domingo, 23 de outubro de 2011

Cristianismo 28

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= CRISTIANISMO =

«Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna» Jo 6,68

Quanto ao desenvolvimento de novas versões linguísticas, lançamos um apelo. Desejamos propor este serviço em chinês (mandarim), hindi e bengali e procuramos pessoas católicas, leigas ou religiosas, que desejem participar nestas (ou noutras) versões de EVANGELIZO. Neste momento, como sabem, existem dez versões: alemão, árabe, arménio, castelhano, francês, inglês, italiano, neerlandês, polaco e português. Os membros da equipa de tradução vivem em várias partes do mundo e são leigos ou religiosos de diversas comunidades: cistercienses, beneditinos, jesuítas, redentoristas, carmelitas descalças, irmãos e irmãs da fraternidade monástica de Jerusalém.


Podem contactar connosco através da página “contactos” do nosso sítio internet: http://www.evangelizo.org/main.php?language=PT&module=contact. Obrigado.


Queremos agradecer também a quantos, com a sua contribuição, permitem o financiamento e o desenvolvimento do serviço. Como sabem, ele é e será sempre gratuito, mas essas contribuições servem, em parte, para apoiar os mosteiros que nos ajudam na selecção e tradução diária dos comentários, bem como para financiar o material informático. É por esta relação entre a vida activa e a contemplativa que o Evangelho Quotidiano pode funcionar.


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Criado em 2001, EVANGELIZO propõe aos seus leitores um acesso fácil e rápido a todas as leituras da liturgia católica do dia, à vida dos santos e a um comentário feito por uma grande figura da Igreja. Com 70 voluntários espalhados pelo mundo, Evangelho Quotidiano é enviado a quase 500 000 leitores, inscritos no serviço de envio diário por correio electrónico.

Fazemo-vos uma proposta; um amigo por dia. É um mínimo, que não ocupa quase tempo nenhum. Abram o nosso portal (http://www.evangelizo.org/) e, clicando na bandeira que vos interessa, inscrevam o amigo de que se lembrarem na casa “o seu endereço e-mail”. Confirmem e já está! Ele receberá uma carta nossa a pedir se aceita a inscrição.

Um por dia! Não é pedir muito, pois não? O Senhor vos agradecerá.

Com os votos de uma santa e frutuosa caminhada,

A equipa portuguesa do Evangelho Quotidiano

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Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Carta aos Romanos 1,16-25.

Irmãos: Não me envergonho do Evangelho, pois ele é poder de Deus para a salvação de todo o crente: o judeu, mas também do não-judeu.
Pois nele a justiça de Deus revela-se através da fé, para a fé, conforme está escrito: O justo viverá da fé.
De facto, a ira de Deus, vinda do céu, revela-se contra toda a impiedade e injustiça dos homens que, com a injustiça, reprimem a verdade.
Porquanto o que de Deus se pode conhecer está à vista deles, já que Deus lho manifestou.
Com efeito, o que é invisível nele o seu eterno poder e divindade tornou-se visível à inteligência, desde a criação do mundo, nas suas obras. Por isso, não se podem desculpar.
Pois, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram nem lhe agradeceram como a Deus é devido. Pelo contrário: tornaram-se vazios nos seus pensamentos e obscureceu-se o seu coração insensato.
Afirmando-se como sábios, tornaram-se loucos
e trocaram a glória do Deus incorruptível por figuras representativas do homem corruptível, de aves, de quadrúpedes e de répteis.
Por isso é que Deus, de acordo com os apetites dos seus corações, os entregou à impureza, de tal modo que os seus próprios corpos se degradaram.
Foram esses que trocaram a verdade de Deus pela mentira e que veneraram as criaturas e lhes prestaram culto em vez de o fazerem ao Criador que é bendito pelos séculos! Ámen.


Livro de Salmos 19(18),2-3.4-5.

Os céus proclamam a glória de Deus
e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
Um dia passa ao outro esta mensagem
e uma noite dá conhecimento à outra noite.

Não são palavras nem discursos
cujo sentido se não perceba.
O seu eco ressoou por toda a Terra,
e a sua palavra, até aos confins do mundo.



Evangelho segundo S. Lucas 11,37-41.

