sexta-feira, 1 de abril de 2011

Cristianismo 8

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= CRISTIANISMO =


Fazemo-vos uma proposta; um amigo por dia. É um mínimo, que não ocupa quase tempo nenhum. Abram o nosso site (http://www.evangelizo.org/) e, clicando na bandeira que vos interessa, inscrevam o amigo de que se lembrarem na casa “o seu endereço e-mail”. Confirmem e já está! Ele receberá uma carta nossa a pedir se aceita a inscrição.
Um por dia! Não é pedir muito, pois não? O Senhor vos agradecerá.
Com os votos de uma santa e frutuosa caminhada,
A equipa portuguesa do Evangelho Quotidiano
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Livro de Eclesiástico 17,1-15.
O Senhor criou os homens (e as mulheres) a partir da terra (celeste) e a ela de novo os faz voltar. Determinou-lhes um tempo e um número de dias (só Deus o sabe) e deu-lhes domínio sobre (a gestão de) tudo o que há na Terra. Revestiu-os de força como a si mesmo e fê-los à sua própria semelhança. Fê-los temidos de todo o ser vivo e impôs o seu domínio sobre os animais e as aves. Eles receberam o uso dos cinco poderes do Senhor; como sexto foi-lhes dada a participação da inteligência e como sétimo, a razão (raciocínio; ter razão raciocinar), intérprete dos seus poderes. Dotou-os de inteligência, língua e olhos, de ouvidos e dum coração para pensar. Encheu-os de saber e de inteligência e mostrou-lhes o bem e o mal. Pôs o seu olhar sobre os seus corações a fim de lhes mostrar a grandeza das Suas obras e concedeu-lhes que celebrassem eternamente as Suas maravilhas. Louvarão o nome de Deus Santo, publicando a magnificência das Suas obras. Concedeu-lhes a ciência e deu-lhes em herança a Lei da Vida (– acasalamento e procriação). Concluiu com eles uma Aliança Eterna e revelou-lhes os Seus decretos. Viram com os próprios olhos a grandeza da Sua glória, os seus ouvidos escutaram a majestade da Sua voz. Disse-lhes: «Guardai-vos de toda a iniquidade (= não-equidade)» e impôs a cada um deveres para com o próximo. Os seus caminhos estão sempre diante d'Ele, não poderão ficar ocultos aos Seus olhos.

Livro de Salmos 103(102),13-14.15-16.17-18.
Como um pai se compadece dos filhos
assim o SENHOR se compadece dos que O adoram.
Na verdade, Ele sabe de que somos formados;
não se esquece de que somos pó da terra.

Os dias dos seres humanos são como a erva:
brota como a flor do campo,mas quando sopra
o vento sobre ela, deixa de existir
e não se conhece mais o seu lugar.

Mas o amor do SENHOR é eterno para os que O adoram
e a Sua justiça chega até aos filhos dos seus filhos
para os que guardam a Sua aliança e se lembram
de cumprir os Seus preceitos.

Evangelho segundo S. Marcos 10,13-16.
Apresentaram-lhe uns pequeninos para que Ele os tocasse; mas os discípulos repreenderam os que os haviam trazido. Vendo isto, Jesus Cristo indignou-se e disse-lhes: «Deixai vir a mim os pequeninos e não os afasteis porque o Reino de Deus pertence aos que são como eles (têm a inocência; não têm a maldade; confiam). Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não entrará nele.» Depois tomou-os nos braços e abençoou-os, impondo-lhes as mãos.

Bem-Aventurado Guerric de Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense 1º sermão para a Natividade (a partir da trad. SC 166, p. 167 rev.)

Acolher o Reino de Deus à maneira de uma criança
Um Menino nasceu para nós: o Deus de majestade aniquilou-Se a Si próprio, tornando-Se semelhante, não apenas ao corpo terreno dos mortais, mas ainda à idade das crianças, imbuído de fraqueza e pequenez. Bem-aventurada infância, cuja fraqueza e simplicidade são mais fortes e mais sábias que todos os homens! Porque a força e a sabedoria de Deus realizam verdadeiramente aqui a Sua obra divina através das nossas realidades humanas. Sim, a fraqueza desta criança triunfa sobre o príncipe deste mundo; quebra os nossos laços e liberta-nos do cativeiro. A simplicidade deste Menino, que parece mudo e privado da palavra, torna eloquente a linguagem das crianças; Ele fala a linguagem dos homens e dos anjos. [...] Esta criança parece ignorante, mas é Ela que ensina a sabedoria aos homens e aos anjos, Ela que é na verdade [...] a Sabedoria de Deus e o Seu Verbo, a Sua Palavra.
Ó santa e suave infância, tu que restituis aos homens a inocência verdadeira, graças à qual, em qualquer idade, podemos regressar à bem-aventurada infância e assemelharmo-nos a ti, não pela pequenez do corpo, mas pela humildade do coração e pela doçura do comportamento! Certamente que vós, os filhos de Adão, que sois tão grandes aos vossos olhos [...], se não vos converterdes (=se não praticardes apenas o bem) e não vos tornardes como esta criancinha, não entrareis no Reino dos céus. «Eu sou a porta do Reino», diz esta criancinha. Se o homem não se abaixar, esta humilde porta não o deixará entrar.
Livro de Isaías 49,14-15.
Sião dizia: «O SENHOR abandonou-me, o meu dono esqueceu-se de mim.» «Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria».

