sexta-feira, 4 de março de 2011

Cristianismo 6

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= CRISTIANISMO =
Eis-nos de volta ao tempo comum, o tempo da nossa caminhada.
“Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo”, recorda-nos hoje S. Marcos. E acrescenta: “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”.
Há quase dez anos (faltam poucos meses) que este serviço se dedica a divulgar o Evangelho do dia, num apelo à conversão. Um a um, de boca a orelha, de computador a computador, os nossos leitores têm assumido o papel de arautos, de transmissores da Boa Nova. Mas, como diria o nosso saudoso Papa João Paulo II, “Isso não chega”. É preciso ir mais longe, a mais computadores, a mais orelhas, a mais corações.
Fazemo-vos uma proposta; um amigo por dia. É um mínimo, que não ocupa quase tempo nenhum. Abram o nosso site (www.evangelizo.org) e, clicando na bandeira que vos interessa, inscrevam o amigo de que se lembrarem na casa “o seu endereço e-mail”. Confirmem e já está! Ele receberá uma carta nossa a pedir se aceita a inscrição.
Um por dia! Não é pedir muito, pois não? O Senhor vos agradecerá.
Com os votos de uma santa e frutuosa caminhada,
A equipa portuguesa do Evangelho Quotidiano
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O serviço está agora disponível gratuitamente em vários meios e suportes: por correio electrónico; no computador: www.evangelhoquotidiano.org; em telefone móvel: http://mobile, evangelizo.org; em telefone “Iphone” e “Android”: aplicações “Evangelizo”.
O serviço está agora disponível em 10 línguas: português, espanhol, francês, inglês, alemão, neerlandês, italiano, polaco, árabe e arménio.
Carta aos Hebreus 13,1-8.
Que permaneça a caridade fraterna (Amor). Não vos esqueçais da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos. Lembrai-vos dos presos como se estivésseis presos com eles e dos que são maltratados porque também vós tendes um corpo. Seja o matrimónio honrado por todos e imaculado o leito conjugal, pois Deus julgará os impuros e os adúlteros. Vivei sem avareza, contentando-vos com o que possuís porque o próprio Deus disse: Não te deixarei nem te abandonarei. Assim podemos dizer confiadamente: O Senhor é o meu auxílio;não temerei; que poderá fazer-me um homem? Recordai-vos dos vossos guias que vos pregaram a Palavra de Deus; observai o êxito da sua conduta e imitai a sua fé. Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e pelos séculos.
Livro de Salmos 27,1.3.5.8-9.
O SENHOR é minha luz e salvação: de quem terei medo?
O SENHOR é o baluarte da minha vida: quem me assustará?
Ainda que um exército me cerque, o meu coração não temerá.
Mesmo que me declarem a guerra, ainda assim terei confiança.
No dia da adversidade, Ele me abrigará na Sua cabana;
há-de esconder-me no interior da sua tenda
e colocar-me no alto de um rochedo.
O meu coração murmura por Ti,
os meus olhos Te procuram;
é a Ti que eu procuro, SENHOR.
Não desvies Te de mim nem afastes,
com ira, este Teu servo.
Tu és o meu amparo: não me rejeites
nem me abandones, ó Deus, meu salvador!
Evangelho segundo S. Marcos 6,14-29.
O rei Herodes ouviu falar de Jesus Cristo, pois o Seu nome se tornara célebre e dizia-se: «Este é João Baptista que ressuscitou de entre os mortos e, por isso, manifesta-se nele o poder de fazer milagres»; outros diziam: «É Elias»; outros afirmavam: «É um profeta como um dos outros profetas.» Mas Herodes, ouvindo isto, dizia: «É João, a quem eu degolei, que ressuscitou.» Na verdade, tinha sido Herodes quem mandara prender João e pô-lo a ferros na prisão, por causa de Herodíade, mulher de Filipe, seu irmão, que ele desposara. Porque João dizia a Herodes: «Não te é lícito ter contigo a mulher do teu irmão.» Herodíade tinha-lhe rancor e queria dar-lhe a morte, mas não podia porque Herodes temia João e, sabendo que era homem justo e santo, protegia-o; quando o ouvia, ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado. Mas chegou o dia oportuno quando Herodes, pelo seu aniversário, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e aos principais da Galileia. Tendo entrado e dançado, a filha de Herodíade agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que quiseres e eu to darei.» E acrescentou, jurando: «Dar-te-ei tudo o que me pedires nem que seja metade do meu reino.» Ela saiu e perguntou à mãe: «Que hei-de pedir?» A mãe respondeu: «A cabeça de João Baptista.» Voltando a entrar apressadamente fez o seu pedido ao rei, dizendo: «Quero que me dês imediatamente, num prato, a cabeça de João Baptista.» O rei ficou desolado; mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar. Sem demora, mandou um guarda com a ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi e decapitou-o na prisão; depois trouxe a cabeça num prato e entregou-a à jovem que a deu à mãe. Tendo conhecimento disto, os discípulos de João foram buscar o seu corpo e depositaram-no num sepulcro.
