quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Cristianismo 20


Livro dos Actos dos Apóstolos 16,11-15.
Embarcámos em Tróade e fomos directamente a Samotrácia; no dia seguinte, fomos a Neápoles
e de lá, a Filipos, cidade de primeira categoria deste distrito da Macedónia e colónia. Estivemos aí durante alguns dias.
No dia de sábado, saímos fora de portas, em direcção à margem do rio, onde era costume haver oração. Depois de nos sentarmos, começámos a falar às mulheres que lá se encontravam reunidas.
Uma das mulheres chamada Lídia, negociante de púrpura, da cidade de Tiatira e temente a Deus, pôs-se a escutar. O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao que Paulo dizia.
Depois de ter sido baptizada bem como os de sua casa, fez este pedido: «Se me considerais fiel ao Senhor, vinde ficar a minha casa.» E obrigou-nos a isso.

Livro de Salmos 149(148),1-2.3-4.5-6a.9b.
Cantai ao SENHOR um cântico novo; louvai-O na assembleia dos fiéis!
Alegre-se Israel no seu Criador; regozije-se o povo de Sião no seu Rei!
Louvem o Seu nome com danças; cantem-lhe ao som de harpas e tambores!
O SENHOR ama o Seu povo e honra os humildes com a vitória!

Exultem de alegria os fiéis pelo triunfo de Deus e cantem jubilosos em seus leitos!
Entoem bem alto os louvores de Deus, com a espada de dois gumes na mão,
para lhes aplicarem a sentença que estava determinada. Esta é a glória de todos os Seus fiéis.

Evangelho segundo S. João 15,26-27.16,1-4.
«Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, que procede do Pai e que Eu vos hei-de enviar da parte do Pai, Ele dará testemunho a meu favor.
E vós também haveis de dar testemunho porque estais comigo desde o princípio.»
«Dei-vos a conhecer estas coisas para não vos perturbardes.
Sereis expulsos das sinagogas; há-de chegar mesmo a hora em que, quem vos matar julgará que presta um serviço a Deus!
E farão isto por não terem conhecido o Pai nem a mim.
Deixo-vos ditas estas coisas para que, quando chegar a hora, vos lembreis de que Eu vo-las tinha dito. Não vo-las disse, porém desde o princípio porque Eu estava convosco.»

Santo Ireneu de Lião (c. 130-v. 208), bispo, teólogo e mártir
Contra as heresias III, 17, 1-2

«Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco»
O Espírito prometido pelos profetas desceu sobre o Filho de Deus feito Filho do homem (Mt 3,16); por isso acostumou-Se com Ele a habitar os homens, a repousar neles, a residir na obra modelada por Deus. E realizava neles a vontade do Pai renovando-os e fazendo-os passar da sua velhice à Boa Nova de Jesus Cristo.
Foi este Espírito que David pediu para o homem, dizendo: «Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova e dá firmeza ao meu espírito» (Sl 50,14 LXX). Foi também este Espírito que Lucas diz que desceu sobre os discípulos após a ascensão do Senhor no dia de Pentecostes, com poder sobre todas as nações para os introduzir na vida e lhes abrir o Novo Testamento. Animados de um mesmo sentimento, os discípulos celebraram os louvores de Deus em todas as línguas, enquanto o Espírito trazia a unidade aos povos separados e oferecia ao Pai as primícias de todas as nações (Act 2).
Foi também por isso que o Senhor prometeu enviar-nos um Paráclito que nos reconciliaria com Deus. Tal como com a farinha seca não se pode fazer a massa, nem um só pão sem água assim também nós que éramos uma multidão, não poderíamos ser um em Cristo Jesus (1Cor 10,17) sem a Água vinda do céu. Tal como a terra árida não frutifica, a menos que receba a água também nós, que inicialmente éramos apenas madeira seca, nunca teríamos dado fruto vivo sem a Chuva generosa vinda do alto. Pelo baptismo, os nossos corpos receberam a união com a incorruptibilidade, enquanto as nossas almas a receberam pelo Espírito. É por isso que tanto um como o outro são necessários dado que os dois contribuem para dar a vida em Deus.