Naquele tempo, depois de Jesus Cristo ter falado, um fariseu convidou-o para almoçar na sua casa; Jesus Cristo entrou e pôs-se à mesa.
O fariseu admirou-se de que Ele não se tivesse lavado antes da refeição.
O Senhor disse-lhe: «Vós, os fariseus, limpais o exterior do copo e do prato, mas o vosso interior está cheio de rapina e de maldade.
Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior?
Antes dai esmola do que possuís e para vós tudo ficará limpo.


São Clemente de Roma, papa de 90 a 100, aproximadamente Epístola aos Coríntios, 14-16


Purificar o interior do nosso coração

É justo e santo, irmãos, obedecer a Deus em vez de seguir os agitadores orgulhosos. [...] Juntemo-nos àqueles que, com piedade, põem em prática a paz, não aos que fingem querer a paz. Com efeito está dito: «Este povo aproxima-se de Mim só com palavras e honra-me só com os lábios, pois o seu coração está longe de Mim» (Is 29,13; Mc 7,6). E ainda: «Abençoam com a boca, mas amaldiçoam com o coração» (Sl 61,5) e também: «Mas logo O enganavam com a boca e Lhe mentiam com a língua. Os seus corações não eram leais com Ele, nem fiéis à Sua aliança» (Sl 77,36). [...]

Com efeito, Jesus Cristo pertence aos que são humildes de coração e não aos que se elevam acima do Seu rebanho. O ceptro da majestade de Deus (cf Heb 1,8), o Senhor Jesus Cristo, não veio acompanhado pela vaidade nem pelo orgulho ─ e no entanto poderia fazê-lo ─, mas pela humildade de coração, como o Espírito Santo tinha dito acerca d'Ele: «Quem acreditou no Nosso anúncio? A quem foi revelado o braço do Senhor? O servo cresceu diante do Senhor como um rebento, como raiz em terra árida, sem figura nem beleza. Vimo-Lo sem aspecto atraente» (Is 53,1-3). [...] Vedes assim, bem-amados, o modelo que vos foi dado. Se o Senhor Se humilhou desta maneira, que deveremos fazer nós, a quem Ele permitiu que caminhemos sob o jugo da Sua graça?


Carta aos Romanos 2,1-11.

Não tens desculpa tu, ó homem, quem quer que sejas, que te armas em juiz. É que, ao julgares o outro, a ti próprio te condenas, por praticares as mesmas coisas, tu que te armas em juiz.
Ora nós sabemos que o julgamento de Deus se guia pela verdade contra aqueles que praticam tais acções.
Cuidas, então tu, ó homem que julgas os que praticam tais acções e fazes o mesmo que escaparás ao julgamento de Deus?
Ou não estarás tu a desprezar as riquezas da sua bondade, paciência e generosidade, ao ignorares que a bondade de Deus te convida à conversão (passar a praticar apenas o bem)?
Afinal, com a tua dureza e o teu coração impenitente, estás a acumular ira sobre ti, para o dia da ira e do justo julgamento de Deus,
que retribuirá a cada um conforme as suas obras:
para aqueles que, ao perseverarem na prática do bem, procuram a glória, a honra e a incorruptibilidade, será a vida eterna;
para aqueles que, por rebeldia, são indóceis à verdade e dóceis à injustiça, será ira e indignação.
Tribulação e angústia para todo o ser humano que pratica o mal, judeu e grego!
Glória, honra e paz para todo aquele que pratica o bem, para o judeu e para o grego!
É que em Deus não existe acepção de pessoas.


Livro de Salmos 62(61),2-3.6-7.9.

Só em Deus descansa a minha alma;
d'Ele vem a minha salvação.
Só Ele é o meu refúgio e a minha salvação,
minha fortaleza: jamais serei abalado.

Só em Deus descansa a minha alma,
d'Ele vem a minha esperança.
Só Ele é o meu refúgio e salvação,
minha fortaleza; jamais serei abalado.

Confiai n'Ele, ó povos, em todo o tempo,
desafogai n'Ele o vosso coração.
Deus é o nosso refúgio.



Evangelho segundo S. Lucas 11,42-46.