Concílio Vaticano II Declaração sobre a liberdade religiosa, 11
Testemunhas da verdade
Jesus Cristo deu testemunho da Verdade (Jo 18.37), mas não a quis impor pela força aos Seus contraditores. O Seu reino não se defende pela violência (Mt 26, 51-53), mas implanta-se pelo testemunho e pela audição da verdade e cresce pelo amor com que Jesus Cristo, elevado na cruz, a Si atrai todos os homens (e mulheres) (Jo 12, 32).
Os Apóstolos, ensinados pela Palavra e exemplo de Jesus Cristo, seguiram o mesmo caminho [...], não com a coacção ou com artifícios indignos do Evangelho, mas primeiro que tudo com a força da Palavra de Deus (1Cor 2, 3-5). A todos anunciavam com fortaleza a vontade de Deus Salvador «o qual quer que todos os homens (e mulheres) se salvem e venham ao conhecimento da Verdade» (1 Tim. 2, 4); ao mesmo tempo, respeitavam os fracos, mesmo que estivessem no erro, mostrando assim como «cada um de nós dará conta de si a Deus» (Rom. 14, 12) (24) e, nessa medida, tem obrigação de obedecer à própria consciência. [...] Acreditavam firmemente que o Evangelho é a força de Deus, para salvação de todo o que acredita (Rom 1, 16). E assim é que, desprezando todas as «armas carnais» (2Cor 10, 4), seguindo o exemplo de mansidão e humildade de Jesus Cristo, pregaram a Palavra de Deus (Ef 6, 11-17) com plena confiança na sua força para destruir os poderes opostos a Deus [...]. Como o Mestre também os Apóstolos reconheceram a legítima autoridade civil [...]. Ao mesmo tempo não temeram contradizer o poder público que se opunha à vontade sagrada de Deus: «deve-se obedecer antes a Deus do que aos homens» (Act. 5, 29). Inúmeros mártires e fiéis seguiram, no decorrer dos séculos e por toda a Terra, este mesmo caminho.
Carta aos Hebreus 13,15-17.20-21.
Por meio d'Ele (Jesus Cristo), ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu nome. Não vos esqueçais de fazer o bem e de repartir com os outros, pois são esses os sacrifícios que agradam a Deus. Sede submissos e obedecei aos que vos guiam, pois eles velam pelas vossas almas, das quais terão de prestar contas; que eles o façam com alegria e não com gemidos, o que não seria vantajoso para vós. O Senhor da Paz, que ressuscitou dos mortos, o grande Pastor das ovelhas, Jesus Cristo, Senhor nosso, pelo sangue da Aliança Eterna, vos torne aptos para todo o bem a fim de que façais a Sua vontade. Que Ele realize em nós o que lhe é agradável, por meio de Jesus Cristo, ao qual seja dada glória pelos séculos dos séculos. Ámen.
Livro de Salmos 23(22),1-3.4.5.6.
O SENHOR é meu pastor: nada me falta.
Em verdes prados me faz descansar
e conduz-me às águas refrescantes.
Reconforta a minha alma e guia-me
por caminhos rectos, por amor do Seu nome.
Ainda que atravesse vales tenebrosos,
de nenhum mal terei medo porque Tu estás comigo.
A tua vara e o teu cajado dão-me confiança.
Preparas a mesa para mim à vista dos meus inimigos;
ungiste com óleo a minha cabeça;
a minha taça transbordou.
Na verdade, a Tua bondade e o Teu amor
hão-de acompanhar-me todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do SENHOR para todo o sempre.
Evangelho segundo S. Marcos 6,30-34.
Os Apóstolos reuniram-se a Jesus Cristo e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Disse-lhes, então: «Vinde, retiremo-nos para um lugar deserto e descansai um pouco.» Porque eram tantos os que iam e vinham que nem tinham tempo para comer. Foram, pois no barco para um lugar isolado, sem mais ninguém. Ao vê-los afastar, muitos perceberam para onde iam e de todas as cidades acorreram, a pé, àquele lugar e chegaram primeiro que eles. Ao desembarcar, Jesus Cristo viu uma grande multidão e teve compaixão deles porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas.
Isaac, o Sírio (sec. VII), monge perto de Mossul,
santo das Igrejas Ortodoxas Discursos ascéticos, 1ª série, nº 60
(a partir da trad. Touraille, DDB 1981, p. 325)
«Teve compaixão deles»
Se David apelida Deus de justo e recto, o Seu Filho revelou-nos que Ele é bom e manso. [...] Longe de nós o pensamento injusto de que Deus não Se compadece. [...] Como é admirável a compaixão de Deus! Quão maravilhosa é a graça de Deus, nosso Criador, tão poderosa que tudo sofre! Que bondade incomensurável, da qual Ele investe a nossa natureza de pecadores para a recrearmos. Que dizer da Sua glória? Ele perdoa quem O ofendeu e blasfemou, Ele renova esta poeira sem alma [...] e faz do nosso espírito disperso e dos nossos sentidos extraviados uma natureza dotada de razão e capaz de pensar. O pecador não está em condições de compreender a graça da sua ressurreição. [...] O que é a geena (as torrentes de lava interior/exterior à Terra) face à ressurreição quando Ele nos erguer da condenação, concedendo a este corpo perecível a graça de se revestir de incorruptibilidade? (1Cor 15, 53). [...]