Livro de Sofonias 3,14-18a.
Rejubila, filha de Sião, solta gritos de alegria, povo de Israel! Alegra-te e exulta com todo o coração, filha de Jerusalém!
O Senhor revogou as sentenças contra ti e afastou o teu inimigo. O Senhor, rei de Israel, está no meio de ti. Não temerás mais a desgraça.
Naquele dia, dir-se-á a Jerusalém: «Não temas, Sião! Não se enfraqueçam as tuas mãos!
O Senhor, teu Deus, está no meio de ti como poderoso salvador! Ele exulta de alegria por tua causa, pelo seu amor te renovará. Ele dança e grita de alegria por tua causa
como nos dias de festa.» Afastarei de ti a desgraça para que não pese sobre ti o opróbrio.

Livro de Isaías 12,2-3.4bcd.5-6.
Este é o Deus da minha salvação; estou confiante e nada temo porque a minha força e o meu canto de vitória é o SENHOR; Ele foi a minha salvação.»
Tirareis água com alegria das fontes da salvação.
Naquele dia cantareis: «Louvai o SENHOR, invocai o Seu nome, anunciai as Suas obras entre os povos; proclamai que o Seu nome é excelso.
Cantai ao SENHOR porque Ele fez maravilhas; anunciai-as em toda a Terra.
Exultai de alegria, habitantes de Sião, e proclamai como é grande no meio de ti o Santo de Israel.»

Evangelho segundo S. Lucas 1,39-56.
Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia.
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
Então erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?
Pois logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio.
Feliz de ti que acreditaste porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.»
Maria disse então: «A minha alma glorifica o Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva. De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
O Todo-poderoso fez em mim maravilhas. Santo é o Seu nome.
A Sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O adoram.
Manifestou o Seu poder e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de Seus tronos e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, Seu servo, lembrado da Sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre.»
Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois regressou a sua casa.

Beata Isabel da Ssma. Trindade (1880-1906), carmelita
O Céu na fé (Primeiro retiro), décimo dia

«Maria pôs-se a caminho»
Parece-me que a atitude da Virgem durante os meses que decorreram entre a Anunciação e a Natividade é o modelo das almas interiores, dos seres que Deus escolheu para viverem no Seu íntimo no fundo do abismo sem fundo. Em que paz, em que recolhimento Maria se terá entregado a todas as coisas, divinizando as mais banais! Pois a Virgem adorava o dom de Deus através de tudo, o que não a impedia de se entregar aos outros sempre que se tratava de exercer a caridade.
O Evangelho diz-nos que «Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel». Nunca a visão inefável que contemplava em si própria diminuiu a sua caridade porque, diz um piedoso autor [Ruusbroeck], se a contemplação «a leva ao louvor e à eternidade do seu Senhor, ela possui a unidade e não a perderá. Quando lhe chega uma disposição do céu, volta-se para os homens, compadece-se de todas as suas necessidades, inclina-se sobre todas as misérias; é necessário que chore e que fecunde. Ela ilumina como o fogo; como ele, queima, absorve e devora, elevando para o céu o que consumiu. E depois de realizar a sua acção aqui em baixo, levanta-se e retoma, escaldante com o seu fogo, o caminho das alturas».
Livro dos Actos dos Apóstolos 17,15.22-34.18,1.
Os que acompanhavam Paulo levaram-no a Atenas e regressaram, incumbidos de transmitir a Silas e a Timóteo a ordem de irem reunir-se a Paulo o mais rapidamente possível.
De pé, no meio do Areópago, Paulo disse então: «Atenienses, vejo que sois, em tudo, os mais religiosos dos homens.
Percorrendo a vossa cidade e examinando os vossos monumentos sagrados até encontrei um altar com esta inscrição: ‘Ao Deus desconhecido.’ Pois bem! Aquele que venerais sem o conhecer, é esse que eu vos anuncio.
O Deus que criou o mundo e tudo quanto nele se encontra, Ele que é o Senhor do Céu e da Terra, não habita em santuários construídos pela mão do homem,
nem é servido por mãos humanas como se precisasse de alguma coisa, Ele que a todos dá a vida, a respiração e tudo mais.
Fez, a partir de um só homem, todo o género humano, para habitar em toda a face da Terra e fixou a sequência dos tempos e os limites para a sua habitação
a fim de que os homens procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo, mesmo tacteando, embora não se encontre longe de cada um de nós.
É nele, realmente, que vivemos, nos movemos e existimos como também o disseram alguns dos vossos poetas: ‘Pois nós somos também da sua estirpe.’
Se nós somos da raça de Deus, não devemos pensar que a Divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e engenho do homem.
Sem ter em conta estes tempos de ignorância, Deus faz saber agora a todos os homens e em toda a parte que todos têm de se arrepender,
pois fixou um dia em que julgará o universo com justiça por intermédio de um Homem que designou, oferecendo a todos um motivo de crédito com o facto de O ter ressuscitado de entre os mortos.»
Ao ouvirem falar da ressurreição dos mortos, uns começaram a troçar, enquanto outros disseram: «Ouvir-te-emos falar sobre isso ainda outra vez.»
Foi assim que Paulo saiu do meio deles.
Alguns dos homens, no entanto, concordaram com ele e abraçaram a fé, entre os quais Dionísio, o areopagita, e também uma mulher de nome Dâmaris e outros com eles.
Depois disso, Paulo afastou-se de Atenas e foi para Corinto.