Livro de Salmos 62(61),2-3.6-7.8-9.
Só em Deus descansa a minha alma;
d'Ele vem a minha salvação.
Só Ele é o meu refúgio e a minha salvação,
a minha fortaleza: jamais serei abalado.

Só em Deus descansa a minha alma,
d'Ele vem a minha esperança.
Só Ele é o meu refúgio e salvação,
a minha fortaleza; jamais serei abalado.

Em Deus está a minha salvação e o meu sucesso,
Ele é o meu rochedo seguro e o meu refúgio.
Confiai n'Ele, ó povos, em todo o tempo,
desafogai n'Ele o vosso coração.
Deus é o nosso refúgio.

1ª Carta aos Coríntios 4,1-5.
Considerem-nos, pois, servidores de Jesus Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Ora o que se requer dos administradores é que sejam fiéis. Quanto a mim, pouco me importa ser julgado por vós ou por um tribunal humano. Nem eu me julgo a mim mesmo. De nada me acusa a consciência, mas nem por isso me dou por justificado; quem me julga é o Senhor. Por conseguinte, não julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor. Ele é quem há-de iluminar o que se esconde nas trevas e desvendar os desígnios dos corações. E então cada um receberá de Deus o louvor que merece.

Evangelho segundo S. Mateus 6,24-34.
Ninguém pode servir a dois senhores: ou não gostará de um deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.» «Por isso vos digo: Não vos inquieteis quanto à vossa vida, com o que haveis de comer ou beber, nem quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Porventura não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestido? Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros e o vosso Pai celeste alimenta-as. Não valeis vós mais do que elas? Qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado (medida) à duração de sua vida? Porque vos preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam! Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé? Não vos preocupeis, dizendo: 'Que comeremos, que beberemos ou que vestiremos?’ Os pagãos, esses sim, afadigam-se com tais coisas; porém, o vosso Pai celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso. Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais se vos dará por acréscimo. Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema

São Vicente de Paulo (1581-1660), presbítero,
fundador de comunidades religiosas Conferência de 21/02/1659 (trad. a partir de Seuil 1960, p. 547)

Procurai primeiro o reino de Deus
«Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais se vos dará por acréscimo.» [...] Por conseguinte é dito que procuremos o reino de Deus. «Procurai-o» é apenas uma palavra, mas parece-me significar muitas coisas. Quer dizer [...] trabalhar incessantemente para o reino de Deus e não permanecer num estado ocioso e estático, prestar atenção ao interior para bem o regrar e não aos divertimentos exteriores. [...] Procurai Deus dentro de vós, visto que Santo Agostinho confessa que, enquanto O procurou fora dele, não O encontrou. Procurai na vossa alma como Sua morada agradável e base onde os Seus servos procuram pôr em prática todas as virtudes. A vida interior é imprescindível e é necessário ampliá-la; se não tivermos vida interior, nada temos. [...] Procuremos tornar-nos interiores. [...] Procuremos a glória de Deus, procuremos o reino de Jesus Cristo. [...]
«Mas [dir-me-ão] há tanto a fazer, tantos trabalhos em casa, tantos empregos na cidade, no campo; trabalho por toda a parte; será então neces-sário deixar tudo para pensar unicamente em Deus?» Não, mas é necessário santificar estas ocupações, procurando Deus nelas e fazê-las para O encontrar mais do que para as ver feitas. Nosso Senhor quer, antes de tudo, que procuremos a Sua glória, o Seu reino, a Sua justiça e, por isso, que o nosso tesouro seja a vida interior, a fé, a confiança, o amor, os exercícios espirituais [...], os trabalhos e as dores com vista a Deus, nosso soberano Senhor. [...] Uma vez assim constituídos na procura da glória de Deus, temos a certeza de que o resto se seguirá.

Livro de Eclesiástico 17,24-29.
Aos que se arrependem, porém, Ele deixa-os recomeçar e conforta os que perderam a perseverança. Converte-te ao Senhor, deixa os teus pecados, suplica diante d'Ele e evita as ocasiões de pecado. Volta-te para o Altíssimo, afasta-te da injustiça – pois Ele próprio te conduzirá das trevas à claridade da salvação – e detesta profundamente o que é abominável. Quem louvará o Altíssimo no Hades, em lugar dos vivos, quem o poderá louvar? O morto, como quem não existe, já não pode louvar; o homem vivo e com saúde é que louvará o Senhor. Como é grande a misericórdia do Senhor e o seu perdão para com todos os que a Ele se convertem!

Livro de Salmos 32(31),1-2.5.6.7.
Feliz aquele a quem é perdoada a culpa e absolvido o pecado.
Feliz o homem a quem o SENHOR não acusa de iniquidade
e em cujo espírito não há engano.

Confessei-te o meu pecado e não escondi a minha culpa;
disse: "Confessarei ao SENHOR a minha falta"
e Tu me perdoaste a culpa do pecado.
Por isso todo o fiel te invoca no tempo da angústia.
E mesmo que transbordem águas caudalosas,
jamais o hão-de atingir.

Tu és o meu refúgio: livras-me da angústia
e me envolves em cânticos de libertação.

