV
II, 2:
«Da humilde submissão»

«Quem se humilhar será exaltado«
Não te preocupes muito se alguém é por ti ou contra ti, mas procede e ocupa-te de modo a que Deus esteja contigo em tudo quanto faças. Consegue uma consciência pura que Deus te defenderá bem. [...]
Se souberes calar-te e sofrer, verás sem dúvida o auxílio do Senhor. Ele conhece o tempo e o modo de te libertar e por isso a Ele te deves submeter. É próprio de Deus ajudar e libertar de toda a confusão.
Muitas vezes, é mais útil para a conservação da nossa humildade que os outros conheçam os nossos defeitos e os censurem. Quando um homem se humilha por causa dos seus defeitos, acalma os outros facilmente e satisfaz sem custo os que com ele se iravam.



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