Livro de Salmos 148(147),1-2.11-12ab.12c-14a.14bcd.
Louvai ao SENHOR do alto dos céus; louvai-O nas alturas!
Louvai-O, todos os Seus anjos; louvai-O, todos os Seus exércitos celestes!
Louvai-O, reis do mundo e todos os povos; todos os chefes e governantes do mundo;
os jovens e as donzelas, os velhos e as crianças!

Louvem todos o nome do SENHOR, pois só o Seu nome é sublime e a Sua glória está acima do céu e da Terra!
Ele engrandeceu a força do Seu povo, Ele é a honra de todos os Seus fiéis, dos filhos de Israel, Seu povo amigo.

Evangelho segundo S. João 16,12-15.
«Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora.
Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há-de vir.
Ele há-de manifestar a minha glória porque receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer.
Tudo o que o Pai tem é meu; por isso é que Eu disse: 'Receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer'.»

São Gregório de Nazianzo (330-390), bispo, doutor da Igreja
Discurso 31, 5A teológica, 25-27; PG 36, 159

«Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa»
Ao longo dos tempos, duas grandes revoluções abalaram a Terra; são elas os dois Testamentos, designamo-las assim. Com uma, os homens passaram da idolatria à Lei; com a outra, passaram os homens da Lei ao Evangelho. Um terceiro acontecimento estava predito: aquele que aqui em baixo nos há-de fazer subir às alturas onde já não haverá movimento nem agitação. Ora aqueles dois Testamentos apresentaram o mesmo carácter [...]: não transformaram tudo de forma repentina, desde o primeiro impulso do seu movimento [...]. Tal assim foi para não nos violentar, mas para nos persuadir. Porque o que é imposto pela força não perdura no tempo [...].
O Antigo Testamento manifestou o Pai de forma clara, de forma obscura o Filho. O Novo Testamento revelou o Filho e insinuou a divindade do Espírito. Hoje o Espírito vive entre nós e dá-Se a conhecer mais claramente. Teria sido arriscado num tempo em que a divindade do Pai não estava ainda reconhecida, pregar abertamente o Filho e, enquanto a divindade do Filho não estivesse admitida, impor [...] o Santo Espírito. Temer-se-ia que, tal como quem traz o estômago demasiado cheio ou como quem, com olhos ainda fracos, fixa de frente o sol, os crentes se arriscassem a perder aquilo que conseguiriam aguentar, aquilo para que teriam forças. O esplendor da Trindade devia portanto resplandecer por sucessivos desenvolvimentos ou, como diz David, por graduais peregrinações (Sl 83,6) e por uma progressão de glória em glória [...].
Acrescentarei ainda esta consideração: o Salvador sabia certas coisas que estimava não poderem estar ao alcance dos discípulos, apesar de todos os ensinamentos que estes já tinham recebido. Pelas razões acima ditas, Ele mantinha essas coisas guardadas. E repetia-lhes que o Espírito, quando viesse, tudo haveria de lhes ensinar.
Livro dos Actos dos Apóstolos 18,1-8.
Depois disso, Paulo afastou-se de Atenas e foi para Corinto.
Encontrou ali um judeu chamado Áquila, natural do Ponto, recentemente chegado da Itália com Priscila, sua esposa, porque um édito de Cláudio ordenara que todos os judeus se afastassem de Roma. Paulo foi procurá-los
e, como eram da mesma profissão, isto é, fabricantes de tendas ficou em casa deles e começou a trabalhar.
Todos os sábados, dissertava na sinagoga e esforçava-se por convencer, tanto a judeus como a gregos.
Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedónia, Paulo entregou-se à pregação, afirmando e provando aos judeus que Jesus era o Messias.
Mas perante a oposição e as blasfémias deles, sacudiu as suas vestes e disse-lhes: «Que o vosso sangue recaia sobre as vossas cabeças. Eu não sou responsável por isso. De futuro, dirigir-me-ei aos pagãos.»
Retirou-se dali e foi para casa de um certo Tício Justo, homem temente a Deus, cuja casa era contígua à sinagoga.
No entanto, Crispo, o chefe da sinagoga, acreditou no Senhor, ele e todos os da sua casa; e muitos dos coríntios que ouviam Paulo pregar abraçavam também a fé e recebiam o Baptismo.