Evangelho segundo S. Marcos 10,17-27.
Quando se punha a caminho, alguém correu para Ele (Jesus Cristo) e ajoelhou-se, perguntando: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?» Jesus Cristo disse-lhe: «Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão um só: Deus. Sabes os mandamentos: Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não defraudes, honra teu pai e tua mãe.» Ele respondeu: «Mestre, tenho cumprido tudo isso desde a minha juventude.» Jesus Cristo, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele e disse: «Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me.» Mas ao ouvir tais palavras, ficou de semblante anuviado e retirou-se pesaroso, pois tinha muitos bens. Olhando em volta, Jesus Cristo disse aos discípulos: «Quão difícil é entrarem no Reino de Deus os que têm riquezas!» Os discípulos ficaram espantados com as suas palavras. Mas Jesus Cristo prosseguiu: «Filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.» Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: «Quem pode então salvar-se?» Fitando neles o olhar, Jesus Cristo disse-lhes: «Aos homens é impossível, mas a Deus não; pois a Deus tudo é possível

São Basílio (c. 330-379), monge
e bispo de Cesareia na Capadócia, Doutor da Igreja Homilia 7 sobre a riqueza; PG 31, 278
(a partir da trad. coll. Icthus, t. 6, p. 82 rev.)

«Ao ouvir estas palavras [...], retirou-se pesaroso.»
O caso do jovem rico e dos seus semelhantes faz-me pensar no de um viajante que, pretendendo visitar uma cidade, chega junto das muralhas, encontra aí uma estalagem, hospeda-se nela e, desencorajado pelos últimos passos que ainda lhe falta dar, perde o benefício das fadigas da sua viagem e acaba por não ir visitar as belezas da cidade. Assim são estes que cumprem os mandamentos, mas se revoltam com a ideia de perderem os seus bens. Conheço muitos que jejuam, rezam, fazem penitência e praticam todo o tipo de obras de caridade, mas não dão uma esmola aos pobres. De que lhes servem as outras virtudes?
Eles não entrarão no Reino dos Céus porque «é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus» (pelo seu apego aos seus bens, querendo levá-los para o além; quartando a liberdade de decisão aos que os substituem. Na realidade, todos são meros gestores dos seus bens. Não devem levar bens materiais para a sepultura; vão ter dificuldade em subir. Lá não lhes fazem falta; são deste mundo e só fazem falta aos que cá estão e enquanto cá estão). São palavras claras e o seu Autor não mente, mas raros são aqueles que se deixam tocar por elas. «Como viveremos quando estivermos despojados de tudo?» exclamam. «Que existência levaremos quando tudo for vendido e já não tivermos propriedades?» Não me perguntem qual é o desígnio profundo que está subjacente aos mandamentos de Deus. Aquele que estabeleceu as nossas leis conhece igualmente a arte de conciliar o impossível com a lei.

Livro de Eclesiástico 35,1-12.
Aquele que observa a Lei faz numerosas oferendas; oferece sacrifício salutar o que guarda os preceitos. Aquele que se mostra generoso oferece flor de farinha e o que usa de misericórdia, oferece um sacrifício de louvor. Fugir do mal é o que agrada ao Senhor e quem fugir da injustiça obtém o perdão dos pecados. Não te apresentes diante do Senhor com as mãos vazias porque todos estes ritos obedecem a um preceito. A oblação do justo enriquece o altar e o seu perfume sobe ao Altíssimo. O sacrifício do justo é aceitável, a sua memória não será esquecida. Dá glória a Deus com generosidade e não regateies as primícias das tuas mãos. Faz todas as tuas oferendas com semblante alegre, consagra os dízimos com alegria. Dá ao Altíssimo, segundo o que Ele te tem dado; dá com ânimo generoso, segundo as tuas posses, porque o Senhor retribuirá a dádiva, recompensar-te-á de tudo, sete vezes mais. Não procures corrompê-lo com presentes porque não os aceitará; não te apoies num sacrifício injusto, pois o Senhor é juiz e não faz distinção de pessoas.

Livro de Salmos 50(49),5-6.7-8.14.23.
"Reuni junto a mim os que me são fiéis,
os que selaram a Minha aliança com um sacrifício."
Até os céus proclamarão a sua justiça
porque Deus é quem julga.

"Escuta, meu povo, sou Eu quem vai falar;
Israel, vou testemunhar contra ti:
Eu sou o Senhor, teu Deus.
Não te repreendo por causa dos teus sacrifícios;
os teus holocaustos estão sempre na minha presença.

Oferece a Deus um sacrifício de louvor e cumpre
as promessas feitas ao Altíssimo.
Honra-me quem oferece o sacrifício de louvor;
a quem anda por este caminho
farei participar da salvação de Deus.

Evangelho segundo S. Marcos 10,28-31.
Pedro começou a dizer-lhe: «Aqui estamos nós que deixámos tudo e te seguimos.» Jesus Cristo respondeu: «Em verdade vos digo: quem deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou campos por minha causa e por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, no tempo presente, em casas e irmãos e irmãs e mães e filhos e campos juntamente com perseguições e, no tempo futuro, a vida eterna. Muitos dos que são primeiros serão últimos e muitos dos que são últimos serão primeiros (muitos dos primeiros cristãos serão dos últimos no Reino de Deus e muitos dos últimos tempos, serão dos primeiros no Reino de Deus).»

Tomás de Celano (c. 1190-v. 1260),
biógrafo de São Francisco e de Santa Clara Vida de Santa Clara, §§ 25-28
(a partir da trad. Vorreux, Documents, Eds. Franciscanas 1983, p. 615 rev.)