Naquele tempo, disse o Senhor: «Ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as plantas e descurais a justiça e o amor de Deus! Estas eram as coisas que devíeis praticar sem omitir aquelas.
Ai de vós, fariseus, porque gostais do primeiro lugar nas sinagogas e de ser cumprimentados nas praças!
Ai de vós, porque sois como os túmulos, que não se vêem e sobre os quais as pessoas passam sem se aperceberem!»
Um doutor da Lei tomou a palavra e disse-lhe: «Mestre, falando assim também nos insultas a nós.»
Mas Ele respondeu: «Ai de vós, também, doutores da Lei, porque carregais os homens com fardos insuportáveis e nem sequer com um dedo tocais nesses fardos!


Isaac, o Sírio (séc. VII), monge dos arredores de Mossul, santo das Igrejas Ortodoxas Sentenças 117, 118



«Ai de vós, doutores da Lei, porque carregais os homens com fardos insuportáveis»

Não alimentes o ódio contra o pecador porque todos somos culpados. Se, por amor a Deus, tiveres contra ele motivo de censura, lamenta-o. Porque lhe terias tu ódio? É o seu pecado que devemos odiar e rezar por ele, se quiseres ser como Jesus Cristo que, longe de Se indignar contra os pecadores, rezava por eles: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem» (Lc 23,34). [...] Qual seria então a razão para odiares o pecador, tu que não passas de um homem? Seria por ele não estar à altura da tua virtude? Mas onde está a tua virtude se te falta a caridade?



Carta aos Romanos 3,21-30.

Irmãos: independentemente da Lei de Moisés, manifestou-se agora a justiça de Deus, testemunhada pela Lei e pelos Profetas:
a justiça que vem para todos os crentes, mediante a fé em Jesus Cristo. É que não há diferença alguma:
todos pecaram e estão privados da glória de Deus.
Sem o merecerem, são justificados pela sua graça, em virtude da redenção realizada em Cristo Jesus.
Deus ofereceu-o para nele, pelo seu sangue, se realizar a expiação que actua mediante a fé; foi assim que ele mostrou a sua justiça, ao perdoar os pecados cometidos outrora,
no tempo da divina paciência. Deus mostra assim a sua justiça no tempo presente porque Ele é justo e justifica quem tem fé em Jesus Cristo.
Onde está, pois, o motivo para alguém se gloriar? Foi excluído! Por qual lei? Pela das obras? De modo nenhum! Mas pela lei da fé.
Pois estamos convencidos de que é pela fé que o homem é justificado, independentemente das obras da lei.
Será Deus apenas Deus dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim, Ele é também Deus dos gentios,
uma vez que há um só Deus. É Ele que há-de justificar pela fé os circuncidados e os não-circuncidados, mediante a fé (de cada um; a fé é alimentada pela prática só do bem. A prática do mal consome a fé).


Livro de Salmos 130(129),1-2.3-4b.4c-6.

Do fundo do abismo clamo a ti, Senhor,
Senhor, ouve a minha prece.
Estejam teus ouvidos atentos
à voz da minha súplica.

Se tiveres em conta os nossos pecados,
Senhor, quem poderá resistir?
Mas em ti encontramos o perdão;
por isso te fazes respeitar.

Eu espero no Senhor!
A minha alma confia na sua palavra.
A minha alma volta-se para o Senhor
mais do que a sentinela para a aurora.



Evangelho segundo S. Lucas 11,47-54.

Naquele tempo, disse O Senhor aos doutores da lei: «Ai de vós, que edificais os túmulos dos profetas quando os vossos pais é que os mataram!
Assim dais testemunho e aprovação aos actos dos vossos pais porque eles mataram-nos e vós edificais-lhes sepulcros.
Por isso mesmo é que a Sabedoria de Deus disse: 'Hei-de enviar-lhes profetas e apóstolos, a alguns dos quais darão a morte e a outros perseguirão
a fim de que se peça contas a esta geração do sangue de todos os profetas derramado desde a criação do mundo,
desde o sangue de Abel até ao sangue de Zacarias, que pereceu entre o altar e o santuário.' Sim, Eu vo-lo digo, serão pedidas contas a esta geração.