Livro de Salmos 98(97),1.2.3-4.
Cantai ao SENHOR um cântico novo porque Ele fez maravilhas! A Sua mão direita e o Seu santo braço lhe deram a vitória.
O SENHOR anunciou a Sua vitória, revelou aos povos a Sua justiça.
Lembrou-se do Seu amor e da Sua fidelidade em favor da casa de Israel. Todos os confins da Terra presenciaram o triunfo libertador do nosso Deus.
Aclamai o SENHOR, Terra inteira, exultai de alegria e cantai.

Evangelho segundo S. João 16,16-20.
«Ainda um pouco e deixareis de me ver; e um pouco mais e, por fim, me vereis.»
Disseram entre si alguns dos discípulos: «Que é isso que Ele nos diz: 'Ainda um pouco e deixareis de me ver e um pouco mais e, por fim, me vereis'? E também: 'Eu vou para o Pai'?»
Diziam, pois: «Que quer Ele dizer com isto: 'Ainda um pouco'? Não sabemos o que Ele está a anunciar!»
Jesus Cristo, percebendo que o queriam interrogar, disse-lhes: «Estais entre vós a inquirir acerca disto que Eu disse: 'Ainda um pouco e deixareis de me ver e um pouco mais e, por fim, me vereis'?
Em verdade, em verdade vos digo: haveis de chorar e lamentar-vos, ao passo que o mundo há-de gozar. Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria! (deixou-lhes a esperança)

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilia 79 sobre São João

A tristeza que gera a alegria
Depois de ter derramado a alegria na alma dos Seus discípulos pela promessa que lhes fez de lhes enviar o Espírito Santo, o Salvador entristece-os de novo ao dizer: «Ainda um pouco e deixareis de Me ver». Age desta forma para os preparar, através desta linguagem triste e severa, para a ideia da Sua próxima separação porque nada é mais próprio para acalmar a alma mergulhada na tristeza e na aflição do que o pensamento frequente dos motivos que produziram nela essa tristeza.
Eles não compreendiam, quer por causa da tristeza que os impedia de pensar no que Ele lhes dizia, quer por causa da obscuridade das próprias palavras que pareciam conter duas coisas contraditórias, mas que, na realidade, não o eram. Pois se Te vemos, podiam eles dizer, como Te vais embora? E se Te vais embora, como Te poderemos ver?
Nosso Senhor, querendo depois mostrar-lhes que a tristeza gera alegria e ainda que aquela tristeza seria curta ao passo que a sua alegria não terá fim, toma a comparação da mulher que dá à luz. Com tal comparação, Ele quer também exprimir, de um modo figurado, que Se libertou dos constrangimentos da morte e que assim regenerou o homem novo. E não diz que não haverá tribulação mas que não Se lembrarão dela, tão grande vai ser a alegria que lhe sucederá.
Livro dos Actos dos Apóstolos 18,9-18.
Certa noite, o Senhor disse a Paulo numa visão: «Nada temas, continua a falar e não te cales
porque Eu estou contigo e ninguém porá as mãos em ti para te fazer mal, pois tenho um povo numeroso nesta cidade.»
Então ele ficou lá durante um ano e seis meses, a ensinar-lhes a palavra de Deus.
Sendo Galião, procônsul da Acaia, levantaram-se os judeus, de comum acordo (obediência cega), contra Paulo e levaram-no ao tribunal.
«Este homem, disseram eles, induz as pessoas a prestar culto a Deus de uma forma contrária à Lei.»
Paulo ia abrir a boca, quando Galião disse aos judeus: «Se se tratasse de uma injustiça ou grave delito, escutaria as vossas queixas, ó judeus, como é meu dever.
Mas como se trata de um conflito doutrinal sobre palavras e nomes e acerca de vossa própria Lei, o assunto é convosco. Recuso-me a ser juiz em semelhante questão.»
E mandou-os sair do tribunal.
Então todos se apoderaram de Sóstenes, o chefe da sinagoga, e puseram-se a bater-lhe diante do tribunal. E Galião não se importou nada com isso.
Depois de se ter demorado ainda algum tempo em Corinto, Paulo despediu-se dos irmãos e embarcou para a Síria, com Priscila e Áquila, rapando a cabeça em Cêncreas, por causa de um voto que tinha feito.