Deixar tudo para O seguir
Havia já quarenta anos que Clara, segundo a comparação utilizada por São Paulo (1Cor 9, 24), corria no estádio da grande pobreza. Ela aproximava-se da meta da sua vocação celeste e da recompensa prometida ao vencedor. [...] A Divina Providência apressava-Se a cumprir o que havia previsto para Clara: Jesus Cristo quer introduzir a pobrezinha no Seu palácio real no termo da sua peregrinação. Quanto a ela, aspirava com todo o arrebatamento do seu desejo [...] contemplar, reinando no alto em toda a Sua glória, o Cristo que imitara na Terra na sua pobreza. [...]
Todas as suas filhas estavam reunidas em torno do leito da mãe. [...] Dirigindo-se então a si mesma, Clara disse à sua alma: «Parte com toda a segurança, pois tens um bom guia para o caminho. Parte, pois Aquele que te criou também te santificou; Ele sempre te protegeu e amou com um amor terno como uma mãe ama o seu filho. Abençoado sejas, Senhor, Tu que me criaste!» Uma irmã perguntou-lhe a quem se dirigia ela. Clara respondeu: «À minha alma abençoada». O seu guia para o caminho não estava longe. Com efeito, voltando-se para uma das suas filhas, perguntou-lhe: «Estás a ver o Rei de glória que eu entrevejo?» [...]
Bendita seja a sua saída deste vale de misérias, uma saída que foi para ela a entrada na vida bem-aventurada! Em recompensa dos seus jejuns neste mundo, conhece agora a alegria que reina à mesa dos santos; em troca dos andrajos e das cinzas, entrou na posse da beatitude do Reino dos Céus onde está vestida com as vestes da glória eterna.

Livro de Eclesiástico 36,5-6.10-17.
Renova os teus prodígios, faz novos milagres, glorifica a tua mão e o teu braço direito, acende o teu furor e derrama a tua ira; destrói o adversário e aniquila o inimigo. Reúne todas as tribos de Jacob, toma-as como tua herança como no princípio. Tem piedade, Senhor, do teu povo, que foi chamado pelo Teu nome, e de Israel, que trataste como filho primogénito. Tem piedade da cidade do teu santuário, de Jerusalém, lugar do teu repouso. Enche Sião do louvor das tuas maravilhas e o teu povo com a Tua glória. Dá testemunho a favor daqueles que, desde o princípio, são tuas criaturas; leva a efeito as profecias, em Teu nome proferidas. Recompensa os que pacientemente esperam em Ti a fim de que os teus profetas sejam acreditados. Ouve, Senhor, a súplica dos teus servos, segundo a bênção de Aarão sobre o teu povo e todos sobre a Terra reconhecerão que Tu és Senhor, o Deus dos séculos.

Livro de Salmos 79,8.9.11.13.
Não recordes contra nós as faltas dos nossos antepassados;
venha depressa ao nosso encontro a Tua misericórdia.
Socorre-nos, ó Deus, nosso salvador, para glória do Teu nome;
livra-nos e perdoa-nos pelo amor do Teu nome.

Chegue junto de ti o gemido dos cativos e, pela grande força
do teu braço, salva da morte os que estão condenados.
Nós, que somos o Teu povo e ovelhas do Teu rebanho,
glorificar-Te-emos para sempre; de geração em geração.

Evangelho segundo S. Marcos 10,32-45.
Iam a caminho, subindo para Jerusalém e Jesus Cristo seguia à frente deles. Estavam espantados e os que seguiam estavam cheios de medo. Tomando de novo os Doze consigo, começou a dizer-lhes o que lhe ia acontecer: «Eis que subimos a Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei e eles vão condená-lo à morte e entregá-lo aos gentios e hão-de escarnecê-lo, cuspir sobre Ele, açoitá-lo e matá-lo. Mas, três dias depois, ressuscitará.» Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se d'Ele e disseram: «Mestre, queremos que nos faças o que te pedimos.» Disse-lhes: «Que quereis que vos faça?» Eles disseram: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda.» Jesus Cristo respondeu: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu bebo e receber o baptismo com que Eu sou baptizado?» Eles disseram: «Podemos, sim.» Jesus Cristo disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu bebo e sereis baptizados com o baptismo com que Eu sou baptizado; mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não pertence a mim concedê-lo: é daqueles para quem está reservado.» Os outros dez, tendo ouvido isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus Cristo chamou-os e disse-lhes: «Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas e como os grandes exercem o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo (pratique o serviço e não o poder) e quem quiser ser o primeiro entre vós (o chefe, rei, presidente, primeiro-ministro), faça-se o servo de todos (pratique o serviço e não o poder). Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos

Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria, Doutor da Igreja Comentário ao Diatessaron, 20, 2-7 (a partir da trad. SC 121, pp. 344 ss.)