Ai de vós, doutores da Lei, porque vos apoderastes da chave da ciência: vós próprios não entrastes e impedistes a entrada àqueles que queriam entrar
Quando saiu dali, os doutores da Lei e os fariseus começaram a pressioná-lo fortemente com perguntas e a fazê-lo falar sobre muitos assuntos, armando-lhe ciladas e procurando apanhar-lhe alguma palavra para o acusarem.


Balduíno de Ford (? - c. 1190), abade cisterciense, depois bispo O sacramento do altar, II,1; SC 93



«Os doutores da Lei e os fariseus começaram a pressioná-Lo fortemente»

Os que derramaram o sangue de Jesus Cristo não o fizeram para apagar os pecados do mundo. [...] Mas inconscientemente serviram o plano de salvação. A salvação do mundo que se seguiu, não se realizou nem pelo seu poder, nem pela sua vontade, nem pela sua intenção, nem pelo seu acto, mas veio do poder, da vontade, da intenção, do acto de Deus. Nesta efusão de sangue, com efeito, o ódio dos perseguidores não era só à obra, mas também ao amor do Salvador. O ódio fez o seu trabalho de ódio, o amor fez a sua obra de amor. Não foi o ódio, mas o amor que realizou a salvação.

Ao derramar o sangue de Jesus Cristo, o ódio derramou-se a si próprio, «a fim de se revelarem os pensamentos de muitos corações» (Lc 2,35). Também o amor, ao verter o sangue de Jesus Cristo, se verteu a si próprio, para que o homem soubesse como Deus o amava: «não poupou o próprio Filho» (Rom 8,32); «porque Deus amou tanto o mundo que lhe deu o Seu Filho único» (Jo 3,16).

Este Filho único foi oferecido, não porque os Seus inimigos prevaleceram, mas porque Ele próprio o quis. «Amou os seus e amou-os até ao fim» (Jo 13,1). O fim é a morte, aceite por aqueles que ama: eis o fim de toda a perfeição, o fim do amor perfeito. «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15,13).



Carta aos Romanos 4,1-8.

Irmãos: Que havemos de dizer de Abraão, nosso antepassado segundo a carne? Que obteve ele afinal?
É que, se Abraão foi justificado por causa das obras, tem um motivo para se poder gloriar, mas não diante de Deus.
Que diz de facto a Escritura? Que Abraão acreditou em Deus e isso foi-lhe atribuído à conta de justiça.
Ora bem, àquele que realiza obras, o salário não lhe é atribuído como oferta, mas como dívida.
Aquele, porém que não realiza qualquer obra, mas acredita naquele que justifica o ímpio, a esse a sua fé é-lhe atribuída como justiça.
Aliás é assim que David celebra a felicidade do homem a quem Deus atribui a justiça independentemente das obras:
Felizes aqueles a quem foram perdoados os delitos e a quem foram cobertos os pecados!
Feliz o homem a quem o Senhor não tem em conta o pecado!


Livro de Salmos 32(31),1-2.5.11.

Feliz aquele a quem é perdoada a culpa
e absolvido o pecado.
Feliz o homem a quem o Senhor
não acusa de iniquidade
e em cujo espírito não há engano.

Confessei-te o meu pecado
e não escondi a minha culpa.
Disse: "Confessarei ao Senhor a minha falta"
e Tu me perdoaste a culpa do pecado.

Alegrai-vos, justos,
e regozijai-vos no Senhor;
exultai todos vós
que sois rectos de coração.



Evangelho segundo S. Lucas 12,1-7.

Naquele tempo, a multidão tinha-se reunido; eram milhares, a ponto de se pisarem uns aos outros. Jesus Cristo começou a dizer primeiramente aos seus discípulos: «Acautelai-vos do fermento dos fariseus que é a hipocrisia.
Nada há encoberto que não venha a descobrir-se, nem oculto que não venha a conhecer-se.
Porque tudo quanto tiverdes dito nas trevas, há-de ouvir-se em plena luz e o que tiverdes dito ao ouvido, em lugares retirados, será proclamado sobre os terraços.
Digo-vos a vós, meus amigos: Não temais os que matam o corpo e depois nada mais podem fazer.
Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem o poder de lançar na Geena. Sim, Eu vo-lo digo, a esse é que deveis temer.
Não se vendem cinco pássaros por duas pequeninas moedas? Contudo, nenhum deles passa despercebido diante de Deus.
Mais ainda, até os cabelos da vossa cabeça estão contados. Não temais: valeis mais do que muitos pássaros.