Vós que tendes discernimento, vinde e admirai. Quem é aquele que, dotado de uma inteligência sábia e maravilhosa, admira a graça do nosso Criador como ela merece? Esta graça é a retribuição dos pecadores. Porque, em vez do que eles merecem com toda a justiça, Ele dá-lhes a Sua ressurreição. Em vez de corpos que profanaram a Sua Lei, Ele reveste-os da glória da incorruptibilidade. Esta graça – a ressurreição que nos é dada depois de termos pecado – é maior que a primeira, que nos deu quando nos criou, enquanto não existíamos. Glória à Tua graça incomensurável, Senhor! Apenas me posso calar face às vagas da Tua graça. Sou incapaz de Te dizer a gratidão que Te devo.
Livro de Isaías 58,7-10.
(...) repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão. Então a tua luz surgirá como a aurora e as tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se. A tua justiça irá à tua frente e a glória do SENHOR atrás de ti. Então invocarás o SENHOR e Ele te atenderá, pedirás auxílio e te dirá: «Aqui estou!» se repartires o teu pão com o faminto e matares a fome ao pobre, a tua luz (aura) brilhará na tua escuridão e as tuas trevas tornar-se-ão como o meio-dia.
Livro de Salmos 112(111),4-5.6-7.8-9.
Brilha para os homens rectos como luz nas trevas:
Ele é piedoso, clemente e compassivo.
Feliz o homem que se compadece e empresta
e administra os seus bens com justiça.
Este jamais sucumbirá. O justo deixará memória eterna.
Não tem receio das más notícias; o seu coração
está firme e confiante no SENHOR.
O seu coração está firme; por isso nada teme
e verá os seus opressores confundidos.
Reparte do que é seu com os pobres;
a sua generosidade subsistirá para sempre
e o seu poder crescerá em glória.
1ª Carta aos Coríntios 2,1-5.
Eu mesmo, quando fui ter convosco, irmãos, não me apresentei com o prestígio da linguagem ou da sabedoria para vos anunciar o mistério de Deus. Julguei não dever saber outra coisa entre vós a não ser Jesus Cristo e este, crucificado. Estive no meio de vós cheio de fraqueza, de receio e de grande temor. A minha palavra e a minha pregação nada tinham dos argumentos persuasivos da sabedoria humana, mas eram uma demonstração do poder do Espírito de Deus para que a vossa fé não se baseasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.
Evangelho segundo S. Mateus 5,13-16.
«Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se corromper, com que se há-de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende a candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas sim em cima do candelabro e assim alumia a todos os que estão em casa. Assim brilhe a vossa luz (aura) diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras (aumentam ou diminuem, as más obras, a intensidade da aura), glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu.»
Beata Teresa de Calcutá (1910-1997),
fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade Something Beautiful for God
(a partir da trad. La joie du don, Seuil, 1975, p. 31)
«Brilhe a vossa luz diante dos homens»
Os cristãos são para os outros (para os homens [e mulheres] do mundo inteiro) como a luz. Se somos cristãos, devemos ser parecidos com Jesus Cristo.
Se quereis aprender a ser assim, a arte da atenção far-vos-á ser cada vez mais como Jesus Cristo que tinha o coração humilde e estava sempre atento às necessidades dos homens [e mulheres]. Nesta atenção para com os outros dá-se início a uma grande santidade e, para ser bela, a nossa vocação deve estar cheia dessa atenção. Por onde Jesus Cristo passou, só fez o bem. E em Caná, a Virgem Maria só pensou nas necessidades dos outros e no modo de o dizer a Jesus Cristo.
O cristão é um tabernáculo do Deus vivo (porque criou nele as condições para uma pequenina parte de Deus em si morar). Ele criou-me, escolheu-me e veio morar em mim porque de mim teve necessidade. E agora que já aprenderam quanto Deus vos ama, o que haverá de mais natural do que passar o resto da vossa vida a resplandecer com esse amor? Ser verdadeiramente cristão é acolher Jesus Cristo de verdade e assim vir a ser outro Jesus Cristo; é amar como somos amados como Jesus Cristo nos amou na Cruz.
Livro de Génesis 1,1-19.