«O Filho do Homem veio [...] para dar a Sua vida»
«Se for possível, afasta de Mim este cálice» (Mt 26, 39). Porque dizes como Simão Pedro: «Deus Te livre de tal, Senhor!» (Mt 16,22), Tu que agora dizes: «Se for possível, afasta de Mim este cálice»? Ele sabia bem aquilo que dizia ao Pai, que era possível o Pai afastar o cálice, mas viera bebê-lo por todos a fim de pagar com esse cálice a dívida que a morte dos profetas e dos mártires não pudera pagar. [...] Aquele que havia descrito a Sua condenação à morte nos profetas e que havia prefigurado o mistério da Sua morte pelos justos, quando chegou a altura de consumar essa morte, não Se recusou a bebê-lo. Se não tivesse querido bebê-lo, mas antes afastá-lo, não teria comparado o Seu corpo com o Templo nesta frase: «Destruí este Templo e em três dias Eu o reconstruirei» (Jo 2, 19); não teria dito aos filhos de Zebedeu: «Podeis beber o cálice que Eu bebo?» e ainda: «Tenho de receber um baptismo» (Lc 12, 50). [...]
«Se for possível, afasta de Mim este cálice». Ele diz isto por causa da fraqueza que adoptara, não fingida, mas real. Uma vez que Se fizera pequeno e tinha de facto adoptado a nossa fraqueza, temia e sentia-Se abalado na Sua fraqueza. Tendo revestido a forma humana, tendo adoptado a fraqueza, comendo quando tinha fome, cansando-Se com o trabalho, deixando-Se vencer pelo sono, tudo o que estava relacionado com a carne tinha de ser cumprido quando chegou a altura da Sua morte. [...]
Para trazer, pela Sua paixão, conforto aos seus discípulos, Jesus Cristo sente o que eles sentem. Ele tomou sobre Si o medo deles para lhes mostrar, pela semelhança da Sua alma, que não devem vangloriar-se a propósito da morte antes de terem passado por ela. Se, com efeito, Aquele que nada teme sentiu medo e pediu para ser salvo quando sabia que era impossível, quanto mais devem os outros perseverar na oração perante a tentação de dela serem libertados quando ela se apresentar. [...] Para dar coragem aos que temem a morte, Ele não escondeu o Seu próprio receio para que eles saibam que este medo não os leva ao pecado desde que não permaneçam nele. «Não, Pai, diz Jesus Cristo, mas que seja feita a Tua vontade»: que Eu morra para dar a vida à multidão.

Livro de Eclesiástico 42,15-25.
Relembrarei, agora, as obras do Senhor e anunciarei o que vi. Pelas palavras do Senhor foram realizadas as suas obras e segundo a Sua vontade realizou-se o Seu decreto. O Sol que brilha contempla todas as coisas; a obra do Senhor está cheia da Sua glória. Os santos do Senhor não têm capacidade para contar todas as Suas maravilhas que o Senhor omnipotente solidamente estabeleceu a fim de que subsistam na Sua glória. Ele sonda o abismo e o coração humano e penetra os seus pensamentos mais subtis. Realmente, o Senhor conhece toda a ciência e contempla os sinais dos tempos futuros. Anuncia o passado e o futuro e descobre os vestígios das coisas ocultas. Nenhum pensamento lhe escapa, não se esconde d'Ele uma só palavra. Dispôs em ordem os grandes feitos da sua sabedoria. Ele que existe antes de todos os séculos e para sempre. Nada se lhe pode acrescentar nem diminuir, nem necessita do conselho de ninguém. Quão amáveis são todas as Suas obras! E, todavia, não podemos ver delas mais que uma centelha. Estas obras vivem e subsistem para sempre e, em tudo o que é preciso, todas lhe obedecem. Todas as coisas vão aos pares, uma corresponde à outra e Ele nada fez incompleto. Uma contribui para o bem da outra e quem se saciará de contemplar a Sua glória?

Livro de Salmos 33(32),2-3.4-5.6-7.8-9.
Louvai o SENHOR com a cítara;
cantai-lhe salmos com a harpa de dez cordas.
Cantai-lhe um cântico novo,
tocai com arte por entre aclamações.

As palavras do SENHOR são verdadeiras,
as Suas obras nascem da fidelidade.
Ele ama a rectidão e a justiça;
a Terra está cheia da Sua bondade.

A palavra do SENHOR criou os céus
e o sopro da Sua boca, todos os astros.
Ele juntou as águas do mar como numa represa
e guardou as torrentes do Abismo nos Seus depósitos.

A Terra inteira adore o SENHOR,
louvem diante d'Ele os habitantes do mundo
porque Ele disse e tudo foi feito,
Ele ordenou e tudo foi criado.

Evangelho segundo S. Marcos 10,46-52.
Chegaram a Jericó. Quando ia a sair de Jericó com os seus discípulos e uma grande multidão, um mendigo cego, Bartimeu, o filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho. E ouvindo dizer que se tratava de Jesus de Nazaré, começou a gritar e a dizer: «Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim!» Muitos repreendiam-no para o fazer calar, mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem misericórdia de mim!» Jesus Cristo parou e disse: «Chamai-o.» Chamaram o cego, dizendo-lhe: «Coragem, levanta-te que Ele chama-te.» E ele, atirando fora a capa, deu um salto e veio ter com Jesus Cristo. Jesus Cristo perguntou-lhe: «Que queres que te faça?» «Mestre, que eu veja!» respondeu o cego. Jesus Cristo disse-lhe: «Vai, a tua fé te salvou!» E logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus Cristo pelo caminho.

São Gregório Magno (c. 540-604), Papa e Doutor da Igreja Homilias sobre o Evangelho n°2; PL 76, 1081
(a partir da trad. Luc commenté, DDB 1987, p.141 rev.)