Santa Catarina de Siena (1347-1380), leiga da Ordem Terceira de São Domingos, doutora da Igreja, co-padroeira da Europa Diálogo, 18


«Até os cabelos da vossa cabeça estão contados»

[Santa Catarina ouviu Deus dizer-lhe]: «Ninguém pode escapar das Minhas mãos porque Eu sou aquele que é (Ex 3,14) e vós não sois por vós próprios; vós sois enquanto fordes feitos por Mim. Eu sou o criador de todas as coisas que participam do ser, mas não do pecado que não é e, portanto não foi feito por Mim. E porque não está em Mim, não é digno de ser amado. A criatura apenas Me ofende na medida em que ama o que não deve amar, o pecado. [...] É impossível aos homens saírem de Mim: ou permanecem em Mim constrangidos pela justiça que lhes sanciona os erros ou permanecem em Mim guardados pela Minha misercórdia. Abre, pois os olhos da tua inteligência e olha para a Minha mão; verás que é verdade o que te digo».

Então abrindo os olhos do espírito para obedecer ao Pai que é tão grande, eu vi o universo inteiro fechado naquela mão divina. E Deus disse-me: «Minha filha, vê agora e que saibas que ninguém Me pode escapar. Todos aqui estão, seguros pela justiça ou pela misericórdia porque são Meus, criados por Mim e Eu amo-os infinitamente. Seja qual for a maldade de que padeçam, terei misericórdia para com eles, por causa dos Meus servos e atenderei o pedido que me fizeste com tanto amor e tanta dor». […]

Então a minha alma, como se estivesse embriagada e fora de si, no ardor cada vez maior do seu desejo, sentiu-se simultaneamente feliz e cheia de dor. Feliz pela união que tivera com Deus, gozando a Sua alegria e bondade, completamente imersa na Sua misericórdia. Cheia de dor ao ver ofendida tão grande bondade.



Carta aos Romanos 4,13.16-18.

Irmãos: Não foi em virtude da Lei, mas da justiça obtida pela fé que a Abraão ou à sua descendência foi feita a promessa de que havia de receber o mundo em herança.
Por isso, é da fé que depende a herança. Só assim é que esta é gratuita, de tal modo que a promessa se mantém válida para todos os descendentes: não apenas para aqueles que o são em virtude da Lei, mas também para os que o são em virtude da fé de Abraão, pai de todos nós,
conforme o que está escrito: Fiz de ti o pai de muitos povos. Pai diante daquele em quem acreditou, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência o que não existe.
Foi com uma esperança para além do que se podia esperar que ele acreditou e assim se tornou pai de muitos povos, conforme o que tinha sido dito: Assim será a tua descendência.


Livro de Salmos 105(104),6-7.8-9.42-43.

Descendentes de Abraão, seu servo,
filhos de Jacob, seu escolhido.
O Senhor é o nosso Deus
e governa sobre a Terra.

Ele recordará sempre a sua aliança,
a promessa que jurou manter por mil gerações,
o pacto que fez com Abraão
e aquele juramento que fez a Isaac.

Deus lembrou-se da sua palavra sagrada
que tinha dado a Abraão, seu servo,
e fez sair o seu povo com alegria
e os seus eleitos com gritos de júbilo.



Evangelho segundo S. Lucas 12,8-12.

Naquele tempo, disse Jesus Cristo aos seus discípulos: «Todo aquele que se declarar por mim diante dos homens, também o Filho do Homem se declarará por ele diante dos anjos de Deus.
Aquele, porém que me tiver negado diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus.
E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do Homem, há-de perdoar-se; mas a quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo, jamais se perdoará.
Quando vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não vos preocupeis com o que haveis de dizer em vossa defesa,
pois o Espírito Santo vos ensinará, no momento próprio, o que deveis dizer.»