No princípio, quando Deus criou os céus e a Terra, a Terra era informe e vazia, as trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus movia-se sobre a superfície das águas. Deus disse: «Faça-se a luz.» E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas (isto é, o dia da escuridão e Deus fez a Sua Casa no dia e o Espírito Universal continuou a habitar a escuridão sem casa. Deus e o Espírito Universal são identidades opostas: Deus é a Afectividade, a abundância, um calorzinho muito agradável ...; o outro é a ausência de qualquer sentimento, é ter razão, é a destruição, é o frio da ausência de Deus, ...). Deus chamou dia à luz, e às trevas, noite. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o primeiro dia. Deus disse: «Haja um firmamento entre as águas, para as manter separadas umas das outras.» E assim aconteceu. Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam sob o firmamento (o mar) das que estavam por cima do firmamento (a chuva). Deus chamou céus ao firmamento. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o segundo dia. Deus disse: «Reúnam-se as águas que estão debaixo dos céus, num único lugar, a fim de aparecer a terra seca.» (Assim a terra à superfície era uma grande ilha cercada de um único mar. Assim era a Terra) E assim aconteceu. Deus chamou terra à parte sólida e mar, ao conjunto das águas. E Deus viu que isto era bom. Deus disse: «Que a terra produza verdura, erva com semente, árvores frutíferas que dêem fruto sobre a terra, segundo as suas espécies e contendo semente.» (Os transgénicos são antinatura e resultam apenas do egoísmo e ganância de uns quantos para tornar todos os outros dependentes de si). E assim aconteceu. A terra produziu verdura, erva com semente, segundo a sua espécie, e árvores de fruto, segundo as suas espécies, com a respectiva semente. Deus viu que isto era bom. Assim surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o terceiro dia. Deus disse: «Haja luzeiros (estrelas, ...) no firmamento dos céus, para separar o dia da noite e servirem de sinais, determinando as estações, os dias e os anos; servirão também de luzeiros no firmamento dos céus para iluminarem a Terra.» E assim aconteceu. Deus fez dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao dia (o sol e fez uma casa para o sol exatamente paralela à Sua e o sol lá dentro e todos aqueles que querem ver a face de Deus (sol) e derretem estes corpos humanos celestes. Deus é invisível) e o menor para presidir à noite; fez também as estrelas. Deus colocou-os no firmamento dos céus para iluminarem a Terra, para presidirem ao dia e à noite e para separarem a luz das trevas. E Deus viu que isto era bom. Assim surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o quarto dia.
Livro de Salmos 104(103),1-2.5-6.10.12.24.35.
Bendiz, ó minha alma, o SENHOR!
SENHOR, meu Deus, como Tu és grande!
Estás revestido de esplendor e majestade!
Estás envolto num manto de luz
e estendeste os céus como um véu.
Fundaste a Terra sobre bases sólidas,
ela mantém-se inabalável para sempre.
Tu a cobriste com o manto do abismo
e as águas cobriram as montanhas;
Transformas as fontes em rios
que serpenteiam entre as montanhas.
Os pássaros do céu vêm morar nas suas
margens; ali chilreiam entre a folhagem.
SENHOR, como são grandes as Tuas obras!
Todas elas são fruto da Tua sabedoria!
A Terra está cheia das Tuas criaturas!
Desapareçam da Terra os pecadores!
Os ímpios deixem de existir! (tudo está em constante evolução e alguns passam do egoísmo para a comunhão e os outros são destruídos. Assim haverá sempre ímpios porque eles estão na base da pirâmide)
Bendiz, ó minha alma, o SENHOR! Aleluia!
Evangelho segundo S. Marcos 6,53-56.
Finda a travessia, aproximaram-se de Genesaré e aportaram. Assim que saíram do barco, reconheceram-n'O. Acorreram de toda aquela região e começaram a levar os doentes nos catres para o lugar onde sabiam que Ele se encontrava. Nas aldeias, cidades ou campos, onde quer que entrasse, colocavam os doentes nas praças e rogavam-lhe que os deixasse tocar pelo menos as franjas das suas vestes. E quantos o tocavam ficavam curados.
Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (África do Norte)
e Doutor da Igreja Sermão 306, passim
«Quantos O tocavam ficavam curados»
Todos os homens [e mulheres] querem ser felizes; não há ninguém que não o queira e com tanta intensidade que o deseja acima de tudo. Melhor ainda: tudo o que querem para além disso querem-no para isso. Os homens perseguem paixões diferentes, um esta, outro aquela; também existem muitas maneiras de ganhar a vida neste mundo: cada um escolhe a sua profissão e exerce-a. Mas quer adoptem este ou aquele género de vida, todos os homens [e mulheres] agem nesta vida para serem felizes. [...] O que há então nesta vida capaz de nos fazer felizes que todos desejam mas que nem todos alcançam? Procuremo-lo. [...]
Se eu perguntar a alguém: «Queres viver?», ninguém se sentiria tentado a responder-me: «Não quero». [...] Do mesmo modo, se eu perguntar: «Queres ser saudável?», ninguém me responderá: «Não quero». A saúde é um bem precioso aos olhos do rico e, para o pobre, ela é muitas vezes o único bem que ele possui. [...] Todos concordam no amor pela vida e pela saúde. Ora quando o homem desfruta da vida e é saudável, poderá contentar-se com isso? [...]