Livro de Salmos 47(46),2-3.4-5.6-7.
Povos todos, batei palmas, aclamai a Deus com brados de alegria
porque o SENHOR, o Altíssimo, é poderoso; Ele é o grande Rei de toda a Terra.
Ele submeteu os povos ao nosso poder, pôs as nações a nossos pés.
Para nós escolheu a nossa herança, a glória de Jacob, Seu predilecto.

Deus subiu por entre aclamações, o SENHOR subiu ao som da trombeta.
Cantai a Deus, cantai! Cantai ao nosso Rei, cantai!

Evangelho segundo S. João 16,20-23a.
Em verdade, em verdade vos digo: haveis de chorar e lamentar-vos, ao passo que o mundo há-de gozar. Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria!
A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza porque chegou a sua hora; mas, quando deu à luz o menino, já não se lembra da sua aflição com a alegria de ter vindo um homem ao mundo.
Também vós vos sentis agora tristes, mas Eu hei-de ver-vos de novo! Então o vosso coração há-de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria.
Nesse dia, já não me perguntareis nada. Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai em meu nome, Ele vo-la dará.

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia, depois Bispo de Constantinopla, Doutor da Igreja
Homilia 1 sobre a Primeira Carta aos Tessalonicenses

«Também vós vos sentis agora tristes, mas Eu hei-de ver-vos de novo! E [...] ninguém vos poderá tirar a vossa alegria»
«Fizestes-vos imitadores do Senhor», diz Paulo. Como? «Recebendo a Palavra no meio de muitas tribulações com a alegria do Espírito Santo» (1Tes 1,6). Não foi somente nas tribulações, foi no meio de tribulações, no meio de sofrimentos sem fim. Podeis constatá-lo nos Actos dos Apóstolos onde vemos como se acicatou a perseguição contra eles, como os seus inimigos os denunciaram aos magistrados e sublevaram a cidade. Eles sofreram tribulações e não se pode dizer que tenham permanecido fiéis com pena, gemendo – não, foram-no com grande alegria, pois os apóstolos tinham-lhes dado o exemplo: «cheios de alegria por terem sido considerados dignos de sofrer vexames por causa do nome de Jesus» (Act 5,41).
É isto que é verdadeiramente admirável! Já é muito sofrer tribulações com paciência; mas alegrar-se com elas é mostrar que se é superior à natureza humana e que já se tem, por assim dizer, um corpo impassível. Mas como é que eles foram imitadores de Jesus Cristo? Pelo facto de também Ele ter sofrido sem soltar uma queixa, com alegria porque era de Sua vontade que Se encontrava em semelhantes tribulações. Foi por nós que Ele Se humilhou, adiantando-Se aos escarros, às bofetadas, à própria cruz e alegrando-Se de tal maneira que chamava a tudo isso a Sua glória: Pai, dizia, glorifica-Me (Jo 17,5).
Livro dos Actos dos Apóstolos 18,23-28.
Depois de aí ter passado algum tempo, voltou a partir e percorreu sucessivamente a Galácia e a Frígia, fortalecendo todos os discípulos.
Entretanto, chegara a Éfeso um judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem eloquente e muito versado nas Escrituras.
Fora instruído na «Via» do Senhor e, com o espírito cheio de fervor, pregava e ensinava com precisão o que dizia respeito a Jesus Cristo, embora só conhecesse o baptismo de João.
Começou a falar desassombradamente na sinagoga. Priscila e Áquila, que o tinham ouvido, tomaram-no consigo e expuseram-lhe, com mais precisão, a «Via» do Senhor.
Como ele queria partir para a Acaia, os irmãos encorajaram-no e escreveram aos discípulos para que o recebessem amigavelmente. Quando lá chegou, pela graça de Deus, prestou grande auxílio aos fiéis;
pois refutava energicamente os judeus, em público, demonstrando pelas Escrituras que Jesus era o Messias.