«Ele gritava cada vez mais»
Que todo o homem que conhece as trevas que fazem dele um cego [...] grite a plenos pulmões: «Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim!». Mas ouçamos também o que se segue aos gritos do cego: «Aqueles que caminhavam à frente repreendiam-no para o fazer calar» (Lc 18, 39). Quem são eles? Eles estão ali para representar os desejos da nossa condição neste mundo; promotores de confusão, os vícios do homem e o seu tumulto que, querendo impedir a vinda de Jesus Cristo a nós, perturbam o nosso pensamento semeando nele a tentação e querem abafar a voz do nosso coração que ora. Com efeito, acontece frequentemente que a nossa vontade de nos virarmos de novo para Deus [...], o nosso esforço para afastar os nossos pecados através da oração, é contrariado pela sua imagem; a vigilância do nosso espírito afrouxa ao seu contacto, eles semeiam a confusão no nosso coração, sufocam o grito das nossas preces. [...]
Que fez então este cego para receber a luz mau grado estes obstáculos? «Ele gritava cada vez mais: 'Filho de David, tem misericórdia de mim!'». [...] Sim, quanto mais o tumulto dos nossos desejos nos acabrunhar, mais insistente deve ser a nossa prece. [...] Quanto mais abafada for a voz do nosso coração, mais vigorosamente ela deve insistir até se sobrepor ao tumulto dos pensamentos invasores e tocar o ouvido fiel do Senhor. Creio que todos nos reconheceremos nesta imagem: no momento em que nos esforçamos por desviar o nosso coração deste mundo para o reencaminhar para Deus [...], são muitos os importunos que pesam sobre nós e que temos de combater. É um enxame que o desejo de Deus tem dificuldade em afastar dos olhos do nosso coração. [...] Mas, persistindo vigorosamente na oração, deteremos no espírito Jesus Cristo que passa. Donde a narração do Evangelho: «Jesus Cristo parou e ordenou que o levassem até Ele» (v. 40).

Livro de Eclesiástico 44,1.9-13.
Louvemos os homens ilustres, nossos antepassados, segundo as suas gerações. Outros há, cuja memória já não existe; pereceram como se não tivessem existido, nasceram como se não tivessem nascido e da mesma maneira, os seus filhos, depois deles. Porém, aqueles foram homens de misericórdia, cujas obras de piedade não foram esquecidas. Na sua descendência permanecem os seus bens e a sua herança passa à sua posteridade. Os seus descendentes mantiveram-se fiéis à Aliança, os seus filhos também, graças a eles. A sua posteridade permanecerá para sempre e a sua glória não terá fim.

Livro de Salmos 149(148),1-2.3-4.5-6.9.
Cantai ao SENHOR um cântico novo;
louvai-O na assembleia dos fiéis!
Alegre-se Israel no seu criador;
regozije-se o povo de Sião no seu rei!

Louvem o Seu nome com danças;
cantem-lhe ao som de harpas e tambores!
O SENHOR ama o seu povo e honra
os humildes com a vitória!

Exultem de alegria os fiéis pelo triunfo
de Deus e cantem jubilosos em seus leitos!
Entoem bem alto os louvores a Deus.

Evangelho segundo S. Marcos 11,11-26.
Chegou a Jerusalém e entrou no templo. Depois de ter examinado tudo em seu redor, como a hora já ia adiantada, saiu para Betânia com os Doze. Na manhã seguinte, ao deixarem Betânia, Jesus Cristo sentiu fome. Vendo ao longe uma figueira com folhas, foi ver se nela encontraria alguma coisa; mas, ao chegar junto dela, não encontrou senão folhas, pois não era tempo de figos. Disse então: «Nunca mais ninguém coma fruto de ti.» E os discípulos ouviram isto. Chegaram a Jerusalém e, entrando no templo, Jesus Cristo começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; deitou por terra as mesas dos cambistas e os bancos dos vendedores de pombas e não permitia que se transportasse qualquer objecto através do templo. E ensinava-os, dizendo: «Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos? Mas vós fizestes dela um covil de ladrões.» Os sacerdotes e os doutores da Lei ouviram isto e procuravam maneira de o matar, mas temiam-no, pois toda a multidão estava maravilhada com o Seu ensinamento. Quando se fez tarde, saíram para fora da cidade. Ao passarem na manhã seguinte, viram a figueira seca até às raízes. Pedro, recordando-se, disse a Jesus Cristo: «Olha, Mestre, a figueira que amaldiçoaste, secou!» Jesus Cristo disse-lhes: «Tende fé em Deus. Em verdade vos digo, se alguém disser a este monte: 'Tira-te daí e lança-te ao mar’ e não vacilar em seu coração, mas acreditar que o que diz se vai realizar, assim acontecerá. Por isso vos digo: tudo quanto pedirdes na oração crede que já o recebestes e haveis de obtê-lo. Quando vos levantais para orar, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe primeiro para que o vosso Pai que está no céu vos perdoe também as vossas ofensas porque, se não perdoardes, também o vosso Pai que está no Céu não perdoará as vossas ofensas.»

São Jerónimo (347-420), presbítero,
tradutor da Bíblia, Doutor da Igreja Homilias sobre o Evangelho de S. Marcos, n°9
(a partir da trad. Marc commenté, DDB 1986, pp. 87ss.)