Um homem rico perguntou ao Senhor: «Mestre, que devo fazer para ter a vida eterna?» (Mc 10, 17) Ele temia morrer e era forçado a morrer. [...] Ele sabia que uma vida de dor e de tormentos não é vida e que se lhe deveria antes dar o nome de morte. [...] Apenas a vida eterna pode ser feliz. A saúde e a vida neste mundo não a garantem, tememos demasiado perdê-las: chamai a isto «temer sempre» e não «viver sempre». [...] Se a nossa vida não é eterna, se não satisfaz eternamente os nossos desejos, não pode ser feliz, nem sequer é vida. [...] Quando entrarmos nessa vida, teremos a certeza de aí ficar para sempre. Teremos a certeza de possuir eternamente a verdadeira vida sem qualquer temor, pois encontrar-nos-emos naquele Reino sobre o qual se diz: «E o Seu reino não terá fim» (Lc 1, 33).
Livro de Génesis 1,20-31.2,1-4.
Deus disse: «Que as águas sejam povoadas de inúmeros seres vivos e que por cima da terra voem aves, sob o firmamento dos céus.» Deus criou, segundo as suas espécies, os monstros marinhos e todos os seres vivos que se movem nas águas e todas as aves aladas, segundo as suas espécies. E Deus viu que isto era bom. Deus abençoou-os, dizendo: «Crescei e multiplicai-vos e enchei as águas do mar e multipliquem-se as aves sobre a Terra.» Assim surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o quinto dia. Deus disse: «Que a terra produza seres vivos, segundo as suas espécies, animais domésticos, répteis e animais ferozes, segundo as suas espécies.» E assim aconteceu. Deus fez os animais ferozes, segundo as suas espécies, os animais domésticos, segundo as suas espécies, e todos os répteis da Terra, segundo as suas espécies. E Deus viu que isto era bom. Depois Deus disse: «Façamos o ser humano à nossa imagem, à nossa semelhança para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.» Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher. Abençoando-os, Deus disse-lhes: «Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai (=administrai) a Terra. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se movem na terra.» Deus disse: «Também vos dou todas as ervas com semente que existem à superfície da Terra assim como todas as árvores de fruto com semente para que vos sirvam de alimento. E a todos os animais da terra, a todas as aves dos céus e a todos os seres vivos que existem e se movem sobre a terra, igualmente dou por alimento toda a erva verde que a terra produzir. (Deus é o dono/proprietário; nós somos os gestores que prestam contas a Deus no grau da sua responsabilidade)» E assim aconteceu. Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa. Assim surgiu a tarde e, em seguida, a manhã: foi o sexto dia. Foram assim terminados os céus e a Terra e todo o seu conjunto. Concluída, no sétimo dia, toda a obra que tinha feito, Deus repousou, no sétimo dia, de todo o trabalho por Ele realizado. Deus abençoou o sétimo dia e santificou-o, visto ter sido nesse dia que Ele repousou de toda a obra da criação. Esta é a origem da criação dos céus e da Terra. Quando o Senhor Deus fez a Terra e os céus.
Livro de Salmos 8,4-5.6-7.8-9.
Quando contemplo os céus, obra das Tuas mãos,
a Lua e as estrelas que Tu criaste:
que é o homem para te lembrares dele,
o filho do homem para com ele te preocupares?
Quase fizeste dele um ser divino;
de glória e de honra o coroaste.
Deste-lhe domínio sobre as obras das Tuas mãos,
tudo submeteste a seus pés:
rebanhos e gado, sem excepção
e até mesmo os animais bravios;
as aves do céu e os peixes do mar,
tudo o que percorre os caminhos do oceano.
Evangelho segundo S. Marcos 7,1-13.
Os fariseus e alguns doutores da Lei vindos de Jerusalém reuniram-se à volta de Jesus Cristo e viram que vários dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar. É que os fariseus e todos os judeus em geral não comem sem ter lavado e esfregado bem as mãos, conforme a tradição dos antigos; ao voltar da praça pública, não comem sem se lavar e há muitos outros costumes que seguem por tradição: lavagem das taças, dos jarros e das vasilhas de cobre. Perguntaram-lhe, pois os fariseus e doutores da Lei: «Porque é que os teus discípulos não obedecem à tradição dos antigos e tomam alimento com as mãos impuras?» Respondeu: «Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, quando escreveu: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Vazio é o culto que Me prestam e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos. Descurais o mandamento de Deus para vos prenderdes à tradição dos homens.» E acrescentou: «Anulais a vosso bel-prazer o mandamento de Deus para observardes a vossa tradição. Pois Moisés disse: Honra teu pai e tua mãe e ainda: Quem amaldiçoar o pai ou a mãe seja punido de morte. Vós, porém, dizeis: Se alguém afirmar ao pai ou à mãe: 'Declaro Qorban’ isto é, oferta ao Senhor aquilo que poderias receber de mim..., nada mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua mãe, anulando a palavra de Deus com a tradição que tendes transmitido. E fazeis muitas outras coisas do mesmo género.»
Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita, Doutora da Igreja O Caminho da perfeição, cap. 28, 9-11
(a partir da trad. OC, Cerf 1995, p. 805)
«Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim»
Imaginemos que há em nós um palácio de imensa riqueza, todo construído em ouro e pedras preciosas, digno do Mestre a Quem pertence. Em seguida, pensai, minhas irmãs, que a beleza deste edifício também depende de vós. É verdade, pois haverá edifício mais belo do que uma alma pura e cheia de virtudes? E quanto maiores forem, mais resplandecem as pedrarias. Por fim, pensai que neste palácio habita este grande Rei que quis tornar-Se nosso Pai; Ele senta-Se num trono de grande valor que é o vosso coração. [...]