Actas do Martírio de São Justino e dos seus companheiros (ano 163); PG 6, 1565-1572 Antologia Litúrgica do Primeiro Milénio, trad. de José de Leão Cordeiro, SNL, Fátima, 2004)



«O Espírito Santo vos ensinará, no momento próprio, o que deveis dizer»

Aqueles homens santos foram presos e levados ao prefeito de Roma, chamado Rústico. Estando eles diante do tribunal, o prefeito Rústico disse a Justino [...]: «Que doutrina professas?» Justino disse: «Procurei conhecer todas as doutrinas, mas acabei por abraçar a doutrina verdadeira dos cristãos». [...] O prefeito Rústico inquiriu: «Que verdade é essa?» Justino explicou: «Adoramos o Deus dos cristãos a quem consideramos como o único Criador, desde o princípio e autor de toda a Criação, das coisas visíveis e invisíveis e o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, de Quem foi anunciado pelos profetas que viria ao género humano como mensageiro da Salvação e Mestre da boa doutrina. E eu porque sou homem e nada mais, considero insignificante tudo o que digo para exprimir a Sua divindade infinita, mas reconheço o valor das profecias [...] e sei que eram inspirados por Deus os profetas que vaticinaram a Sua vinda ao meio dos homens». Rústico perguntou: «Onde vos reunis? [...] Diz-me [...] em que lugar juntas os teus discípulos». Justino respondeu: «Eu vivo em casa de um certo Martinho, nos banhos de Timiotino. [...] Ali, se alguém queria ir ver-me, comunicava as palavras da verdade». Rústico perguntou: «Portanto, tu és cristão?» Justino confirmou: «Sim, sou cristão». O prefeito Rústico perguntou a Caritão: «Diz-me tu agora, Caritão, também és cristão?» Caritão respondeu: «Sou cristão por graça de Deus». [...] Rústico perguntou a Evelpisto: «E tu, de quem és, Evelpisto?» Evelpisto, escravo de César, respondeu: «Também sou cristão, libertado por Jesus Cristo e por graça de Jesus Cristo participo da mesma esperança que estes». [...] O prefeito Rústico perguntou: «Foi Justino que vos fez cristãos?» Hierax respondeu: «Eu sou cristão há muito tempo e cristão continuarei a ser». E Peão, pondo-se de pé, disse: «Também eu sou cristão». [...] Evelpisto disse: «Eu gostava de ouvir os discursos de Justino, mas a ser cristão aprendi-o de meus pais». [...] O prefeito Rústico disse a Liberiano: «E tu, que dizes? Também és cristão? Também tu não tens religião?» Liberiano respondeu: «Também eu sou cristão e, quanto à minha religião, só adoro o Deus verdadeiro». O prefeito disse a Justino: «Ouve, tu que és tido por sábio e julgas conhecer a verdadeira doutrina: se fores flagelado e decapitado, estás convencido de que subirás ao Céu?» Justino respondeu: «Espero entrar naquela morada, se tiver de sofrer o que dizes, pois sei que a todos os que viverem santamente lhes está reservada a recompensa de Deus até ao fim dos séculos». O prefeito Rústico perguntou: «Então tu supões que hás-de subir ao Céu para receber algum prémio em retribuição?» Justino disse: «Não suponho, sei-o com toda a certeza».



Carta aos Romanos 4,20-25.

Irmãos: Diante da promessa de Deus, não duvidou por falta de fé. Pelo contrário, tornou-se mais forte na fé e deu glória a Deus,
plenamente convencido de que Ele tinha poder para realizar o que tinha prometido.
Esta foi exactamente a razão pela qual isso lhe foi atribuído à conta de justiça.
Não é só por causa dele que está escrito “foi-lhe atribuído”,
mas também por causa de nós a quem a fé será tida em conta, nós que acreditamos naquele que ressuscitou dos mortos, Jesus Cristo, Senhor nosso, entregue por causa das nossas faltas e ressuscitado para nossa justificação.


Evangelho segundo S. Lucas 1,69-70.71-72.73-75.