«Não façais da casa de Meu Pai um antro de comércio» (Jo 2, 16)
«Entrando no templo, Jesus Cristo começou a expulsar os que vendiam e os que compravam.» Alguns espantam-se com a ressurreição de Lázaro; ficam admirados com o facto de o filho de uma viúva ter ressuscitado. Outros ficam estupefactos com outros milagres. É certamente admirável tornar a dar vida a um corpo morto. Quanto a mim, fico mais impressionado com o acontecimento presente. Este homem, filho de um carpinteiro, um pobre sem morada fixa, sem sítio onde repousar, sem exército, que não era nem chefe nem juiz – que poder O autorizou a, [...] sozinho, expulsar uma multidão tão numerosa? Ninguém protestou, ninguém ousou resistir, pois ninguém ousou opor-se ao Filho que reparava a injúria feita a Seu Pai. [...]
«Ele começou a expulsar os que vendiam e os que compravam no templo.» Se isto foi possível entre os judeus porque não será, e com mais razão, entre nós? Se isto acontece no contexto da Lei, porque não acontece o mesmo no Evangelho? [...] Jesus Cristo, um pobre, expulsa os compradores e os vendedores que são ricos. Aquele que vende, é expulso do mesmo modo que aquele que compra. Que ninguém diga: «Eu ofereço tudo o que possuo, dou oferendas aos sacerdotes como Deus ordenou». Numa passagem de Mateus lemos o seguinte: «Haveis recebido de graça, dai de graça» (Mt 10, 8). A graça de Deus não se vende, dá-se.

Livro de Eclesiástico 51,12-20.
Por isso, eu Te glorificarei, cantarei os Teus louvores e bendirei o nome do Senhor. Quando eu era ainda jovem, antes de ter viajado, busquei abertamente a sabedoria na oração. Pedi-a a Deus, diante do santuário e buscá-la-ei até ao fim. Na sua flor, como uva sazonada, o meu coração nela se alegrou; os meus pés andaram por caminho recto desde a minha juventude tenho seguido os seus rastos. Apliquei um pouco o meu ouvido e logo a percebi; encontrei em mim mesmo muita sabedoria. Nela fiz grandes progressos. Tributarei glória àquele que me deu a sabedoria porque resolvi pô-la em prática; tive zelo do bem e não serei confundido. Lutou minha alma por ela e pus toda a atenção em observar a Lei. Levantei as minhas mãos ao alto e deplorei a minha ignorância acerca dela. Dirigi para ela a minha alma e na pureza a encontrei. Graças a ela, adquiri inteligência desde o princípio; por isso nunca serei abandonado.

Livro de Salmos 19,8.9.10.11.
A lei do SENHOR é perfeita, reconforta o espírito;
as ordens do SENHOR são firmes,
dão sabedoria ao homem simples.

Os mandamentos do SENHOR são rectos, alegram o coração;
os preceitos do SENHOR são claros, iluminam os olhos.
O Amor do SENHOR é puro, permanece para sempre.
As sentenças do SENHOR são verdadeiras, todas elas são justas.
São mais desejáveis que o ouro, o ouro mais fino;
são mais doces que o mel, o puro mel dos favos.

Evangelho segundo S. Marcos 11,27-33.
Regressaram a Jerusalém e, andando Jesus Cristo pelo templo, os sumos sacerdotes, os doutores da Lei e os anciãos aproximaram-se d'Ele e perguntaram-lhe: «Com que autoridade fazes estas coisas? Quem te deu autoridade para as fazeres?» Jesus Cristo respondeu: «Também Eu vos farei uma pergunta; respondei-me e dir-vos-ei, então, com que autoridade faço estas coisas: O baptismo de João era do Céu ou dos homens? Respondei-me.» Começaram a discorrer entre si, dizendo: «Se dissermos 'do Céu’, dirá: 'Então porque não acreditastes nele?’ Se, porém, dissermos 'dos homens’, tememos a multidão.» porque todos consideravam João um verdadeiro profeta. Por fim responderam a Jesus Cristo: «Não sabemos.» e Jesus Cristo disse-lhes: «Nem Eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.»

Santo Hilário (c. 315-367), Bispo de Poitiers e Doutor da Igreja A Santíssima Trindade, VII, 26-27

«Com que autoridade fazes estas coisas?»
Vem do Pai, este Filho que se Lhe assemelha. Vem d'Ele, este Filho que podemos comparar com Ele, pois Se parece com Ele. É Seu igual, este Filho que faz as mesmas obras que Ele (Jo 5, 19). [...] Sim, o Filho faz as obras do Pai e é por isso que nos pede para acreditarmos que Ele é o Filho de Deus. Ele não se arrogaria um título que não Lhe fosse devido; não é sobre as Suas próprias obras que Ele apoia as Suas reivindicações. Não! Ele dá testemunho de que não são as Suas obras, mas as de Seu Pai. E atesta assim que o brilho das Suas acções Lhe advêm do Seu nascimento divino. Mas como é que os homens poderiam ter reconhecido n'Ele o Filho de Deus, no mistério deste corpo que Ele tinha assumido, neste homem nascido de Maria? Era para fazer penetrar nos seus corações a fé n'Ele que o Senhor fazia todas estas obras: «Se faço as obras de Meu Pai, então, mesmo que não queirais acreditar em Mim, acreditai ao menos nas Minhas obras» (Jo 10, 38). [...]
Se a humildade do Seu corpo parece um obstáculo para crermos na Sua Palavra, Ele pede-nos para, pelo menos, crermos nas Suas obras. De facto, porque é que o mistério do Seu nascimento humano havia de nos impedir de compreender o Seu nascimento divino? [...] «Se não quiserdes acreditar em Mim, acreditai nas Minhas obras para saberdes e reconhecerdes que o Pai está em Mim e Eu no Pai». [...]
Tal é a natureza que Ele possui pelo nascimento; tal é o mistério de uma fé que nos assegurará a salvação: não dividir Os que são Um, não privar o Filho da Sua natureza e proclamar a verdade do Deus Vivo, nascido do Deus Vivo. [...] «Como o Pai que Me enviou, vive também Eu vivo pelo Pai» (Jo 6, 57). [...] «Como o Pai tem a vida em Si mesmo, também deu ao Filho a possibilidade de ter também a vida em Si mesmo» (Jo 5, 26).