Podereis rir-vos de mim e dizer que isto é muito claro. Tendes razão, mas isto foi obscuro para mim durante um certo tempo. Eu compreendia que tinha uma alma, mas a estima que esta alma merecia, a dignidade d'Aquele que a habitava era algo que eu não compreendia. As vaidades da vida eram como uma venda que colocava sobre os olhos. Se eu tivesse percebido, como percebo hoje, que naquele pequeno palácio da minha alma habita um Rei tão grande, não O teria deixado só tantas vezes; teria ficado de tempos a tempos perto d'Ele e teria feito o necessário para que o palácio estivesse menos sujo. Como é admirável pensar que Aquele cuja grandeza encheria mil mundos e muito mais, cabe numa morada tão pequena!
Livro de Génesis 2,5-9.15-17.
(...) e ainda não havia arbusto algum pelos campos nem sequer uma planta germinara ainda porque o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre a Terra e não havia homem para a cultivar e da terra brotava uma nascente que regava toda a superfície; então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra (celeste) e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida e o homem transformou-se num ser vivo. Depois, o Senhor Deus plantou um jardim no Éden, ao oriente, e nele colocou o homem que tinha formado. O Senhor Deus fez brotar da terra toda a espécie de árvores agradáveis à vista e de saborosos frutos para comer; a árvore da Vida (a figueira) estava no meio do jardim assim como a árvore do conhecimento do bem e do mal. O Senhor Deus levou o homem e colocou-o no jardim do Éden para o cultivar e também para o guardar. E o Senhor Deus deu esta ordem ao homem: «Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore do conhecimento do bem e do mal (parece-me que se trata da árvore da coca que abunda nas florestas tropicais pelo efeitos que tem nos homens e mulheres com consequências mortais a longo prazo; assim o homem e a mulher começaram a praticar o bem e o mal e a conhecer as consequências dessa prática) porque no dia em que o comeres certamente morrerás (porque Deus não poderá mais morar nele já que seria Deus que morreria. Por isso Deus sairá antes disso acontecer. Ao mesmo tempo Deus deu-lhe o livre arbítrio, a possibilidade de escolher. Todos os dias fazemos escolhas, a cada momento e assim encaminhamo-nos para esta ou aquela via; este ou aquele mundo. Não é Deus que nos castiga; somos nós quando escolhemos fazer isto ou aquilo que depois nos será retribuído por outros que também o escolheram e, por isso, se encontram na mesma via que cada um de nós. Deus respeita as nossas escolhas. Assim o façamos nós aos outros que connosco cá vivem. Quem não o fizer; problema dele. Outros não respeitarão as suas escolhas e assim caminhamos!)»
Evangelho segundo S. Marcos 7,14-23.
Chamando de novo a multidão, dizia: «Ouvi-me todos e procurai entender. Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Se alguém tem ouvidos para ouvir, oiça.» Quando, ao deixar a multidão, regressou a casa, os discípulos interrogaram-no acerca da parábola. Ele respondeu: «Também vós não compreendeis? Não percebeis que nada do que, de fora, entra no homem o pode tornar impuro, porque não penetra no coração mas sim no ventre, e depois é expelido em lugar próprio?» Assim, declarava puros todos os alimentos. E disse: «O que sai do homem, isso é que torna o homem impuro. Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos, as prostituições, roubos, assassínios, adultérios, ambições, perversidade, má fé, devassidão, inveja, maledicência, orgulho, desvarios. Todas estas maldades saem de dentro e tornam o homem impuro.»
Afrates (?-c. 345), monge e bispo perto de Mossul,
santo das igrejas ortodoxas Demonstrações (Epístolas), n°4 (a partir da trad. SC 349, p. 292 rev.)
«Cria em mim, ó Deus, um coração puro» (Sl 50, 12)
A pureza do coração é uma oração mais excelente do que todas as orações recitadas em voz alta e o silêncio, conjugado com uma consciência sincera, ultrapassa a voz alta do homem (e da mulher) que grita. Portanto agora, meu amigo, dá-me o teu coração e a tua inteligência: ouve-me falar-te da força da oração pura e vê como os nossos pais, os justos de antigamente, ganharam prestígio pela sua oração diante de Deus e como esta se tornou para eles numa oferenda pura.
Com efeito, foi pela oração que as oferendas foram aceites. Foi ela que fez parar o dilúvio, curou a esterilidade, fez retirar exércitos, desvendou mistérios, fendeu o mar e abriu um caminho no Jordão, reteve o sol e imobilizou a lua, exterminou os impuros e fez cair fogo, conteve o céu, permitiu sair da fossa, libertou do fogo e salvou do mar. A sua força é muitíssimo considerável como era considerável o poder do jejum puro. [...]