O Senhor nos deu um Salvador poderoso,
na casa de David, seu servo,
conforme prometeu pela boca dos seus santos,
os profetas dos tempos antigos;
Para nos libertar dos nossos inimigos
e das mãos de todos os que nos odeiam;
para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais,
recordando a sua sagrada aliança;
O juramento que fizera a Abraão, nosso pai,
que nos havia de conceder esta graça:
de O servirmos um dia, sem temor,
livres das mãos dos nossos inimigos,
em santidade e justiça, na sua presença,
todos os dias da nossa vida.



Evangelho segundo S. Lucas 12,13-21.

Naquele tempo, alguém do meio da multidão, disse a Jesus Cristo: «Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo.»
Ele respondeu-lhe: «Homem, quem me nomeou juiz ou encarregado das vossas partilhas?»
E prosseguiu: «Olhai, guardai-vos de toda a ganância porque, mesmo que um homem viva na abundância, a sua vida não depende dos seus bens.»
Disse-lhes, então, esta parábola: «Havia um homem rico, a quem as terras deram uma grande colheita.
E pôs-se a discorrer, dizendo consigo: 'Que hei-de fazer, uma vez que não tenho onde guardar a minha colheita?'
Depois continuou: 'Já sei o que vou fazer: deito abaixo os meus celeiros, construo uns maiores e guardarei lá o meu trigo e todos os meus bens.
Depois direi a mim mesmo: Tens muitos bens em depósito para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te.'
Deus, porém disse-lhe: 'Insensato! Nesta mesma noite, vai ser reclamada a tua vida e o que acumulaste para quem será?'
Assim acontecerá ao que amontoa para si e não é rico em relação a Deus (não tem boas obras).»


S. Basílio (cerca 330-379), monge e bispo em Capadócia, doutor da Igreja Catequese 31


Amontoar para si próprio ou ser rico com os olhos postos em Deus?

«Que hei-de fazer? Vou aumentar os meus celeiros!» porque eram as terras deste homem tão produtivas, se ele fazia tão mau uso da sua riqueza? É para mais intensamente se ver a manifestação da imensa bondade de um Deus que estende a Sua graça a todos, «pois Ele faz que o sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores» (Mt 5,45). [...] Eram estes os benefícios de Deus para com este rico: uma terra fecunda, um clima temperado, abundantes colheitas, bois para o trabalho e tudo o que assegurasse a prosperidade. E ele que dava em troca? Mau humor, taciturnidade e egoísmo. Era assim que agradecia ao seu benfeitor.

Esquecia que pertencemos todos à mesma natureza humana; não pensou que devia distribuir o que lhe sobrava aos pobres; não fez nenhum caso destes mandamentos divinos: «não negues um benefício a quem precisa dele, se estiver nas tuas mãos concedê-lo» (Prov 3,27), «não se afastem de ti a bondade e a fidelidade» (3,3), «partilha o teu pão com quem tem fome» (Is 58,7). Todos os profetas, todos os sábios lhe gritavam estes preceitos, mas ele fazia ouvidos de mercador. Os seus celeiros rachavam, muito pequenos para o trigo que lá se acumulava, mas o seu coração não estava satisfeito. [...] Ele não queria desfazer-se de nada, mesmo não chegando a armazenar tudo. Este problema incomodava-o: «Que hei-de fazer?» perguntava constantemente. Quem não teria piedade de um homem assim obcecado? A abundância tornava-o infeliz [...]; lamentava-se tal e qual como os indigentes: «Que hei-de fazer? Como hei-de alimentar-me, vestir-me?» [....]

Observa, homem, quem foi que te cumulou de dons. Reflecte um pouco sobre ti próprio: Quem és tu? O que é que te foi confiado? De quem recebeste esse encargo? Porque fostes tu o escolhido? Tu és servo do bom Deus; tu estás encarregado dos teus companheiros de serviço. [... «Que hei-de fazer?» A resposta é simples: «Saciarei os famintos, convidarei os pobres. [...] Vós todos a quem falta o pão, vinde possuir os dons concedidos por Deus que jorram como que de uma fonte».



2ª Carta a Timóteo 4,9-17b.