Livro de Salmos 47(46),2-3.8-9.10.
Povos todos, batei palmas, aclamai a Deus com brados de alegria,
porque o SENHOR, o Altíssimo, é poderoso; Ele é o grande Rei de toda a Terra.
Pois Deus é o Rei de toda a Terra, cantai-lhe um poema de louvor!
Deus reina sobre as nações, Deus está sentado no Seu trono santo.

Reuniram-se os príncipes dos povos ao povo do Deus de Abraão, pois dependem de Deus os potentados da Terra.

Evangelho segundo S. João 16,23b-28.
Nesse dia, já não me perguntareis nada. Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai em meu nome, Ele vo-la dará.
Até agora não pedistes nada em meu nome; pedi e recebereis. Assim a vossa alegria será completa.»
«Até aqui falei-vos por meio de comparações. Está a chegar a hora em que já não vos falarei por comparações, mas claramente vos darei a conhecer o que se refere ao Pai.
Nesse dia, apresentareis em meu nome os vossos pedidos ao Pai e não vos digo que rogarei por vós ao Pai,
pois é o próprio Pai que vos ama porque vós já me tendes amor e já credes que Eu saí de Deus.
Saí do Pai e vim ao mundo; agora deixo o mundo e vou para o Pai.»

São João-Maria Vianney (1786-1859), presbítero, cura em Ars
Catecismo sobre a oração

«Se pedirdes alguma coisa ao Pai em Meu nome, Ele vo-lo dará»
Meus filhos, vós tendes um coração pequeno, mas a oração torna-o maior e capaz de amar a Deus. A oração é um antegosto do céu, um escoamento do paraíso que nunca nos deixa sem doçura. É um mel que desce sobre a alma e tudo adoça. As mágoas fundem-se perante uma oração bem feita como a neve perante o sol. A oração faz passar o tempo com grande rapidez e tão agradavelmente que não nos apercebemos da sua duração. [...]
Vemos alguns que se perdem na oração como peixe na água porque estão completamente embrenhados em Deus. No coração destes, não há mediadores. Ah, como eu gosto destas almas generosas! São Francisco de Assis e Santa Collette viam o Senhor e falavam com Ele como nós falamos uns com os outros. Enquanto nós, quantas vezes vimos à igreja sem saber o que vimos fazer e o que queremos pedir! E no entanto, quando vamos a casa de alguém, sabemos bem porque lá vamos. Há os que parecem dizer a Deus: «Vou dizer-Vos duas palavras para me livrar de Vós». Penso muitas vezes que, quando vimos adorar Nosso Senhor, obteríamos tudo o que quiséssemos se Lho pedíssemos com uma fé bem viva e um coração bem puro.