Livro de Deuteronómio 11,18.26-28.32.
«Gravai, pois estas minhas palavras no vosso coração e no vosso espírito; atai-as aos braços como um símbolo, trazei-as como filactérias entre os olhos. Vede: proponho-vos hoje a bênção ou a maldição: a bênção, se obedecerdes aos mandamentos do Senhor, vosso Deus, que hoje vos prescrevo; a maldição, se não obedecerdes aos mandamentos do Senhor, vosso Deus, e vos afastardes do caminho que hoje vos indico para seguirdes deuses estrangeiros que não conheceis.» Cuidarás então de pôr em prática todas estas leis e preceitos que hoje ponho na tua frente.»

Livro de Salmos 31(30),2-3.4.17.25.
Em Ti, SENHOR, me refugio;
que eu nunca seja confundido.
Salva-me pela Tua justiça.

Inclina para mim os Teus ouvidos;
apressa-te a libertar-me.
Sê para mim uma rocha de refúgio,
uma fortaleza que me salve.

Tu és o meu rochedo e a minha fortaleza;
por amor do Teu nome, guia-me e conduz-me.
Brilhe sobre o Teu servo a Tua luz;
salva-me pela Tua misericórdia."

Tende coragem e fortalecei o vosso coração,
todos vós que esperais no SENHOR!

Carta aos Romanos 3,21-25.28.
Mas agora foi sem a Lei que se manifestou a justiça de Deus, testemunhada pela Lei e pelos Profetas: a justiça que vem para todos os crentes, mediante a fé em Jesus Cristo. É que não há diferença alguma: todos pecaram e estão privados da glória de Deus. Sem o merecerem, são justificados pela Sua graça, em virtude da redenção realizada em Cristo Jesus. Deus ofereceu-o para n'Ele, pelo Seu sangue, se realizar a expiação que actua mediante a fé; foi assim que ele mostrou a Sua justiça, ao perdoar os pecados cometidos outrora, pois estamos convencidos de que é pela fé que o homem (e a mulher) é justificado, independentemente das obras da lei.

Evangelho segundo S. Mateus 7,21-27.
«Nem todo o que me diz: 'Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu. Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não foi em Teu nome que profetizámos, em Teu nome que expulsámos os demónios e em Teu nome que fizemos muitos milagres?’ E, então, dir-lhes-ei: 'Nunca vos conheci; afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade (= não-equidade).’» «Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; mas não caiu porque estava fundada sobre a rocha. Porém, todo aquele que escuta estas minhas palavras e não as põe em prática poderá comparar-se ao insensato que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se e grande foi a sua ruína.»

São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense e Doutor da Igreja Sermões sobre o Cântico dos Cânticos, 61, 2-3
(trad. da ed. bilingue Leclercq, Roma, 1977/BAC, Madrid 1987)

Edificada sobre a rocha
Diz [o Esposo]: «Minha pomba nos buracos das rochas, nas cavidades dos penhascos, mostra-me o teu rosto e soe a tua voz aos meus ouvidos» (Ct 2, 14). (...) Alguém reconheceu nesses buracos as chagas de Jesus Cristo e com toda a razão, porquanto Cristo é uma rocha (1 Cor 10, 4). Felizes cavidades, ao afiançarem a fé na ressurreição e na divindade de Jesus Cristo! «Meu Senhor e meu Deus!» disse [S. Tomé, Jo 20, 28] e donde se inspirou esta exclamação senão dos buracos dessa rocha? Ali «fazem os pardais para si uma casa e as rolas um ninho para colocar as suas crias» [Sl 84 (83), 4]; ali se refugia a pomba e observa, intrépida, a ave de rapina que por ela voa em círculos. Por isso diz: «Minha pomba nos buracos das rochas» e a pomba: «Colocou-me no alto de um rochedo» [Sl 27 (26), 5] ou ainda: «assentou os meus pés sobre a rocha» [Sl 40 (39), 3].
O homem sensato edifica a sua casa sobre a rocha (Mt 7, 24) e não teme as investidas dos ventos nem as inundações porque qual é o proveito que não advém dessa rocha? Sobre ela me ergo eu [Sl 27 (26), 6], me sinto seguro e mantenho firme; seguro perante o inimigo, firme à vista da queda porque estou erguido acima da terra (Jo 12, 32) e tudo o que é da terra, é duvidoso e caduco. A nossa estirpe é do céu e não tememos nem cair, nem que nos derrubem porque a nossa rocha está no céu e nela toda a segurança que não falha. «Nos rochedos encontram refúgio os roedores» [Sl 104 (103), 18]. E onde poderá encontrar refúgio a nossa frágil constância se não for nas chagas do Salvador? Lá dentro posso habitar tanto mais seguro e confiante quanto maior é o Seu poder para me salvar. O mundo agita-se, o corpo oprime-nos, o diabo coloca-nos armadilhas: não caio porque me encontro fundado sobre rocha firme (Lc 6, 48); turba-se-me a consciência se cometo algum pecado grave, mas não se perturba porque me recordo das chagas do meu Senhor que «foi ferido por causa das nossas iniquidades» (Is 53, 5), pois o que haverá de tão mortífero que não tenha sido aniquilado pela morte de Jesus Cristo?

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