Efectivamente, foi, antes de mais, devido à pureza do coração de Abel que a sua oferenda foi aceite diante de Deus, enquanto que a de Caim foi rejeitada (Gn 4, 4ss.). [...] Foram os frutos do coração deste que demonstraram e testemunharam que ele estava cheio de malícia, visto que tinha matado o seu irmão. Com efeito, o que o seu pensamento tinha concebido, as suas mãos o tornaram realidade; mas a pureza do coração de Abel estava na sua oração.
Livro de Génesis 2,18-25.
O Senhor Deus disse: «Não é conveniente que o homem esteja só; vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele.» Então o Senhor Deus, após ter formado da terra todos os animais dos campos e todas as aves dos céus, conduziu-os até junto do homem a fim de verificar como ele os chamaria para que todos os seres vivos fossem conhecidos pelos nomes que o homem lhes desse. O homem designou com nomes todos os animais domésticos, todas as aves dos céus e todos os animais ferozes; contudo, não encontrou auxiliar semelhante a ele. Então, o Senhor Deus fez cair sobre o homem um sono profundo; e, enquanto ele dormia, tirou-lhe uma das suas costelas, cujo lugar preencheu de carne. Da costela que retirara do homem, o Senhor Deus fez a mulher e conduziu-a até ao homem. Então, o homem exclamou: «Esta é realmente osso dos meus ossos e carne da minha carne. Chamar-se-á mulher, visto ter sido tirada do homem!» Por esse motivo, o homem deixará o pai e a mãe para se unir à sua mulher e os dois serão uma só carne(um ser humano completo porque homem e mulher se complementam). Estavam ambos nus, tanto o homem como a mulher, mas não sentiam vergonha (porque as suas mentes eram puras, sem maldade, viviam a inocência do paraíso; por isso Jesus Cristo nos informou que só quando formos como as crianças podemos entrar nos céus).
Livro de Salmos 128(127),1-2.3.4-5.
Felizes os que obedecem ao SENHOR
e andam nos Seus caminhos.
Comerás do fruto do teu próprio trabalho:
assim serás feliz e viverás contente.
A tua esposa será como videira
fecunda na intimidade do teu lar;
os teus filhos serão como rebentos
de oliveira ao redor da tua mesa.
Assim vai ser abençoado o homem
que obedece ao SENHOR.
O SENHOR te abençoe do monte Sião!
Possas contemplar a prosperidade
de Jerusalém todos os dias da tua vida.
Evangelho segundo S. Marcos 7,24-30.
Partindo dali, Jesus Cristo foi para a região de Tiro e de Sídon. Entrou numa casa e não queria que ninguém o soubesse, mas não pôde passar despercebido porque logo uma mulher que tinha uma filha possessa de um espírito maligno, ouvindo falar dele, veio lançar-se a seus pés. Era gentia, siro-fenícia de origem e pedia-lhe que expulsasse da filha o demónio. Ele respondeu: «Deixa que os filhos comam primeiro, pois não está bem tomar o pão dos filhos para o lançar aos cachorrinhos.» Mas ela replicou: «Dizes bem, Senhor; mas até os cachorrinhos comem debaixo da mesa as migalhas dos filhos.» Jesus Cristo disse: «Em atenção a essa palavra, vai; o demónio saiu de tua filha.» Ela voltou para casa e encontrou a menina recostada na cama. O demónio tinha-a deixado.
Isaac de l'Étoile (? - c. 1171), monge cistercense Sermão 33, 1º para o 2º Domingo de Quaresma
(a partir da trad. cf. SC 207, pp. 221-227)
«Jesus Cristo foi para a região de Tiro»
«Partindo dali, Jesus Cristo foi para a região de Tiro e Sídon» (Mt 15, 21). Quando «o Verbo Se fez homem e veio habitar connosco» (Jo 1, 14), saiu do Pai para vir ao mundo (Jo 16, 28). «Ele, que é de condição divina», saiu da Sua pátria para «Se esvaziar de Si mesmo, tomando a condição de servo» (Fil 2,6-7), «carne idêntica à do pecado» (Rom 8, 3), a fim de ser encontrado pelos que saem do seu território para irem ao encontro d'Ele na região de Tiro e Sídon. [...] Pois esta mulher Cananeia sai do interior do seu território (Mt 15, 22) e encontra, na fronteira da sua região, o médico que vem voluntariamente, que por misericórdia sai da Sua região, que com bondade Se apresenta numa região estrangeira, ao doente que não teria podido abordá-lO caso Ele tivesse permanecido em casa. Como Deus bem-aventurado, justo e forte, Ele estava no alto e era interdito ao homem miserável subir até Ele. [...] Por conseguinte, cheio de compaixão, fez o que correspondia à piedade: veio Ele até junto do pecador. [...]