Livro dos Actos dos Apóstolos 1,1-11.
No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei as obras e os ensinamentos de Jesus Cristo, desde o princípio
até ao dia em que, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera, foi arrebatado ao Céu.
A eles também apareceu vivo depois da sua paixão e deu-lhes disso numerosas provas com as suas aparições, durante quarenta dias e falando-lhes também a respeito do Reino de Deus.
No decurso de uma refeição que partilhava com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem lá o Prometido do Pai, «do qual disse Ele me ouvistes falar.
João baptizava em água, mas dentro de pouco tempo, vós sereis baptizados no Espírito Santo.»
Estavam todos reunidos, quando lhe perguntaram: «Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?»
Respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou com a sua autoridade.
Mas ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo.»
Dito isto, elevou-se à vista deles e uma nuvem subtraiu-o a seus olhos.
E como estavam com os olhos fixos no céu para onde Jesus se afastava, surgiram de repente dois homens vestidos de branco (homens celestes),
que lhes disseram: «Homens da Galileia, porque estais assim a olhar para o céu? Esse Jesus que vos foi arrebatado para o Céu virá da mesma maneira, como agora o vistes partir para o Céu.»

Carta aos Efésios 1,17-23.
Que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê o Espírito de sabedoria e vo-lo revele para o conhecerdes;
sejam iluminados os olhos do vosso coração para saberdes que esperança nos vem do seu chamamento, que riqueza de glória contém a herança que Ele nos reserva entre os santos
e como é extraordinariamente grande o seu poder para connosco, os crentes, de acordo com a eficácia da sua força poderosa,
que eficazmente exerceu em Jesus Cristo: ressuscitou-O dos mortos e sentou-O à sua direita, no alto do Céu,
muito acima de todo o Poder, Principado, Autoridade, Potestade e Dominação e de qualquer outro nome que seja nomeado, não só neste mundo, mas também no que há-de vir.
Sim, Ele tudo submeteu a seus pés e deu-O como cabeça que tudo domina, à Igreja,
que é o seu Corpo, a plenitude daquele que tudo preenche em todos.

Evangelho segundo S. Mateus 28,16-20.
Os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus Cristo lhes tinha indicado.
Quando O viram, adoraram-n'O; alguns, no entanto, ainda duvidavam.
Aproximando-se deles, Jesus Cristo disse-lhes: «Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra.
Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo,
ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.
»

Beato John Henry Newman, presbítero, fundador de comunidade religiosa, teólogo
PPS, vol.6, n.º10

«Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos»
O regresso de Jesus Cristo a Seu Pai é ao mesmo tempo fonte de pesar, por ser sinónimo da Sua ausência e fonte de alegria por significar a Sua presença. Brotam da doutrina da Ressurreição e da Ascensão estes paradoxos cristãos, mencionados com frequência nas Escrituras, a saber, que nos afligimos sem por isso pararmos de rejubilar, como «nada tendo e, no entanto, tudo possuindo» (2Cor 6,10).
Na verdade, é esta a nossa condição presente: perdemos a Jesus Cristo e encontramo-Lo; não O vemos e, apesar disso, podemos discerni-Lo; estreitamos-Lhe os pés (Mt 28,9) e Ele diz-nos «Não Me detenhas» (Jo 20,17). Mas como? Acontece que, tendo perdido a percepção sensível e consciente da Sua pessoa, já não nos é possível vê-Lo, ouvi-Lo, falar-Lhe, segui-Lo de terra em terra; no entanto, usufruimos espiritual, imaterial, interior, mental e realmente da Sua visão e da Sua posse, uma posse envolvida por maior realidade e por maior presença do que alguma vez na vida tiveram os Apóstolos, precisamente por ser espiritual e invisível.
Todos nós sabemos que, neste mundo, quanto mais um objecto está perto de nós, tanto menos conseguimos dele aperceber-nos e compreendê-lo. Jesus Cristo veio até tão perto de nós, na Igreja, que não somos sequer capazes de O fixar com o olhar ou até de O distinguir; apesar disso, Ele instala-Se em nós e assim toma posse da herança por Ele adquirida; não Se nos apresenta e todavia atrai-nos a Si e faz de nós Seus correligionários. [...] Não O vemos sequer, mas no entanto, pela fé, sentimos a Sua presença porque Ele está ao mesmo tempo acima de nós e em nós. Por conseguinte, sentimos pesar porque não temos consciência dessa presença e, ao mesmo tempo, alegria porque sabemos a Quem possuímos: «Sem O terdes visto, vós O amais; sem o ver ainda, credes n'Ele e vos alegrais com uma alegria indescritível e irradiante, alcançando assim a meta da vossa fé: a salvação das [vossas] almas» (1Pe 1,8-9). mailto:eu.maria.figueiras@gmail.com

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