Caríssimo: Vem ter comigo quanto antes,
pois Demas abandonou-me. Preferiu o mundo presente e foi para Tessalónica. Crescente foi para a Galácia e Tito para a Dalmácia.
Apenas Lucas está comigo. Traz contigo Marcos, pois me será de grande ajuda no ministério.
Quanto a Tíquico, enviei-o a Éfeso.
Quando vieres, traz o manto que deixei em Tróade, em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente os pergaminhos.
Alexandre, o fundidor de cobre, causou-me muitos danos. O Senhor lhe retribuirá segundo as suas obras.
Toma tu também cuidado com ele, pois muito se tem oposto ao nosso ensinamento.
Na minha primeira defesa, ninguém esteve ao meu lado. Todos me abandonaram. Que não lhes seja levado em conta.
O Senhor, porém esteve comigo e deu-me forças a fim de que, por meu intermédio, o anúncio fosse plenamente proclamado e todos os gentios o escutassem. Assim fui arrebatado da boca do leão.


Livro de Salmos 145(144),10-11.12-13ab.17-18.

Vos agradeçam, Senhor, todas as criaturas
e bendigam-Vos os vossos fiéis.
Proclamem a glória do vosso reino
e anunciem os vossos feitos gloriosos.

Para mostrar aos homens as tuas proezas
e o esplendor glorioso do teu reino.
O teu reino é um reino para toda a eternidade
e o teu domínio estende-se por todas as gerações.

O Senhor é justo em todos os seus caminhos
e misericordioso em todas as suas obras.
O Senhor está perto de todos os que O invocam,
dos que O invocam sinceramente.



Evangelho segundo S. Lucas 10,1-9.

Naquele tempo, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois, à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir.
Disse-lhes: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe.
Ide! Envio-vos como cordeiros para o meio de lobos.
Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias e não vos detenhais a saudar ninguém pelo caminho.
Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: 'A paz esteja nesta casa!'
E se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós.
Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que lá houver, pois o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa.
Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos for servido,
curai os doentes que nela houver e dizei-lhes: 'O Reino de Deus já está próximo de vós.'


Concílio Vaticano II Constituição Dogmática «Dei Verbum» Sobre A Revelação Divina, § 18-19


O testemunho de São Lucas: «Resolvi eu também, depois de tudo ter investigado cuidadosamente [...], expô-los a ti por escrito» (Lc 1,3)

Ninguém ignora que, entre todas as Escrituras, mesmo as do Novo Testamento, os Evangelhos têm o primeiro lugar, enquanto são o principal testemunho da vida e doutrina do Verbo incarnado, nosso Salvador.

A Igreja defendeu e defende sempre e em toda a parte a origem apostólica dos quatro Evangelhos. Com efeito, aquelas coisas que os Apóstolos, por ordem de Jesus Cristo, pregaram foram depois, por inspiração do Espírito Santo, transmitidas por escrito por eles mesmos e por varões apostólicos como fundamento da fé, ou seja, o Evangelho quadriforme, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João.

A Santa Madre Igreja defendeu e defende, firme e constantemente, que estes quatro Evangelhos, cuja historicidade afirma sem hesitação, transmitem fielmente as coisas que Jesus Cristo, Filho de Deus, durante a Sua vida terrena, realmente operou e ensinou para salvação eterna dos homens até ao dia em que subiu ao céu (cf Act 1,1-2). Na verdade, após a ascensão do Senhor, os Apóstolos transmitiram aos seus ouvintes, com aquela compreensão mais plena de que eles, instruídos pelos acontecimentos gloriosos de Jesus Cristo e iluminados pelo Espírito de Verdade (Jo 14,26) gozavam, as coisas que Ele tinha dito e feito.

Os autores sagrados, porém escreveram os quatro Evangelhos escolhendo algumas coisas, entre as muitas transmitidas por palavra ou por escrito, sintetizando umas, desenvolvendo outras, segundo o estado das igrejas, conservando finalmente o carácter de pregação, mas sempre de maneira a comunicar-nos coisas autênticas e verdadeiras acerca de Jesus Cristo. Com efeito, quer relatassem aquilo de que se lembravam e recordavam, quer se baseassem no testemunho daqueles «que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra», fizeram-no sempre com intenção de que conheçamos a «verdade» das coisas a respeito das quais fomos instruídos (cf Lc 1,2-4).
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