Saiamos, por conseguinte, irmãos, saiamos, cada um por si, do lugar da nossa própria injustiça. [...] Odiai o pecado e então saíreis do pecado. Odiais o pecado e reencontrastes Jesus Cristo onde Ele se encontra. [...] Mas direis que até isso é demasiado para vós e que, sem a graça de Deus, é impossível ao homem odiar o pecado, desejar a justiça, desejar não pecar e querer arrepender-se. «Dêem graças ao Senhor, pelo seu amor e pelas suas maravilhas em favor dos homens!» (Sl 106, 8) Com efeito, se foi pela Sua graça que Ele Se retirou claramente para a região de Tiro e Sídon, onde a mulher O poderia encontrar, foi também por graça que tirou secretamente esta mulher da sua morada mais interior. [...]
Esta mulher simboliza a Igreja, predestinada eternamente, chamada e justificada no tempo, destinada à glória no fim dos tempos (Rom 8, 30) que sem interrupção roga pela sua filha, quer dizer, por cada um dos eleitos.
Livro de Génesis 3,1-8.
A serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o Senhor Deus fizera e disse à mulher: «É verdade ter-vos Deus proibido comer o fruto de alguma árvore do jardim?» A mulher respondeu-lhe: «Podemos comer o fruto das árvores do jardim; mas quanto ao fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Nunca o deveis comer, nem sequer tocar nele, pois, se o fizerdes, morrereis (para o bem).’ A serpente retorquiu à mulher: ‘Não, não morrereis porque Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal’.» Vendo a mulher que o fruto da árvore devia ser bom para comer, pois era de atraente aspecto e precioso para esclarecer a inteligência, agarrou do fruto, comeu, deu dele também a seu marido que estava junto dela e ele também o comeu (porque queriam ter o poder de Deus e assim não precisar mais d'Ele). Então abriram-se os olhos aos dois (perderam a inocência) e, reconhecendo que estavam nus, coseram folhas de figueira umas às outras e colocaram-nas, como se fossem cinturas, à volta dos rins. Ouviram então a voz do Senhor Deus, que percorria o jardim pela brisa da tarde e o homem e a sua mulher logo se esconderam do Senhor Deus por entre o arvoredo do jardim.
Livro de Salmos 32(31),1-2.5.6.7.
Feliz aquele a quem é perdoada a culpa e absolvido o pecado.
Feliz o homem a quem o SENHOR não acusa de iniquidade
e em cujo espírito não há engano. Confessei-te o meu pecado
e não escondi a minha culpa; disse: "Confessarei ao SENHOR
a minha falta" e Tu me perdoaste a culpa do pecado.
Por isso todo o fiel Te invoca no tempo da angústia.
E mesmo que transbordem águas caudalosas,
jamais o hão de atingir. Tu és o meu refúgio: livras-me
da angústia e me envolves em cânticos de libertação.
Evangelho segundo S. Marcos 7,31-37.
Tornando a sair da região de Tiro, veio por Sídon para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. Trouxeram-lhe um surdo tartamudo e rogaram-lhe que impusesse as mãos sobre ele. Afastando-se com ele da multidão, Jesus Cristo meteu-lhe os dedos nos ouvidos e fez saliva com que lhe tocou a língua. Erguendo depois os olhos ao céu, suspirou dizendo: «Effathá», que quer dizer «abre-te.» Logo os ouvidos se lhe abriram, soltou-se a prisão da língua e falava correctamente. Jesus Cristo mandou-lhes que a ninguém revelassem o sucedido; mas quanto mais lho recomendava, mais eles o apregoavam. No auge do assombro, diziam: «Faz tudo bem feito: faz ouvir os surdos e falar os mudos.»
Papa Bento XVI Discurso aos seminaristas 17/02/2007 (trad. © libreria Editrice Vaticana)
«Oxalá ouvísseis hoje a Sua voz» (Sl 94,7)
Como podemos discernir a voz de Deus entre as mil vozes que ouvimos todos os dias neste nosso mundo? Diria: Deus fala connosco de modos muito diferentes. Fala através de outras pessoas, através dos amigos, dos pais, do pároco, dos sacerdotes. [...] Fala por meio dos acontecimentos da nossa vida, nos quais podemos discernir um gesto de Deus; fala também através da natureza, da criação e fala, naturalmente e sobretudo, na Sua Palavra, na Sagrada Escritura, lida na comunhão da Igreja e pessoalmente em diálogo com Deus.
É importante ler a Sagrada Escritura, por um lado, de modo muito pessoal e realmente, como diz São Paulo, não como palavra de um homem ou como um documento do passado, como lemos Homero ou Virgílio, mas como uma Palavra de Deus que é sempre actual e fala comigo; aprender a ouvir um texto, que é historicamente do passado mas que é a Palavra viva de Deus, ou seja, entrar em oração e assim fazer da leitura da Sagrada Escritura um diálogo com Deus.
Santo Agostinho, nas suas homilias, diz com frequência: «Bati várias vezes à porta desta Palavra até que pude compreender o que o próprio Deus me dizia»; por um lado, esta leitura muito pessoal, este diálogo pessoal com Deus, no qual procuro o que o Senhor me diz e, juntamente com esta leitura pessoal, é muito importante a leitura comunitária porque o sujeito vivo da Sagrada Escritura é o Povo de Deus, é a Igreja.♥
mailto:eu.maria.figueiras@gmail.com

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